que este amor não me cegue nem me siga.
e de mim mesma nunca se aperceba.
que me exclua do estar sendo perseguida
e do tormento
de só por ele me saber estar sendo.
que o olhar não se perca nas tulipas
pois formas tão perfeitas de beleza
vêm do fulgor das trevas.
e o meu senhor habita o rutilante escuro
de um suposto de heras em alto muro.
que este amor só me faça descontente
e farta de fadigas. e de fragilidades tantas
eu me faça pequena. E diminuta e tenra
como só soem ser aranhas e formigas.
que este amor só me veja de partida.
(cantares do sem nome e de partidas, hilda hilst – 1995)