aproveitando enquanto o trabalho não me afoga

é engraçado: eu não perco mais muito do meu tempo pensando em problemas. é verdade que a santa-fluoxetina ajuda e muito (aleluia a ela!), mas acho que tem um pouco de mim mesma nisso, sim. o tempo passa e a gente percebe que certas coisas realmente não têm importância.

tem coisas que eu posso resolver, sim, e eu faço tudo o que for necessário pra resolver. pra isso eu precisei entender uma coisa que a maioria das pessoas que eu conheço ainda não percebeu: a causa da maior parte dos problemas é ninguém menos que você mesmo. enquanto eu não percebi isso, fiquei gastando energia brigando, discutindo e criticando os outros. obviamente não adiantou nada e só me irritou. quando eu percebi a questã, passei a gastar muito menos energia me resolvendo comigo e, voilá!, as coisas se resolveram. acreditem, não é coincidência. quando você muda sua atitude, tudo ao seu redor se modifica imediatamente.

e aí tem as coisas que eu não posso resolver. essas, na verdade, não são problemas. pelo menos não problemas meus. quando a questão me afeta mas eu não posso fazer nada, procuro contornar e sobreviver como dá. quando a questão não me afeta mas afeta alguém que é importante pra mim, eu fico por ali, esperando pra ver se a pessoa pede ajuda. porque tem outra coisa que eu aprendi a duras penas: não se deve ajudar quem não quer ajuda. faça isso e você certamente vai se arrepender, pois a pessoa vai dizer (com toda a razão do mundo) “quem mandou você se meter na minha vida? eu pedi alguma coisa?”

eu demorei a perceber que existe uma coisa como ciclo de vida da mudança. aprendi isso empiricamente, mas semana passada essa idéia apareceu num diagrama de um curso que fiz (técnico) e eu adorei ver que minha “descoberta” é na verdade uma teoria pra lá de conhecida, me deu um certo conforto. o que eu chamo de ciclo de vida da mudança (no que diz respeito à reação do indivíduo diante dela) apresenta as seguintes fases:

– negação: “isso não está acontecendo. eu não quero mudar nada. eu não tenho problema, os outros é que têm problemas!”

– raiva: “por que isso tem que acontecer logo comigo? alguém tá contra mim!”

– barganha: “e se eu fizer tal coisa, será que conserta? e se eu tivesse feito as coisas diferente?”

– depressão: “não aguento mais. acabou tudo, não vai ter saída!”

– teste: “e se eu fizer isso ou aquilo? e se eu tentar fazer X ou Y? e se…?”

– aceitação: “a vida continua, afinal, vamos adiante…”

todos os auto-diálogos são meus e não são lá essas coisas, mas é pra tentar passar a idéia. procurando pelo assunto, você sempre vai encontrar essas fases relacionadas à perda, à morte. mas, como bem explicou nosso instrutor na semana passada, toda mudança não é de certa forma a morte de uma idéia ou um contexto? temos que deixar pessoas, idéias e coisas pra trás e isso é sempre difícil.

voltando ao que eu dizia antes: a coisa pega quando a gente se vê numa situação de mudança (que nem sempre é opcional) e não consegue sair da fase da negação ou da raiva. se a questão é individual, o problema só se resolve quando a gente percebe e muda, por nossa conta. mas tem gente que, por não conseguir fechar esse ciclo, fica estagnada emocional, profissional ou sentimentalmente. esse é o tipo de problema que outros não podem resolver. o máximo que podemos fazer é ter paciência e procurar ficar à margem, caso o outro peça ajuda, ou ir cuidar da vida, se a coisa se repete continuamente.

confesso que já fui daquelas que adota problemas dos outros pra si mesma e só se ferra (me ferrei MUITO por isso); também já fui daquelas que já não tenta mais resolver os problemas dos outros mas fica super-mal por causa deles. certa ou errada, hoje em dia eu resolvo os meus problemas (o que já dá bastante trabalho) e só me meto em problema alheio se for explicitamente chamada. que ninguém jamais espere de mim ajuda que não foi pedida.

até porque, no meio desses aprendizados todos, também passei pelo mais difícil deles: aprender a pedir ajuda ao invés de achar que eu sou super-mulher ou esperar que as pessoas adivinhem o que eu preciso.

acredito que perceber que é você quem precisa mudar e não o mundo, tanto quanto saber pedir ajuda fazem parte da entrada na vida adulta. estou muito feliz com essa mudança em mim mesma (obviamente depois de passar por todas as fases descritas acima :D) e fico triste vendo tantos adultos que não viraram adultos ainda.

há quem ache que virar adulto é ruim e faz de tudo para se manter “com espírito de criança”. isso, desculpe a franqueza, é a pura negação. tornar-se adulto não quer dizer pagar contas, ser prático, chato ou não se divertir. ser adulto tem muito mais a ver com perceber que não há ninguém manipulando nem controlando sua vida além de você mesmo. não adianta mais colocar a culpa no irmão, pai, mãe, professora ou no vizinho: seus problemas são SEUS e VOCÊ vai ter que resolvê-los.

há quem ache essa parte a má notícia. pois eu confesso que é justamente dessa parte que eu gosto 🙂 (acusada control freak!)

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  1. então anote aí o raciocínio mágico da mãe da sheila: “nem tudo na vida são problemas. existem os problemas, e os fatos. problema é tudo o que cabe a você resolver ou influenciar de alguma forma para que seja resolvido. o restante, são fatos: e fato não dá para “resolver”… logo, considere os danados e gaste sua energia no lugar certo: pensando e resolvendo o que é problema!

    got it? beijo, sheila 🙂

  2. o ursinho falou preu vir ler sue post e eu vim.

    querida, preciso de ajuda. preciso de orações e boas energias enviadas por amigos pedindo pra que tudo dê certo. (não vou explicar aqui num espaço aberto o que é, mas se vc quiser saber posso te mandar um mailzinho ou vc pode perguntar pro ursinho, tá?)

    beijos querida!

  3. olha, deve ter um ou 2 anos que entrei na minha fase adulta.

    é mais difícil, mas não impede que a sensação de exatamente ter “as rédeas” da sua vida nas suas mãos seja magnífica!

    mais ou menos assim: ser responsável pelos meus acertos E pelos meus erros também. e deixar tudo isso fazer parte de mim mesma. ninguém aqui é mr. ou mrs. perfect. esse é o grande barato…

    abraços!

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