aperto o 12 que é o seu andar
não vejo a hora de te encontrar
e continuar aquela conversa
que não terminamos ontem ficou pra hoje
estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
seu all star azul combina com o meu preto de cano alto
se o homem já pisou na lua, como eu ainda não tenho seu endereço?
o tom que eu canto as minhas músicas para a tua voz parece exato
(all star, nando reis)
não sou super-fã do nando reis, mas gosto. essa não é a música dele que mais gosto, tampouco, mas ela tem algo que me toca muito e nunca soube o porquê. descobri hoje, quando a ouvi no carro, ali na 23 de maio: como é maravilhoso o encanto da descoberta do outro!
você se lembra de como é delicioso conhecer alguém especial — e não estou falando de namorado/a nem nada parecido, falo de conhecer pessoas especiais — que te faz sentir apaixonado? aquela pessoa que você por algum motivo acha bonita, interessante, que dá vontade de ligar sempre pra ela e saber o que ela acha de alguma coisa que você acabou de pensar?
todos os encontros são curtos demais e mesmo as discordâncias são interessantes. você se encanta com o que ainda não sabe sobre ela, com histórias de infância e aquele enfeite legal que a pessoa tem na sua casa. uma caneta que ela usa e é gostosa de escrever seu nome (e você escreve no guardanapo, pra testar, como se fosse de novo adolescente), uma música em comum, enfim, qualquer coisa que ligue você àquela maravilha que é o outro. você se descobre enquanto conta aquela história antiga mas que essa pessoa ainda não conhece. você delira quando o outro ri daquela sua piada de sempre e quando acha bonito seu cabelo dessa cor.
eu não sei quanto a vocês, mas eu me apaixono pelas pessoas, não importa o quanto elas possam vir a ser mais que amigos ou amigas. me apaixono pelas vozes, histórias, pelo jeito como falam e andam. posso me lembrar do dia em que me apaixonei por vários dos meus amigos. lembro de como queria vê-los, estar com eles, ouvir suas vozes e descobrir tudo o que havia pra saber sobre eles. é como um vício, um vinho bom que a gente quer tomar até a última gota.
quando estou muito de saco cheio de alguém — porque a paixão acaba,sempre, e ficam outros sentimentos; além disso, as pessoas sempre acabam nos irritando eventualmente — tento reviver aqueles momentos de encantamento e lembrar que nossos sentidos se acostumam com tudo: com o que é bom e ruim. deixamos de ver o que é extraordinário, com o tempo.
o que me fez lembrar de outra música, que não tem nada a ver com essa, mas que tem a ver com ver e deixar de enxergar. olá de volta, amigos, e que não nos acostumemos com nada e ninguém a ponto de deixar de perceber todos os pequenos milagres.
o pintor paul gauguin amou a luz da baía de guanabara
o compositor cole porter adorou as luzes na noite dela
a baía de guanabara
o antropólogo claude levy-strauss detestou a baía de guanabara
pareceu-lhe uma boca banguela
e eu, menos a conhecera, mais a amara
sou cego de tanto vê-la, de tanto tê-la estrela
o que é uma coisa bela?
o amor é cego, ray charles é cego, stevie wonder é cego
e o albino hermeto não enxerga mesmo muito bem
(o estrangeiro, caetano veloso)
Zel, first: muito bom o Karnak ali embaixo, ouvi hoje de manhã e passei o dia cantando “a gente escuta nosso coração…” baixinho e sorrindo comigo mesma. Lembrando de outro tempo, gostando de viver este tempo…abrilhantou meu dia.
Quanto aos amigos, fico feliz de ver que não estou sozinha nessa coisa da paixão pelo outro. Eu sou casadíssima e as pessoas ficam chocadas quando eu digo que amo, ou estou apaixonada por outra pessoa, um homem, uma mulher, porque estranham essa coisa de que amizade tem paixão, fidelidade, amor, às vezes acaba, às vezes dura pra sempre… que satisfação de ler o que eu sinto, mas dito por outra pessoa
beijinho, boa segunda feira.
Zelzinha, como sempre, você acertou na mosca! 🙂
Bom saber que eu não sou a única maluca, porque você sabe, eu estou apaixonada por você e já faz tempo!
Abraços…
meninas,
que legal que não sou a única que se sente assim… saibam que me apaixono por cada um de vocês que entram na minha vida, mesmo que seja só através aqui desse espaço. acho que são os mistérios do outro que nos mantém alertas e sempre prontos pra uma nova paixão 🙂
beijocas!
Parabéns pelo texto. Saíram algumas lágrimas aqui no canto dos olhos, pois a identificação imediata com o que você escreveu me fez reviver algumas situações de minha vida. E realmente, amigos são essas pessoas que nos acompanham nos bons e maus momentos, que nos suportam nos piores momentos de nossa chatice, e sempre nos fazem perceber que vale a pena, e muito, amar o próximo.
zel, este seu post lindo me remeteu imediatamente a Vinicius, o filme.
e por falar em pessoas especiais, você sabe que, para mim, você é uma delas.
Beijão!!!
zé, você também, é alguém que nunca encontrei cara a cara mas que mudou muitas coisas na minha vida. e saiba que você tem outro fã aqui em casa, viu? 🙂 beijos!