grécia, dia 13: meteora

eu já contei isso, mas repito: o nome do local vem do grego meteoros, que significa ‘suspenso no ar’.

aqui você pode saber mais um pouco sobre a região e os mosteiros, vale a pena ler. em resumo, é uma região com montanhas de pedra (parecem um pouco o pão de açúcar, mas são várias juntas) que vêm sendo usadas por monges ortodoxos como retiro.

no início, os monges se instalavam nas cavernas formadas nas paredes das montanhas, é uma coisa inacreditável, espero que dê pra enxergar:

cavernas na pedra

não consigo imaginar o que era escalar até ali e se instalar. coisa de louco! com o tempo – e motivados pelas constantes invasões turcas, principalmente – os monges subiram a montanha de verdade e construíram mosteiros no topo.

o primeiro mosteiro foi construído há cerca de 600 anos e atualmente há 10 mosteiros instalados no topo das montanhas de pedra, dos quais 6 são abertos à visitação do público. destes, visitamos 4 (poderíamos ter visitado 5, que estavam abertos neste dia, mas eu não aguentei ir para o último, minhas pernas pediram água).

visitar estes locais santos não é simples, saibam vocês. primeiro porque só se sobe a pé, e são muitos, muitíssimos degraus. segundo porque há um código de vestimenta rígido, mulheres só podem entrar de vestido ou saia (compridos, claro) e homens de calça; blusas sem manga não são permitidas. aliás, em alguns deles é obrigatório o uso de manga comprida tanto para mulheres quanto para homens. sendo assim, comprei uma adorável túnica preta que me fez muito feliz esteticamente porém quase me mata de calor.

aqui vão os mosteiros que visitamos e alguns detalhes sobre eles (há fotos somente dos páteos, porque nos lugares fechados lá dentro não se pode fotografar quase nada):

nikolaou anapafsa: o primeiro que visitamos e o menor. nem por isso foi menos interessante: ele tem um ar de real santidade e retiro, um silêncio que dá gosto. dentro da capela mínima há um afresco incrível de adão nomeando os animais que é uma coisa de chorar.

varlaam: escadas sem fim. achei que nunca ia chegar, juro. este mosteiro era bem maior, e mais cheio. os afrescos são todos maravilhosos e geralmente trágicos. a maior parte conta as agruras que os homens santos passavam, coisa de filme de terror. artisticamente lindo, mas de uma violência psicopata 🙂 a subida foi difícil, mas a vista compensa, vejam só:

vista do páteo principal

megalou meteorou: esse, como o nome diz, é o maior de todos e também o mais bonito. vimos 2 museus dentro deste mosteiro – um de aparatos da igreja (roupas, taças, bíblias, crucifixos, tudo incrivelmente antigo) e um sobre a história da grécia (incrível!) – além de várias partes do mosteiro que já não são mais usadas, só servem para mostrar como era antigamente (refeitório, cozinha, marcenaria, etc.). a capela é belíssima, com afrescos incrivelmente coloridos e cheios de ouro, um espanto.

a vida monástica

agiou stefanou: esse é um mosteiro onde moram as freiras (tem outro nome?). é organizado, tem um ar de perfeição incrível e é o de mais fácil acesso (vejam que não tem escadas):

agiou stefanou

dentro dele visitamos 2 capelas mínimas com afrescos bem diferentes dos demais: os rostos dos santos bizantinos estavam completamente destruídos, com buracos no lugar dos olhos, com as faces riscadas claramente por objetos cortantes. descobrimos então que este mosteiro foi invadido algumas vezes por turcos (eles deviam ser preguiçosos, foram pro mosteiro com menos escadas :)) que destruíram os símbolos religiosos ortodoxos.

além dos mosteiros, exploramos a estrada que liga todos eles e paramos num mirante espetacular, chamado psaropetra (é uma pedra gigante se projetando, como um platô). a vista é de tirar o fôlego:

fer fotografando

não sei nem mais o que dizer, gente: é um lugar especial. o visual é absurdo, parece outro planeta, e o espírito do lugar é de introspecção, silêncio e respeito.

muito me incomodou ver que havia por lá pessoas que não respeitam as tradições e religião alheias (falavam alto dentro das igrejas, insistiam em vestir roupas inapropriadas, etc.) mas deixei de lado. preferi aproveitar a dificuldade da subida para pensar no que quero mudar na minha vida, passar momentos únicos com a pessoa que eu amo, ficar longos minutos sentindo o vento e olhando aquela paisagem louca.

andamos juntos, apreciamos os afrescos, aprendemos história, comemos muito bem e agradecemos a oportunidade de estar vivos e tão felizes.

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