e falando em dia da mulher…

semana passada eu ia pra terapia no fim do dia, felizinha, e o marido liga avisando: “baby, tem jogo do são paulo, e — você sabe *hehehe* — são paulo é o brasil na libertadores, eu vou assistir com o povo do trabalho. vamos?”.

que dúvida cruel… bar, homens vendo futebol, e nem é meu time jogando. o que eu fiz? fui lá, afinal eu estava com o carro, tava com saudade e tive uma certa curiosidade antropológica, confesso. mas nada do que eu pudesse ter pensado se compara ao que aconteceu.

cheguei ali numa das esquinas mais movimentadas do quadrilátero gay, mas o local é bofíssimo e “point” de gringos (não vou citar nome pra não fazer propaganda, mas vocês sabem onde é, né?). um segurança gorducho e de mau humor me dá uma comanda e me olha da cabeça aos pés e eu entro já um pouco tensa.

as únicas mulheres do local eram as garçonetes, todas com cara e roupinha de domésticas e adorando ser cantadas e bolinadas por gringos bêbados. não percebendo presenças femininas relevantes nas imediações me senti ameaçada e corri pro colo do marido, que estava no meio de dúzias de homens com camisas do time, gorrinhos do time e copos de cerveja nas mãos.

sentei no balcão, exatamente atrás das costas dele, escondida. olhei melhor ao redor e vi muitos homens feios: gordos com ternos deselegantes; nerds com roupas horríveis; bonitinhos disfarçados de guardadores de carro e assim vai. agarrei mais ainda o braço e me concentrei na TV, esperando o tempo passar. ele me diz “ali no balcão tem umas coisinhas de comer, amore, com pãozinho… aproveita e janta”. ok, lá fui eu pegar meu pratinho; tinha frango com curry e linguiça frita. pulei a linguiça e peguei um pouco do frango (cor indefinida, o local mal tinha luz para ver o rosto das pessoas) e pão, fui pro local seguro. primeira garfada e quase morro engasgada: pra que tanta pimenta? pra que tanto sal?! por que homens têm mania de sal, meu deus? e isso é JANTAR?

ok. 2 litros de coca-cola depoi, resolvo pedir alguma coisa do cardápio mesmo, afinal a fome apareceu. pedi uma torta de frango com champignons (que era boa, mas salgada que só o diabo) que foi devidamente devorada pelo marido, claro. eu fiquei ali, bisonha, caçando os franguingos e cogumelos na torta enquanto desviava dos perdigotos dos torcedores enfurecidos.

completando o cenário do inferno, tinha um gringo bêbado atrás de mim. o fulano torceu contra o são paulo o tempo todo, irritando os brasileiros que, de vingança, vinham atormentá-lo quando o time da casa fazia gol. imaginem minha situação: quando o são paulo perdia eu ficava ouvindo o gringo fazendo fusquinha e falando merda; quando o são paulo ganhava eu era cuspida e gritada junto com o gringo, graças à proximidade física.

a coisa toda já estava ruim o suficiente enquanto estava “the strongest 3 x 2 são paulo”, mas sempre pode piorar. veio o gol do empate no último minuto, e a macharia toda do bar se virou na minha (do gringo) direção, urrando, pulando, se balançando e ameaçando de boca aberta. por longos segundos me senti no discovery channel, naqueles momentos de ataques de grupos de babuínos enfurecidos e quase fiz xixi na calça.

quando o fôlego dos trogloditas acabou, agarrei o braço dele, tremendo, e pedi: “amor, eu preciso ir prum shopping ver vitrines, urgente; estou com overdose de testosterona!!”. ele riu muito, achou que era piada e ignorou meu pedido (não era).

adotei então a estratégia do desespero: “vamos embora porque eu tou com dor de cabeça?”, e fomos. pedi pra parar na farmácia (aspirina, sabe como, sempre falta) e fiquei ali na seção de cosméticos, xampus e esmaltes, recuperando as forças da progesterona. aos poucos, senti o mundo voltar a fazer sentido e fomos embora.

**

e aqui entre nós: o que é um time de futebol boliviano que se chama “the strongest”?! só homem mesmo…

0 comments to “e falando em dia da mulher…”
0 comments to “e falando em dia da mulher…”
  1. Rir? mas não era pra ser engraçada.. a situação era horrivel, o local era horrivel, tudo era horrivel, e a unica coisa boa pra zel tava prestando atenção apenas na TV. As vezes eu fico impressionado como uma mulher pode não virar lesbica.. todoo o perfume de uma mulher, o sabor do batom, a boca, macia e umida por causa do gloss, sem nenhuma barba ou bigode pra ficar raspando, sem manias de frequentar locais com comidas porcas, em locais porcos, sem mijar fora do vaso, bla bla bla.. mulher é tão idiota por gostar de homens O.o se eu fosse gay, acho que seria um gay que fica com mulher, porque homem é horrivel >Rir? mas não era pra ser engraçada.. a situação era horrivel, o local era horrivel, tudo era horrivel, e a unica coisa boa pra zel tava prestando atenção apenas na TV. As vezes eu fico impressionado como uma mulher pode não virar lesbica.. todoo o perfume de uma mulher, o sabor do batom, a boca, macia e umida por causa do gloss, sem nenhuma barba ou bigode pra ficar raspando, sem manias de frequentar locais com comidas porcas, em locais porcos, sem mijar fora do vaso, bla bla bla.. mulher é tão idiota por gostar de homens O.o se eu fosse gay, acho que seria um gay que fica com mulher, porque homem é horrivel ><

Deixe um comentário