temos todo tempo do mundo

eu sei de todas as vantagens de andar de carro ou táxi, mas não deixo de me encantar com os ônibus. hoje peguei um micro ônibus, daqueles com ar-condicionado e música ambiente (o de sempre, pra vir pra são caetano). éramos eu, uma moça lourinha de uns 25 anos, um senhor e um rapaz de terno e gravata.

o motorista era uma graça, de óculos escuros e jeito de malandro, e colocou seus próprios CDs pra tocar no ônibus (que tem música ambiente, coisa fina). ele ouvia legião urbana, o primeiro disco, e eu como fã sabia todas as músicas de cor e fiquei distraída, cantando.

quando me dei conta, percebi que a menina do lado também cantava, baixinho, e o motorista cantava alto, sem a menor preocupação. senti uma coisa tão boa! passeando de ônibus ouvindo canções que eu adoro e com pessoas cantando junto. sinto uma emoção muito forte quando pessoas cantam juntas — acho que é mais ou menos como o efeito das orações nas missas. as vozes baixinhas, falando com elas mesmas, mas também falando com os outros e com seu deus.

pensava nisso e tocava “índios” — quem me dera ao menos uma vez / acreditar por um instante em tudo que existe / e acreditar que o mundo é perfeito / e que todas as pessoas são felizes

eu acreditei, e queria que aquela viagem não acabasse nunca.

0 comments to “temos todo tempo do mundo”
0 comments to “temos todo tempo do mundo”

Deixe um comentário