descobri há pouco tempo, andando pela livraria, esse livro com título estranho: tamanho 42 não é gorda. acreditem vocês ou não, juro que não entendi o título. demorei a perceber que há neste mundo quem considere uma mulher que veste número 42 como sendo gorda, a sério.
inocentemente pensei com meus botões: tenho 1,52m e fico ótima vestindo 42! aliás, eu fico também ótima quando estou vestindo 44 (o que não é o caso agora, infelizmente… aqui o número está em 46, quando cabe). que porra é essa de 42 ser gorda?
bem, fui perguntar ao meu consultor para assuntos aleatórios, o fer. ele me explicou, com paciência, que há muitas gentes no mundo que consideram 42 uma numeração “de gorda”. aí não sei se fico feliz porque não entrei nessa onda neurótica de peso ou se fico triste porque não estou bem alinhada com o mundo. por mais que eu saiba que é ótimo não se deixar influenciar por maluquices como essa, também sei que pensar fora da caixa às vezes dá mais dor de cabeça que prazer.
enquanto isso, me proponho pela milésima vez a humilde meta de caber num jeans 42. na verdade, enquanto isso mesmo, eu me acho bonita no jeans 46, sem nenhum medo. se tem quem ache aqueles esqueletos esquisitos que andam nas passarelas bonitos, por que eu não posso me achar bonita no meu style miss pirelli, pô? 😀
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e ainda estou pra entender o que nos leva a olhar no espelho um dia e achar que estamos lindas e no outro jurarmos que estamos umas monstras sem salvação. não é maquiagem, roupa, cabelo ou peso, é outra coisa, mais misteriosa. algo como um espírito que nos invade e é ele que aparece no espelho, e não a gente. num mundo cheio de padrões é estranho perceber que a beleza é tão subjetiva mesmo no espaço mais privado que existe, aquele entre você e seu espelho.
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eu desdenho quem vem com esse papo de beleza universal. como assim, meu bem? a beleza está nas proporções simétricas, diria da vinci; a real beleza está no parceiro geneticamente mais preparado, diria darwin; o africano nem olha mulher sem bundão; americano baba por peitos fora de proporção. eu mesma me vejo achando lindas as pessoas mais estranhas. padrão de beleza é que nem padrão de videocassete: vira padrão o que as pessoas compram mais, nem que seja na base do marketing-porrada.
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e se um dia as mulheres deixassem de comprar essas revistas ridículas, hein? e se a gente parasse de sofrer tanto com a opinião de desconhecidos? e se a gente se valorizasse a ponto de não se relacionar com quem dá importância a essas coisas? e se…
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tem um tipo de mulher que eu desprezo mais que todas as outras: aquelas que se relacionam com homens que deixam bem claro que só estão com elas porque elas são bonitas/gostosas. já ouvi frases do tipo “ah, se você cortar o cabelo eu não vou mais te achar bonita” ou “se você engordar eu não te quero mais”. e não é de brincadeira, é sério (independente do tom). e as tais mulheres bonitas/gostosas/cabeludas em questão fazem o quê? se dedicam ainda mais à ginástica, dietas e cabeleireiros. valha-me deus, esse mundo tá perdido.
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por outro lado, penso aqui de novo com meus botões solitários, é importante que haja mulheres assim, senão com quem esses homens-porta se relacionariam? é possível que seja bom que as coisas funcionem assim, vai saber…
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diz a astrologia que esse é um ano especialmente importante para o cuidado com a saúde e eu decidi ouvir aos apelos do meu pobre corpo negligenciado: vou aprender a correr. depois, é claro, de pedir ao meu médico algumas dicas de como não morrer rapidamente no processo. ando sonhando que corro (como exercício mesmo) e sinto prazer e liberdade, é tão bom que eu quero comprovar se funciona na prática.
vejamos se o empurrão do tal ano de júpiter me tira do modo bicho-preguiça dos últimos 15 anos 🙂
(mais uma da série “diálogos solitários”)
não importa se a exigência do outro é a respeito de beleza, inteligência ou sei lá mais o que for: se matar pra ser “perfeito” aos olhos dos outros é um horror. que deus nos livre todos disso, seja querer ter a bunda mais dura, seja querer ter lido todos os livros do universo pra o outro nos amar mais. eca!
Outro dia vi uma entrevista da Kate Winslet dizendo que proibe a filha de ler revistas tipo Vogue. Por mais que ache que a proibição não seja eficaz, acho que ela está redondamente certa. Estas revistas são poços de infelicidade, que alimentar ideais absurdos de beleza e – tão ruim quanto – níveis absurdos de consumismo.
eu até leio as revistas femininas, mas não fico me comparando com as modelos…acho importante voce cuidar do corpo , mas pra voce poder ter uma velhice(isso se você chegar lá) mais saudavel. E Zel, voce disso tudo tem dias que me olho no espelho e penso cadê aquela deusa de ontem kkk.
Ah Zel, eu me acho gorda dentro de um 42 apertado!
Tenho 1,54m e tenho porte pequeno, ombros estreitos… minha bunda não é grande e quando engordo o quadril aumenta mas a bunda murcha! =D
Fiquei assim no cursinho… agora tô eu no meu 38 caíndo…
Mas é questão de cada um… eu também não tenho tendência a engordar apesar das porcarias que como!
Mas o espelho briga mais comigo pelas espinhas do que pelas gorduras… er… 23 anos e espinhas acho que tem algo de errado né?
Beijinho
Zel, a idade chega, mas não aos 34 anos.
Numa época em que se chega fácil aos 90 anos (ou bem mais), 34 é muito garota. O corpo, a pele, o astral, os músculos, tudo deve estar em perfeita ordem (claro, ao menos que a pessoa tenha sofrido perdas/tragédias/doenças muito pesadas).
Eu tenho 38 anos e sempre me cuidei de forma mediana (um pouco de natação, um pouco de salada, um pouco de meditação, um pouco de cerveja, um pouco de preguiça) e tá tudo bem. Acho que a gente precisa fazer até que pouco para manter a saúde física e mental(de brinde vem a beleza, seja qual for o seu estilo).
Quanto ao número da calça, é bom ter segurança e não sofrer com o fato de usar uma calça 46, mas independente dos padrões idiotas das revistas, vc sabe que está sacrificando sua estrutura, seu organismo e isso não pode ser bom. Por isso que você tem a sensação de envelhecimento precoce. Dá para arrumar fácil, é só fazer um pouquinho em cada área, e daí já viu né: faz um tiquinho, sente um prazerzão e fica querendo mais.
Imagine vc leve, botando o jeans e a regatinha, a pele firme e brilhante, o corpo e articulações lubrificadas, a digestão, o sono, o intestino, tudo equilibrado, a lição de casa feita.
E a libido? você pode ter uma ótima vida sexual, seu marido pode gostar do seu corpo como ele é, mas imagine a sensação de cair nos braços dele depois dessa revolução e ele te pegando? Não vai ter comparação!
Algumas coisas não devem ser pensadas, são sagradas, tem que fazer e pronto! (claro, se a pessoa estiver determinada a viver/envelhecer bem)
Duro é achar um jeans 46. Mais duro ainda quando a gente tem que fazer ele caber nas coxas grossas e quadril largo, combinados com a cintura fina. Muito mais duro quando a gente quer tudo isso e ainda que não apareça metade da bunda quando senta.
Um espetáculo de fácil…
A beleza não é um numero de calça jeans.
Ainda bem.
Viva a diversidade. 🙂
Eu quase tive um treco quando descobri que modelos que não conseguem se manter muito magras engordam para o número 42 e passam a ser modelos de tamanhos grandes. É óbvio que quem raciocina vê que o número não indica gordura, mas talvez o grande problema do ser humano seja dar valor demais a números (vide a corrida dos megapixels ou GHz), sem ver o conjunto…
Tanto o meu 42 é “gordo” que tem muita loja que tirou o tamanho da grade. O G é 40, “41” (duas marcas cariocas já me surpreenderam assim).
E uma historinha bem assustadora sobre “sacrificar a estrutura”: conheço duas mulheres que tiveram bebês excessivamente prematuros (uma com 26 semanas) porque as placentas pararam de nutrir os fetos. O motivo? Quase nenhuma gordura abdominal e “cadeiral”, ambas eram e são malhadoras profissionais. Pouca gordura, menos hormônios, disse o médico.
Pelo menos eu sossego em saber que para alguma coisa serve esse quadrilão.