eu amo esse slogan, mesmo sendo tão contraditório na condição de propaganda de refrigerante. tenho visto bastante TV por conta das “horas de repouso” e é impressionante como tem gente retardada trabalhando na TV. é a ode aos retardados, eu fico boquiaberta ouvindo frases sem sentido, idéias (?) desconexas e falta de vocabulário crônica. geralmente não consigo assistir mais de 5 minutos, mas é suficiente pra escrever sobre o assunto.
não sei quando foi, me deparei com o supla no sofá com duas moças lindas, magérrimas, brancas e uniformizadas: sapatos de salto preto, jeans justíssimos e blusinha sem manga preta. ambas com várias tatuagens nos braços, aquela coisa super descolada. e o supla é o supla, dispensa apresentações.
a atitude, gestual, vocabulário e “idéias” das duas moças me deixaram deprimida. elas parecem saídas de uma linha de montagem de aviões-de-parque-de-diversão: lindos, mas somente para menores de 12 anos. vozes pastosinhas, comentários inúteis, trejeitos idênticos, parecem as noivas do drácula. show de horror.
é cruel: somente aqueles modelitos da TV têm direito a fazer sexo, ir à praia, sair “pra balada” e ser feliz sem serem olhadas como um ET. quem são elas? escolha o seu sabor preferido das “escravas da beleza”: loura-siliconada; morena-malhada; modelo-esquelética; ruiva-ninfomaníaca (todas com menos de 30 anos, óbvio. se tiver mais, tem que parecer menos). e quanto a nós outras, fora deste padrão, que temos barriguinha, estamos deixando o cabelo crescer ou esquecemos de depilar? já pra casinha, xô, vão lá pro fundo, ninguém quer ver essas coisas nojentas procriando ou mesmo fazendo festinha. xô!
poucos dias atrás vi o excelente documentário eternamente sexy (traduzido pela dani, aliás) que trata da sexualidade de mulheres idosas (após os 60 anos, acho eu). o programa é lindo e eu chorei como criança quando ele acabou. não que ele seja triste, muito pelo contrário, é vigoroso e pra cima, mostra mulheres poderosas do alto dos seus 60, 70 e 80 anos, um exemplo. o que doeu, acho, é me ver ali nessa mesma situação, seja com 30 ou 70 anos: como é difícil viver e ser feliz fora do padrão!
uma das mulheres fala claramente sobre a dificuldade de se permitir ter sexualidade e gozá-la (ops) estando fora do padrão. peraí, que eu conheço essa história! ou será que sou só eu que fico sublimando meu tesão quando estou me achando “fora do padrão de qualidade”? e quando a idade chegar de vez, mesmo, quando dobrar o cabo da boa esperança? eu não quero viver uma vida de me adequar pra conseguir ser feliz. acredito sim que é importante cuidar do corpo, mas a pergunta é pra quê?
não conheço ninguém que admita que malha ou faz tratamentos estéticos ou dieta ou se tatua simplesmente pra se enquadrar, pra sair do time dos “feinhos-e-esquisitos-do-fundão”. todo mundo sempre tem aquelas respostas prontas tipo “ah, eu me exercito pra ser mais saudável” ou “ah, meu médico mandou” ou quantas coisas quiser colocar aqui. as atrizes todas fazem plástica para “aparecer bem no vídeo” (até porque se não fizerem elas não aparecem mais no vídeo).
fiz minha primeira tatuagem numa época em que ainda não era moda ter tatuagens; eu tinha 15 anos. com 14 anos eu tinha 8 furos nas orelhas, muitos feitos em casa mesmo, simplesmente porque eu achava legal. nem sabia o que era “piercing”. meus motivos? exibição do meu corpo, pura e simples e certamente um desejo de deixar claro que eu era diferente do que via ao meu redor. sempre gostei de viver em grupo, ou melhor, em grupos, mas nunca consegui pertencer a um grupo só. eu era “CFD bagunceira” e ainda sou “briguenta legal”. não gostava de me sentir enquadrada e nem rotulada — ainda não gosto, vivo fugindo das definições. não gosto de ser “a pisciana” e nem “a de cabelo vermelho”, por isso mesmo (reparem), estou sempre mudando. não sou um monolito, cáspita!
ontem me peguei pensando “não quero mais fazer tatuagens, nem piercings, NADA”. fiquei me perguntando se estou ficando velha mas percebi que não: o mundo é que tá ficando “setorizado” demais e já tem gente me colocando numa prateleira do setor. não me identifico com as mongas-de-tatuagem e muito menos com as demais categorias apresentadas. de novo, percebo que estou indo na contramão há alguns anos, levando meu corpinho volumoso e tatuado de volta ao tempo em que mulheres davam valor a si mesmas, nos seus guetos, ao invés de se transformarem num bando de hienas histéricas pelas TVs, boates e bares da vida.
vou ali costurar com a paula ou tricotar com a beth ou cozinhar com a minha mãe, sabe. quem sabe com 40 ou 50 anos eu resolva retomar as tatuagens.
Eu ainda insisto e assisto assim meia hora de tevê. Mas só os enlatados americanos, que se é pra não pensar, que seja com alguma coisa que faça sentido e não cometa erros absurdos de português.
E vamos, meu bem. porque viver nesse mundo de esqueléticas sem neurônios também não é pra mim. ainda descubro o pecado que estou pagando e vou embora deste planeta.
afinal, eu sou careta, tia, chata e tenho 95 anos. piercings e tatoo free.
amoooooor, lá vou eu pro rio. te ligo na volta. saudadeeeeeeeeeeeeee!
(cuidem das gargantinhas aí, hein? beijo nos dois)