eu me rendo

parábola do homem comum / roçando o céu / um senhor chapéu / para delírio das gerais no coliseu / mas que rei sou eu (o futebol, chico buarque)

não vou dizer que tinha antipatia pelo pelé, pois não é verdade; a verdade é mais simples: eu nunca dei muita bola pra ele. gosto de futebol, vibro com jogadas legais, gols, etc — embora tenha problema pra assistir meu time jogar, eu sofro! — e nunca liguei pro pelé. achava aliás que era muito barulho por nada e fazia “nhé”.

ontem isso mudou: assisti “pelé eterno”, o filme. não vou entrar no mérito cinematográfico porque eu não entendo lhufas de cinema, sei lá se “o filme, a nível de cinema” é bom; fato é que me emocionei muitas vezes vendo aquelas jogadas sensacionais, a inteligência e criatividade do cara. acabado o filme eu entendi todos os louros que ele recebeu na vida e acho mais que merecidos: ele é genial. todas as jogadas são lindas, mesmo as que não dão certo, a bola parece que gruda nele, é inexplicável!

dou o braço a torcer, o cara é muito foda. eu não entendia muito bem as expressões “gol de placa” ou mesmo a brincadeira do gol ser “uma pintura”, mas agora entendo as metáforas. o conceito de aura se aplica perfeitamente às cenas que vi ontem. há um quê de místico naquelas jogadas, que aliás se mostra na reação da platéia dos jogos. era uma alegria e emoção tão grandes que extrapolam o momento da partida; nós aqui, 40 anos depois, vibramos junto com a arquibancada.

e eu — que sempre achei o pelé um cara meio bobão com a bizarra mania de se referir a ele mesmo na terceira pessoa — me rendi, sim. ele é o rei da bola.

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