(sem título)

e por que haverias de querer minha alma

na tua cama?

disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas

obscenas, porque era assim que gostávamos.

mas não menti gozo prazer lascívia

nem omiti que a alma está além, buscando

aquele outro. e te repito: por que haverias

de querer minha alma na tua cama?

jubila-te da memória de coitos e de acertos.

ou tenta-me de novo. obriga-me.

(do desejo, hilda hilst – 1992)

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