everybody hurts sometimes

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gostei desse artigo indicado pelo polzonoff: i think you’re fat. o autor pratica a proposta de radical honesty (honestidade radical), entrevista o “dono” da idéia e conta o que aconteceu.

acho a proposta de ser radicalmente honesto uma bobagem, simplesmente porque não é prático: além de dar um trabalho danado (emocionalmente falando), é preciso lidar com as conseqüências.

mas não me entendam mal: acredito que a conseqüência de dizer a verdade nua e crua é positiva no sentido de crescimento humano, digamos. em outras palavras, o confronto nos faz pessoas melhores, faz crescer e transforma os relacionamentos em algo mais sólido.

a pergunta é: eu quero aproveitar todas as oportunidades para crescer e ser uma pessoa melhor? estou a fim de dedicar esforço e elevar o nível da minha comunicação o tempo todo, em todas as interações? não, pelo amor de deus!

o artigo me fez pensar. eu gosto de ser sincera e acredito que dizer a verdade é importante, mesmo que seja inconveniente às vezes (em linha com a proposta de honestidade radical), mas… ser sincero é arriscado, porque normalmente abre a porta para a sinceridade do outro.

você já experimentou ser 100% sincero com alguém, sem a preocupação de ferir sentimentos? eu já, e a resposta é difícil de engolir. sabe aquele ditado “quem fala o que quer ouve o que não quer”? é por aí: ao abrir seu coração pra alguém, esteja preparado para ouvir o que o outro tem a dizer. é quase como uma regra natural tácita: você me diz a verdade e eu sou obrigado a dizer a verdade em resposta.

ouvir a verdade geralmente é uma merda, mas tem um benefício: faz com que a gente possa se colocar em perspectiva e tentar melhorar. e aí é que pega: quem quer melhorar, não é mesmo? muito mais fácil é reclamar do mundo, da vida, dos outros, ver tão claramente como todos estão errados enquanto nós estamos certos ou temos as melhores das intenções.

sempre desconfio de pessoas políticas ou polidas demais: geralmente são babacas que se acham o máximo escondidos sob a maquiagem de pessoas legais, modestas e fofas. e que não querem melhorar, até porque se consideram ótimas e perfeitas. pessoas extremamente simpáticas, no fundo, são arrogantes disfarçados. talvez por isso eu prefira o arrogante declarado, em geral mais disposto a ser alguém ainda melhor.

mas voltando ao que eu dizia: mesmo sabendo que ser mais sincera de forma geral seria bom pra todo mundo, inclusive pra mim (depois de digerir as respostas, é claro), não estou disposta a gastar tanta energia assim nisso.

por outro lado, fiquei ainda mais animada em ser sincera com aqueles com os quais me importo de verdade. com estes vale a pena atravessar o processo de confrontamento, negociação e reaproximação.

é, estou me propondo uma honestidade radical seletiva 🙂 porque eu realmente não acredito em nenhum tipo de radicalização, mas creio nos relacionamentos como a melhor forma de crescimento individual. mesmo que machuque, às vezes.

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