você tem sede de quê?

vocês assistiram obrigado por fumar? assisti algumas partes e já adorei. uma das coisas mais divertidas do filme é a reunião periódica dos 3 cavaleiros do apocalipse (ou algo assim :)) – lobistas das indústrias de tabaco, armas e bebidas alcoólicas. numa destas conversas entre amigos, eles competem pra ver qual das indústrias mais mata pessoas por ano… 😉

mas isso é só curiosidade – quero falar sobre a ditadura da bebida alcoólica nos convívios sociais. às vezes fico imaginando como deve ser difícil ser alcoólatra recuperado e ter vida social…

nunca fui de beber, e meus pais faziam muita piada na minha adolescência porque eu era mais “careta” que eles – não bebia e nem fumava. não bebia e não bebo porque não gosto na maior parte das bebidas alcoólicas, é simples. poucas bebidas alcoólicas me agradam, e ainda assim em pequena quantidade: 1 chopp ou copo de cerveja (escuros, de preferência), uma taça de vinho tinto, um cálice mínimo de licor, e é suficiente.

quando tinha entre 17 e 25 anos, lembro de sair com amigos e beber montes de coisas que detesto, encher a cara, fazer besteira, etc. e eu continuava não gostando de beber, mas hoje percebo que não queria me sentir “aquela chata que não bebe”. pra não falar de outro inconveniente – quando todo mundo está bêbado e você não está, características desagradáveis dos seus amigos saltam aos olhos. confesso que é difícil continuar se divertindo na companhia dos amigos quando eles estão bêbados e você não está.

se você bebe e acha que não é um bêbado chato, vou contar um segredo: você é chato sim. todo bêbado é chato, desagradável, inconveniente, constrangedor. a única forma de não perceber o quanto a bebedeira alheia é ridícula é bebendo junto.

e há outro problema ainda mais difícil de administrar quando você decide não beber: a pressão do grupo. experimente uma só vez sair com amigos e não beber nada alcoólico. você ouve toda a sorte de perguntas e/ou comentários sem noção, tipo:

– você tá tomando remédio? tá doente?!

– ih… tá grávida!

– o que foi, entregou o coração pra jesus?

– ah, agora não bebe mais com os amigos, entendi

– pronto, lá vem a chata que não bebe e vai ficar regulando nossa bebedeira…

– pô, só um chopp! Ô, GARÇON, PÕE UM CHOPP PRA MOÇA!

é como se não beber fosse um problema, uma limitação. beber virou obrigação, forma de provar que você é amigo, companheiro, sei lá. é como se diversão e bebida fossem sinônimos ou irmãos siameses, que não andam separados. que saco!

não sei dizer até que ponto essa relação entre diversão e bebida vem das propagandas, mas chutaria que há uma forte influência. tudo quanto é comercial de bebida tem mulher gostosa, música, diversão, gente bonita, etc. em filmes ou comerciais, quando querem caracterizar alguém como chato e sem graça basta colocar a pessoa pedindo um refrigerante ou suco.

suco e refrigerante são bebidas de criança; água é sinônimo de ressaca ou problema de saúde, ainda mais se você tomar sem gelo, como eu tomo; café e chá são coisas de gente metida a besta; não beber simplesmente não é uma opção.

e se eu simplesmente não estiver com sede, caramba? beber pra quê?

**

ao acabar este post, me dei conta de que tem gente que bebe pelo efeito que o álcool causa, e isso sequer tinha passado pela minha cabeça até agora! detesto tanto estar bêbada que não lembrei que tem gente que gosta da sensação…

mas isso é assunto pra outro post – bebida é só um dos tipos de droga, e eu não gosto de nenhuma delas pelo mesmo motivo. esse papo fica pra outro dia 🙂

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  1. E acho que um outro lado do mesmo raciocínio é o do quanto as pessoas não percebem quanto do seu prazer vem de fato da bebida.

    Tenho certeza de que o prazer de muitas pessoas vem apenas de fazer parte do grupo que bebe.

    Mas mais que isso, me incomoda o quanto acho ridículo que alguém não consiga sair e se divertir sem precisar tomar várias cervejas.

    Para mim isso mostra ao mesmo tempo carência insegurança e algo que não sei se tem nome, mas que chamaria de boizismo. 😉

  2. Ah, só para deixar claro, não sou contra beber. Em alguns momentos específicos, inclusive, acho que nada dá mais prazer.

    Mas se você não consegue se lembrar da última vez que saiu com amigos e não bebeu álcool…

  3. tenho 22 anos e nunca bebi. não gosto do sabor, acho forte. já provei algumas bebidas alcóolicas, mas todos os goles que já tomei na vida devem no máximo encher um copo. dizem que é porque meu paladar é muito infantil, coisa de quem adora doces. sempre que saio com minhas amigas percebo que elas se incomodam muito mais com isso do que eu. é como se não entrasse na cabeça delas que é possível sim se divertir sem beber. e isso porque eu nunca regulei as vontades delas. não condeno quem bebe. mas me respeitem por não querer beber junto.

  4. Zel, isso me lembrou que eu nunca tomei um porre. Já fiquei “alegrinha”, falando um pouco mais do que o habitual, mas a náusea que o excesso provoca é intolerável pra mim. Odeio ver gente ao meu redor falando e fazendo besteira, vomitando no pé (eca!). Eu acho a bebida prazerosa, mas com muuuuita moderação (que pra mim é uma ou duas taças de vinho). Depois disso, páro. E tomo só água, pra ajudar a hidratar.

    Fico imaginando que pra pessoas tímidas o álcool ajuda na socialização. Pessoas mais extrovertidas não precisam tanto desse artifício.

    bj

  5. Eu não bebo, acho ruim o gosto de quase todas as bebidas alcólicas e odeio a sensação que a bebida trás. No máximo um gole do vinho do marido quando ele acha bom e quer que eu prove, meia tacinha de champanhe no ano novo, pra não ser a chata bem na festa de virada do ano. E fico tonta, me cai a pressão, isso mesmo, com meia tacinha!

  6. Cacilda… Você tá falando de mim no seu post! Bebo pouquíssima cerveja (escura e só), saquê quando em restaurante japonês. Não gosto de vinho. Não gosto de destilados. Não trabalho nem com bombom de licor. E já tive que inventar que estava proibida pelo médico de beber para não te que ouvir ladainha de “amigo” chato (ponho as aspas porque meus amigos mesmo já sabem que eu fico em um chopp só e o resto da noite no refrigerante).

    Pior que isso, só o chato que vai contar – em voz alta! – as calorias do milk-shake alheio (e eu sou muito fã de milk-shake). Pros diabos que os carreguem, se é que os diabos agüentam…!

  7. Zel, eu também não bebo n-a-d-a. Hoje em dia que arrisco um copo de lambrusco, e olhe lá. Uma garrafinha de Smirnoff Ice já me deixa trilili, e eu detesto esse estado “trilili” porque posso ser divertida ou boboca sem beber. 🙂

    Mas sabe a desculpa que apelo quando a “turma” (hoje minha turma já tá careca de saber que não bebo e super respeita) insiste muito? Eu digo que tenho epilepsia e, se beber, posso ter um ataque ali mesmo. E dou uma gargalhada irônica em seguida. Quem não me conhece fica imaginando se estou brincando ou falando a verdade, e tem vergonha de perguntar. E moooorre de medo de eu ter um ataque ali, na frente deles. Assim, me divirto muito com minha coca básica ou minha indefectível água-com-gás-e-rodelas-de-limão.

    Beijos sóbrios!

    Deh

  8. Eu gosto de cerveja gelada no calor, vinho com um bom jantar, vinho quente no frio, caipirinha de saquê no calor e outras bebidinhas do bem.

    Mas não gosto de encher a cara. Gosto do sabor da bebida, sim. Mas detesto gente chata. O problema todo não é gente que bebe, é gente que enche a cara e fica me enchendo. Porre, isso.

  9. Eu sem bem como é a chatice das pessoas perguntando porque não bebo nada. Não bebo porque não gosto, ora bolas. Não gosto de nenhuma bebida alcóolica. Mas tem sempre aquele que pergunta: “mas não bebe nem um vinhozinho?”. E por acaso vinho deixou de ser bebida alcóolica? Ai que saco! Não bebo, nunca bebi e nunca beberei. Já fui fumante (burra), mas parei há 9 anos (ponto pra mim!). Ah, também não bebo café (nunca bebi, nem quando era fumante), outro motivo para de espanto pra gente que bebe. As pessoas não conseguem lidar com o diferente, né?

  10. Eu gosto de beber, mas dificilmente até ficar bêbado. Gosto de um shop num dia quente, ou um vinho acompanhado de uma massa.

    Mas se me perguntar sou totalmente a favor de abolir a bebida da sociedade, pois ela traz muitos prejuizos e não estou falando de “vergonha” e “vergonha alheia” e sim de muitas brigas, mortes e acidentes devido a bebida.

    Mas sem ser 8 ou 80, gosto de beber mas vivo muito bem sem o alcool.

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