você sempre foi alguém além da minha compreensão e do meu alcance durante todos os anos em que te observei de cima pra baixo, com olhos de esperança e medo. você foi, pra minha versão menina, o perfume e a cor do mundo adulto, com tudo de maravilhoso e apavorante que ele oferecia. eu quis ser igual a você quando crescesse.
e no entanto eu cresci tão diferente, tão menos exuberante e com uma voz muito mais doce. por longos anos eu quis ter a sua voz e usar aquela camisa vermelha de seda com borboletas douradas que, pra mim, sempre foi a melhor tradução da mulher que você é. borboleta de ouro e sonho, pairando num mundo frenético de vermelho sangue. demorei a aceitar que eu era lilás e prata, tão diferente de você, mami. aceitei, mas doeu.
e parte da minha vida eu neguei você, mãe, porque precisava andar sem segurar nas suas mãos. mas não tenho do que me desculpar, pois você mais que ninguém entende a importância do afastamento e do caminho solitário: você teve que atravessar seus próprios labirintos. vou contar um segredo: estamos ambas perdidas, procurando sabe lá o quê, e a boa notícia é que não estamos sozinhas.
era isso que queria dizer hoje, mãe: o labirinto é nossa maldição e redenção, é o caminho que escolhemos. e se às vezes nos perdemos, é só porque precisamos encontrar alguma coisa importante antes de seguir adiante. você nem sempre percebe, mas estou com você no caminho, onde quer que você vá. estamos no mesmo universo, mãe, você é minha terra e eu a acompanho pendurada nos meus sonhos, na minha órbita de lua.
conte comigo nas noites escuras e difíceis, eu vou estar lá, firme e brilhante como sempre. procure por mim quando precisar de sonho e brilho, mãe, é pra isso que eu existo no seu mundo. e você é, e sempre será, meu chão e minha referência. não importa se me assustam os abalos sísmicos, os furacões ou as pestes, você é meu lastro.
você jamais vai saber o quanto é bela e trágica, o quanto é única e poderosa. e também é por isso que existo – pra lembrá-la que você é um milagre e pode absolutamente tudo o que desejar. eu sei porque te vejo daqui de longe, de um ângulo que você não enxerga. acredite em mim, mãe, você é e pode muito mais do que pensa. palavra de filha.
você segurou minhas mãozinhas quanto eu aprendia a andar e, depois, várias vezes andamos de mãos dadas lado a lado. conte comigo pra ajudar você a andar também, mãe. segurar suas mãos e conduzir você não será nenhum favor ou concessão, mas simplesmente a minha oportunidade de aprender a dar e a sua de aprender a receber.
hoje e sempre, mamis querida, saiba que estarei sempre ao seu lado oferecendo minhas mãos e meu amor. receba meu beijo e o desejo inesgotável de que sua vida seja bonita e boa.
Zel, esse post vai pra lista de posts que eu gostaria de ter escrito. Com algumas diferenças. Mas assino embaixo…
Bisous
Zel, peço sua autorizaçao pra usar parte de suas palavras pra minha mae. Vc traduziu lindissimamente boa parte do que sinto por ela.
Meus olhos se encheram de lágrimas.
Lindo.
Amor
Babi
:ó(
Nossa… que bonito…
eita, que lindo!
vou mandar pra minha mãe, e deixarei o link do seu blog juntinho.
😉
precisava arrasar tanto assim?!
beijos
Lindo, lindo, lindo!
Parabéns a sua mãe!
ôoo, querida, me fez chorar aqui…
beijos pra você e pra sua mãe linda.
Gosto tanto daqui que te presentiei com um selinho la no meu blog!
um beijo
;*