eu já falei sobre isso aqui, e houve toda uma celeuma a respeito, mas insisto: há alguns anos sou radicalmente contra a compra de animais de estimação, especialmente os “de raça” ou que tenham pedigree.
a quantidade de animais que precisam ser adotados é imensa – por que as pessoas ainda pagam fortunas para ter um bicho? animais não são (ou não deviam ser) simplesmente propriedade (vejam a campanha be a guardian, not an owner) e não deviam servir para serem exibidos como troféus. animais de estimação não deviam ser usados como forma de demonstrar status, como uma coisa.
é claro que eu entendo quem resolve comprar/adotar cães de raça por causa de porte e/ou temperamento. é a justificativa mais racional, mas a sério: será que isso é tão importante assim? é como adotar uma criança somente se ela for branca, ou com olhos X ou Y, seja pelo motivo que for. a aparência não devia ser tão importante.
mas vamos ao assunto do post: o documentário segredos do pedigree. trata de um assunto que é aparentemente mais grave que a questão da aparência do animal (embora a causa raiz, no fundo, seja a mesma) – as consequências negativas do cruzamento consanguíneo para “apurar” a raça.
esse é um assunto que nos incomoda desde que começamos a ter problemas com nossos furões. “coincidentemente” todos os furões morrem de câncer. to-dos. as mortes são difíceis, dolorosas e praticamente iguais. há vários artigos na internet levantando a questão de cruzamento consanguíneo como causa dos problemas de saúde recorrentes.
ouvir os “breeders” falando sobre o assunto é irritante: eles duvidam dos geneticistas e dizem que sabem mais do que os cientistas sobre cruzamentos de animais e suas consequências. alegam que se radicalizarem nas regras do clube, os criadores vão “se rebelar” e ignorar os clubes (o que aliás é possível que seja verdade). e enquanto isso, continuam cruzando animais com doenças genéticas e propagando o problema para centenas de filhotes. triste, triste, triste.
chego então no cerne da questão, pra mim: o problema são as pessoas que compram e valorizam pedigree, que pagam rios de dinheiro para ter um cachorro da marca X e com as características Y. o problema são as pessoas cortam as orelhas e os rabos dos cães pra “combinar” com o padrão da raça. o problema são as pessoas que valorizam mais a aparência e o animal como adorno ou sinal de status.
em suma, as pessoas são nojentas. se não houvesse quem pague caro por e valorize o pedigree e aparência, essa prática ia desaparecer. é como roubo de carros e afins: se não há quem compre roubado, não tem vantagem em roubar, cacilda!
eu nunca tinha pensado nisso antes de ter os ferrets. nunca compramos cães na nossa casa. mesmo os de “marca” (sem pedigree, no entanto) eram adotados. comprei meus ferrets porque a opção de adoção não existia aqui no brasil (nem existe hoje, pra dizer a verdade) e porque queria aquela espécie de animal. nunca me passou pela cabeça ter qualquer bicho como sinal do meu status ou coisa parecida.
falo como provocação mesmo, sem medo nenhum: se você se importa muito com a raça do seu bicho de estimação, como ele se parece ou coisa assim, você tem problemas sérios. devia repensar seu caráter, sua vida. devia aprender a ter respeito pela vida e pelos animais. precisa aprender a valorizar mais o ser vivo do que o que ele representa ou vale no “mercado” (vale pra bichos e pra pessoas, aliás). resumindo, você é cafona.
Zel, que ótimo!!! muito legal e explica bem. posso reproduzir no site, linkando com vc?
E dá-lhe Zel !
Concordo com tudo que você escreveu.
Sempre tive vira-latas(tenho 6), pra mim, são os melhores, são carinhos e tão espertos que chegam a ser sem vergonhas e me divirto muito com eles.
Na vida, só tive dois cães de raça(pequinês), uma foi doação e viveu com a minha família 19 anos, o outro veio por causa dela, quando nova, ela adorava filhotes e uma vizinha minha tinha um casal de pequinês e me vendeu um filhote, mas ela não tem pedigree não.
Compramos porque ela é a coisa mais fofa do mundo e nos apaixonamos e amamos pequinês e infelizmente a raça está extinta no país por conta de cruzamentos entre irmãos e pais e filhos.
rarara, mas uma cafona com um cachorro lindoooo!!!
kkkkkkkkk
falando sério, tb acho besteira esse lance de valorizar só a aparência, em bicho ou em gente.
mas tb acho razoável querer buscar algumas características em animais de estimação (pelagem curta ou longa, tamanho, temperamento) que sejam mais adequadas ao seu estilo de vida. colocar um são bernardo em um apto de 50m2 é uma besteira enorme!
criador sério não cruza cachorro com ancestrais comuns, arriscando defeitos genéticos. criador sério estuda as principais [boas] características do cachorro, e procura evitar a procriação de cães com características “ruins”.
o pedigree valorizado como mais um status é deplorável, sim.
mas o pedigree como resultado de um trabalho sério, eu acho válido. pra quem está a fim de gastar dinheiro, acho uma alternativa, acho até que serve como um parâmetro do mercado.
eu tenho uma bull terrier que eu amo de paixão. não a comprei de um criador sério, e ela tem umas características de temperamento que são difíceis de lidar… talvez, se ela tivesse vindo de um criador sério, minha vida fosse mais fácil…
acho que a vida é complexa. acho que existe gosto pra tudo nesse mundo. gente que quer apenas a companhia de um cão (pode ser um cão SRD), e gente que quer a companhia de um determinado tipo de cão (daí vai procurar alguma raça específica). até aqui, beleza.
PIOR, muito pior, é quem deixa seu animal procriar a torto e a direito, quem abandona cachorro em clínicas ou na rua, quem tem cachorro apenas pelo status ou pela moda, depois cansa e “joga fora”, ou quem se acha bacana apenas pq pode comprar cachorro de 5 mil reais… esses, sim, têm problemas sérios!
bjs
Muito bom. Muito bom.
Teddy e Polly, meus SRDs adotados das ruas, os gatos mais lindos e paparicados dessa cidade, agradecem o post.
Beijos.
ana, sugiro que você assista ao documentário, se o assunto a interessa. os maiores criadores de raças de pedigree na inglaterra (e talvez no mundo) são questionados sobre o assunto, e deixam bem claro que fazem cruzamentos consanguíneos SIM e não vêem problemas nisso. os donos de cães premiados (e com doenças congênitas) cruzam seus animais, por dinheiro, sem se importar com as consequências.
do ca ra lho.
é…mas ter um ferret porque queria tal espécie de animal também ñ faz o menor sentido , além de ser muito superficial! Animais ñ sao mercadorias e ponto final, nada te dá o direito de querer ter um animal que nem à nossa fauna pertence.
desculpe a sinalizacao deficiente, esse computador ñ tem os acentos da língua portuguesa
Concordo TOTALMENTE com vc! E fora que MUITOS dos criadores traram como mero reprodutores seus cães,fazendo as fêmeas parirem uma vez atrás da outra,e depois,qd não servem mais,a descartam.Vi reportagens denúncias de alguns lugares que vendem cães de raças que eram assustadoras.Animais em cubículos,só servindo para procriação mesmo,um horror.
E paralelo à isso tantos abandonados…fazer questão de um cão com pedigre é o mesmo que fazer questão de um sobrenome x para poder gostar ou não de alguém.Aff!
fernanda, pelo seu comentário você não acompanha meu drama com os ferrets (tudo aqui: http://www.zel.com.br/ferrets), então vou explicar.
meu ex-marido queria ferrets de qualquer jeito, desde 1997. em 2000 resolvemos comprar 2, sem saber nada sobre eles, só sabíamos que eram lindos e inteligentes.
menos de 1 ano depois da compra (e já separada do marido, com 2 ferrets pra cuidar), comecei a entender o que estava por trás da criação e importação deles. desde então sou defensora de pararem de importá-los (e sou contra os criadores também, pelos motivos do post).
depois destes 2 que comprei na ignorância, resolvi adotar ferrets que tinham sido abandonados ou cujos donos não os quisessem mais. foi o que fiz – adotei mais 6 ferrets, alguns deles já bastante doentes. eu e meu marido temos cuidado deles nos últimos 5 anos, mas decidimos não adotar mais nenhum por enquanto. sobrou só a pretinha, que nos foi vendida por um adolescente que queria o dinheiro para comprar um DVD player. ela vivia presa numa gaiola, e hoje é muito feliz aqui conosco.
em suma: não é porque comprei ferrets no passado por ignorância que preciso continuar ignorante e fazendo a coisa errada. as pessoas podem – e devem – mudar. uma das minhas esperanças é que alguém com sensibilidade leia esse post e pare pra pensar. se eu conseguir convencer 1 pessoa sequer que comprar animais e valorizar pedigree não é bom, já fico feliz.
e você, fernanda? não ficou claro pra mim: você tem animais de estimação? você os adotou ou comprou? eles são de raça?
Querer um cão da raça x para que ele tenha determinado comportamento,característica é uma furada!Características físicas ok,mas pra temperamento isso não serve.Não é simples assim de que todos os cães de raça x são calmos ou não.Existe uma predisposição sim,mas moldável à maneira como o animal é criado e tb tem que consider as características particulares dele.Em uma ninhada de cinco poodles,por exemplo,cada um pode ter um temperamento diferente,claro,então…
Pode-se fazer uma avaliação do temperamento de um SRD em um primeiro encontro,em uma primeira análise.(se é dominante ou submisso,calmo ou agitado,etc)
então pode-se escolher cães sem raça definida pelo temperamento mesmo eles sendo muito novos,(ainda sendo amamentados)eles já mostram caracterísicas individuais.Tem várias dicas de como fazer isso(saber dados sobre o temperamento )em sites especializados.
Então,querer um animal com raça definida,pedigree só porque se quer escolher temperamento não me parece motivo justificável.
(continua…)
(continuação)
Eu gosto é da espécie animal cão.Não de uma raça específica,mas da espécie.E tenho,claro,preferências:fêmeas porque não costumam marcar território,cães mais dóceis e tranquilos pq os quero como companhia(pra isso,trato com respeito,não judiando,estressando,violando o animal).
Enfim,escolho meus animais pela predisposição a determinado temperamento sim,mas sobrenome(raça)não é garantia disso.se fosse,seriam brinquedos ou enfeites de pelucia com marca(pedigree)de determinada fábrica,todos iguais,produzidos em série,o que não acontece.
Que massa você voltar a falar sobre isso Zel. Por causa de alguns e-mails trocados entre nós desisti de ferrets porque entendi:1-que necessitam muito mais atenção do que eu posso dar 2-que os criadores de ferrets são muito irresponsáveis quando manejam os bichos 3-que não preciso comprar um bicho quando posso adotar um animal e ajudar a diminuir a dor provocada pela raça humana. E assino embaixo de qualquer manifesto seu a respeito de pedigree, criadores e pet shops.
E o piolho vai bem né? um beijo pra vocês.
vou ver o documentário, sim, zel.
mas posso acrescentar umas coisinhas? eu gosto de cães, sempre gostei, desde criança, e tive alguns, desde meus 10 anos, a maioria vira-latas.
não fazemos questão nenhuma de ter cão de raça, muitíssimo menos com pedigree. e, de fato, é o fim da feira fazer cruzamento consangüineo visando lucro e sem se importar com possíveis doenças congênitas!
mas de vez em qdo rola umas vontadezinhas aqui em casa, e uma delas foi a de ter a companhia de um cão de uma raça específica, motivada principalmente pela apreciação de suas formas…
não vejo problema nesse tipo de motivação pra ter um cachorro… vc vê? acho que é só uma escolha, como tantas que fazemos na vida, umas mais pertinentes, outras menos claras…
bjs na barriga!
ana, acho que minha opinião tá clara no post: eu acho futilidade comprar um bicho pela aparência.
eu fiz uma escolha: não compro mais bichos, a menos que seja uma “adoção com custo” (tem pessoas que querem doar furões por que não querem ou não podem mais cuidar, e se aproveitam do fato do bicho ser caríssimo pra ganhar um $$. comprei 3 dos nossos assim, até pra livrá-los dos donos mercenários).
você tem direito de comprar animais porque são bonitinhos ou de raça, ninguém tem nada com isso. mas EUZINHA acho fútil e ruim. pra cada cão encomendado e comprado na loja ou canil, tem um outro deixando de ser adotado.
Amei esse seu post!
Sou uma protetora de animais em Brasília há alguns anos, em especial os felinos, esses seres tão pouco compreendidos!
Lido com isso diariamente: gente que me pergunta se tenho gatos persas para doar, se o gato que tenho pra doar é de raça ou é “aquele vagabundinho mesmo”, às vezes a pessoa disfarça pedindo um que seja “bem peludo”. E a maioria absoluta que esquece que o bicho vai crescer e quer só se for recém-nascido! Outro dia uma pessoa foi conhecer uma gatinha de 4 meses (veja bem, uma bebê completa!) e disse “ah, achei que era filhote!”. Essa gente, mesmo adotando, também tem problemas! São fúteis, rasos. Só conseguem ver a casca!
Com o passar do tempo fui ficando menos tolerante. Eu tomo todos os cuidados ao doar, mas vira e mexe alguém me devolve o gato porque está com alergia, vai se mudar de cidade (???), o gato arranha o sofá (???) e as desculpas mais ridículas que vc puder imaginar.
Quando era ingênua, tentava argumentar. Hoje só pergunto quando a pessoa quer me trazer o bichinho de volta. Se me ligou, é porque não quer o bicho, e se não quer o bicho eu também não quero meu bicho com aquela pessoa por nem mais um minuto!
Eu acho que a pessoa deve ter empatia com o bicho, por isso faço questão que o adotante conheça o gato pessoalmente, ver se gosta do animal e o gato gosta dele, se o aceita.
Já me irritei muito com quem olha o bicho e diz: “ah mas eu queria um branquinho de olhos azuis!” (gente que não respeito!), porque descobri que gente que exige muito, na verdade não quer é gastar comprando e quer apenas um bibelô, um enfeite mesmo. Para esses, o bichinho é uma coisa, e não faz diferença comprar ou adotar. E descobri que existem pessoas que só valorizam o que custa dinheiro. Para animais de raça, é bom que sejam vendidos, pois ao menos as pessoas o veem como um investimento e cuidam melhor. Ando tão revoltada com tamanho desrespeito!
Em compensação, nesta vida muito sofrida, fiz excelentes amizades, conheci gente que me ligou dizendo: “qual é o seu gato mais necessitado?” ou “quero aquele que não tem um olho – ou perna, ou orelha”. Pessoas incríveis! E existem muitas, veja só! E essas fazem tudo isso valer a pena.
Desculpe, Zel, o post imenso, mas é um assunto sobre o qual posso discorrer por horas e de forma tão apaixonada que acabei me tornando confusa!
De todo modo, e tentando resumir: respeito muito você e suas opiniões. Gostaria de saber escrever como vc escreve, porque pensar, ah, eu penso muito parecido a você!
Beijo grande!
Sou a favor de adoção e totalmente contra a indústria de cruzamentos consanguíneos. Todas minhas gatas são adotadas, sem raça, mas uma parece siamesa (sempre explico, é sialata, mas o gene do point é dominante, então cobre o viralatês). Agora que ela está velhinha, o pelo está descolorindo e mostrando as listrinhas de viralata. Acho lindo! Adoro ver como o acaso cruzou genes de montes de gatos e fez a Chechênia ser tão fofa. Mas notamos uma coisa… meu cunhado, que foi quem doou a gata, parece ficar ofendido quando chamamo ela de “sialata”. Como se fosse alguma vantagem ela ser siamesa “de verdade”. Minha gata É de verdade! 🙂
Apoiada!apoiada! apoiada!
Esses dias discuti com minha amiga por causa disso, a filha dela quer um bichinho(e eu acho que toda criança deve ter um), e ela teve a pachorra de me dizer que ela só teria um que ela viu por não sei quantos mil reais, muita esnobice, disse que tem um milhão de cachorros para serem adotados e que quem gosta de animal não escolhe como quem compra banana na feira é uma questão de empatia, a gente olha e se apaixona, as vezes é o mais feinho da ninhada ou o velhinho mais macambuzio, mas é uma questão de amor, pelo menos ao meu ver. Sempre tivemos cachorros e gatos, nunca compramos ou optamos pelo mais bonito, sempre foi uma história de amor, um amor a primeira vista ou uma paixão conquistada. E preciso confessar eu tenho uma chamariz natural para cachorros maluquetes e gatos possessivos.
Abraços
Te apóio em parte.
Por exemplo, eu amo coelhos. Mas nunca quis ter um.
Em um dia aí, eu estava passando em frente ao um petshop. Tinha um coelhinho preso numa GAIOLA DE HAMSTER sem comida e nem água, até com a orelhinha torta.
Estava sendo vendido por CINCO REAIS, VEJA SÓ. Provavelmente, pra alguém engordar e comer(coisa HORRÍVEL).
Acabei comprando o Tirso e hoje ele vive dentro de casa solto comigo.
Coitado, tem uma doença rara e grave, mas o amo do mesmo jeito.
Do mesmo jeito que tem cachorros de lindos tem viralatas é só procurar.
A minha cadela foi comprada mas eu considero isso ridícculo.
Só não me importei com o dinheiro eu realmente gostei dela e ela de mim,meus pais insistiram em comprar ao invés de adotar e eu aceitei porque eu quis levar ela pra casa.
ESTOU COMPARTILHANDO ESSE LINK, MUITO BOM, FALOU TUDO! CÃO DE RAÇA NÃO É STATUS! A MAIORIA DAS PESSOAS SEJAM RICAS OU POBRES, QUEREM ANIMAIS DE RAÇA PARA OSTENTAR AOS AMIGOS E PARENTES. PRINCIPALMENTE AS CRIANÇAS QUE AO INICIAR ESCOLARIDADE SÃO DISCRIMINADAS PELOS COLEGAS DE ESCOLA QUANDO FALAM QUE POSSUEM UM CÃO VIRA LATA E X OU Y TEM UM “YOKSHIRE” OU UM “TERRA NOVA”, AH ESSES SÃO OS MELHORES DA ESCOLA, POR ISSO AS CRIANÇAS QUEREM UM CÃO DE RAÇA, PARA DAR STATUS, ASSIM COMO OS ADULTOS! PURA IGNORANCIA E RETROCESSO HUMANO!
A questão de status é real, e muito triste. Espero que as pessoas mudem com o tempo, e percebam que animais não são COISAS.