para as pessoas bem resolvidas

eu sempre acho que sou bem resolvida até aparecer alguma coisa esquisita no horizonte. o diabo é que sempre aparece alguma coisa no horizonte, não existe pra mim essa história de eu achar que tudo está muito bem, obrigada, a meu respeito.

tem gente que vai dizer que é a danada da lua em sagitário ou bicho carpinteiro (posso ouvir minha mãe dizendo isso…) mas eu digo que isso se chama SENSO DE NOÇÃO. essa é uma qualidade escassa na humanidade de forma geral e, tendo a acreditar, ainda mais escassa nas mulheres e nos jovens. o senso de noção, infelizmente, é uma qualidade que flutua: a gente pode ter bastante num determinado momento da vida e simplesmente perder em outro.

atualmente eu ando assim: completamente surtada, estressada, cansada, sem paciência, com dificuldade de mudar hábitos ruins. meus textos por aqui não dão a dimensão do quanto eu tenho estado irritada comigo mesma e com vontade de matar boa parte da humanidade, acreditem em mim. acho até que meus textos têm servido como forma de exercitar uma certa paciência que ao vivo e em cores eu realmente não tenho.

mas, em contrapartida, o meu senso de noção anda firme e forte: consigo me perceber claramente, entendo cada reação, sei dos meus problemas e desejos. sei o que me move, o que me incomoda e o porquê. acho que os anos de terapia cognitiva me ensinaram a me entender melhor, o que é bom, mas não adianta muito se não há a mudança. ainda não consegui iniciar o movimento que vai me tirar desse lugar incômodo. por enquanto eu fico aqui só me observando e passando raiva. já passei da etapa de não me perceber mas nem sempre consigo agir, fico feito uma carola boba esperando um milagre acontecer.

quando olho pra fora de mim, a raiva aumenta. a quantidade de pessoas sem nenhum senso de noção que existe por aí é assustadora. eu reparo na fila na farmácia, do cinema, nos restaurantes e, com muito mais riqueza de detalhes, nos blogs. tem coisas que eu leio por aí (blogs, comentários, etc.) que me irritam muito, as pessoas não percebem o quanto elas são transparentes, como o oposto do que elas dizem grita nas entrelinhas dos textos.

e é aí que eu queria chegar: conseguir entender o que dizem suas próprias entrelinhas é um trabalho árduo e doloroso. exige empenho e desejo real de se conhecer e melhorar. todo mundo tem problemas, sofre, se sente só e triste, às vezes. não conheço outra forma de deixar de sofrer senão mudando de atitude, e saber ler a si mesmo torna mais fácil essa mudança. lembrei de uma coisa que acho que foi a fal que escreveu: o ignorante não é mais feliz, não, ele só não sabe o motivo da tristeza.

ser infeliz e não saber o porquê é muito triste. tenho pena das pessoas equivocadas, que repetem continuamente os mesmos erros e que continuam achando que o mundo e os outros é que estão errados. tenho pena dessas mulheres que dão recados e conselhos para os homens, achando que os problemas de relacionamento estão todos neles (já repararam que homens não ficam tentando nos dar conselhos sobre como agir com eles? por que será?). tenho pena de mim mesma quando fico empacada achando que alguma mágica vai acontecer e eliminar as complicações que eu mesma criei para minha vida.

vocês vão me achar louca mas eu leio e releio meus textos e emails dezenas de vezes depois de publicados ou mandados. faço uma análise minuciosa e tenho surpresas (boas e ruins) com freqüência. eu escrevo para os outros, é claro, mas acabo sempre mandando também recados pra mim mesma. quem me dera ouvir um pouco mais a mim mesma sempre!

acho que ser ou estar bem resolvido é conseguir ler e entender as próprias entrelinhas, sim, mas não só isso, e esse é meu recado pra hoje: é preciso perceber de uma vez por todas que só se tem o poder de mudar uma pessoa neste mundo inteiro: você mesmo. (e esse recadinho pra mim mesma, escrito desse jeito, não vai ter jeito de ignorar, damn it :))

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  1. Nossa o primeiro a comentar, que legal. Falou tudo zel, e com isso calou muita gente, e vou deixar que o maravilhoso Luiz Fernando Veríssimo com seu texto fale por mim:

    FALECIMENTO

    “Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito: “Faleceu ontem a pessoa que impedia seu crescimento na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes”.

    No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava bloqueando seu crescimento na empresa.

    A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório.

    Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:

    – Quem será que estava atrapalhando o meu progresso?

    – Ainda bem que esse infeliz morreu!

    Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam o defunto e engoliam em seco. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma.

    No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo…

    Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: Você mesmo! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo.

    “SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU (SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA…QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA.”

    O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos.

    A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença.”

  2. (comentário porcamente escrito pela fernanda apagado)

    Fernanda, querida: coloque o recado pra Natasha no seu blog. Você tem direito de dar opinião sobre mim e sobre quem quiser, mas no seu espaço, que tal?

    Não vou dar espaço pra você, primeiro porque não te conheço e segundo porque você não sabe pontuar nem escrever direito, seu texto é feio.

    Thanks!

    Zel

    pra quem quiser entrar em contato com a fernanda: fernandaferret@ig.com.br (se é que é verdadeiro…) UPDATE: o email é falso, desencanem.

  3. mas pra não matar vocês de curiosidade, vou parafrasear a menina aí de cima (25 anos, moradora de florianópolis) melhorando o português. ela disse mais ou menos isso:

    – que eu sou grosseira e dou respostas emocionais

    – que tenho “um lance forte de ego”

    – que detalho quase tudo na vida, feito adolescente (e dá uns exemplos que mostram que ela acompanha todo dia)

    – que quando as pessoas escrevem mal mas não discordam ninguém aqui reclama

    – que os meus amigos só me elogiam e nunca me criticam

    – que somos aqui neste blog uma comunidade de motoqueiros (panelinha, em outras palavras)

    – que eu falo mal de mulher de 40 que usa minissaia e tenho piercing

    – que eu tenho uma tatuagem enorme e que depois vai ficar horrível

    – que falo mal de adolescentes e quero ter filhos

    – que eu devo ser petista

    fernanda, vai ali no blog da paula, “talk to the hand”. você não entende nada de nada, vai procurar sua turma, que não é essa aqui.

  4. dan, isso aí é a primeira coisa que a gente aprende quando faz terapia e é absolutamente verdade. eu trabalho com melhoria de processos na área de TI (onde a auto-percepção individual é quase inexistente) e um dos maiores problemas é justamente as pessoas e empresas perceberem que não adianta a mudança vir de cima pra baixo ou de fora pra dentro. se o indivíduo não quer mudar, meu amigo, não rola. fica aquele clima de papinho de corredor e almoço, todo mundo tirando sarro nas iniciativas muitas vezes bem intencionadas do RH, uma palhaçada. e nada muda.

  5. Querendo trazer um pouco de alegria e bom humor:

    Zel, cê já viu o show da HBO do Lewis Black? Se não viu, minha santa, recomendo. É engraçadíssimo, inteligente, ótimo pra levantar o astral. Deve haver em DVD em algum lugar. Um santo remédio para esses dias de stress e pouca paciência. Alugue, compre, assista, e chore de rir.

  6. Zel,

    Comento post em raríssimas ocasiões. E quase sempre se conheço pessoalmente quem escreveu. Porque? Cada um com a sua esquisitice, oras.

    🙂

    Pois bem, traí minha própria regra apenas porque acho que está moça estranha vai voltar por aqui e peloamordosenhor este texto não é, nunca foi nem nunca será do Luis Fernando Veríssimo. Não gosto de ver os outros passarem vergonha, sabe?

    Tsc.

    No mais, leio sempre teus escritos. As vezes gosto muito, as vezes médio. Normal. Mas sempre me admiro da delicadeza com que tratas de pequenices diárias. E do jeito que te derramas generosa nos textos. É coisa boa, oras. E quem não gosta, que vá lavar uma louça ou tirar sobrancelha ao invés de atucanar a vida dos outros. Oras.

    E só para terminar (não que alguém tenha me perguntando): Odeio gente que não apanhou quando era criança.

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