Fiquei muito tentada a escrever a minha história, mas, ao mesmo tempo, muito envergonhada.
Conheci o blog, como muita gente, através do Delícias Cremosas. Um dia, na faculdade, fuçando na internet, dei de cara com o blog. E, como muita gente falou, entre tantas mulheres, você foi a que mais me chamou atenção.
De lá para o seu blog pessoal, foi um pulo. E eu me vi encantada com o que você escrevia. Você representava quase tudo que eu queria ser. Muitas vezes parei para pensar no que você dizia, sobre a vida, sobre relacionamentos, sobre os animais. Discordei de muitas coisas também, mas você realmente tem o dom de lançar a sementinha, de fazer com que as pessoas reflitam.
Adorava os posts e as fotos dos furões. Eu vi um furão pela primeira vez no seu blog e achei o máximo!
Coincidentemente, algum tempo depois, comecei a namorar um rapaz que comprou um furão. E outro. E outro. E conviver com aqueles bichinhos era uma alegria.
E eu sempre corria pro seu blog para saber mais sobre eles. Lembro que uma vez te escrevi porque um dos meninos estava doente e eu não achava veterinário aqui em Brasília, e você foi extremamente solícita, me indicando um vet de SP mesmo, que me atendeu por telefone e ajudou. Infelizmente, um dos furões morreu, pq aqui não existe nenhum vet especializado.
E foi através do seu blog que eu descobri o quanto é cruel esse mercado de furões. Apesar de serem bichinhos maravilhosos, não merecem esse sofrimento todo que inevitavelmente passam.
E quando meu namorado morreu, eu tive que tomar a decisão de cuidar dos furões. E a única pessoa em que pensei foi em você. Eu sabia que você poderia me ajudar. Mas não imaginava que seria com tanto amor e carinho.
Sou eternamente grata a você, ao Fer, por terem adotado os dois furõezinhos da minha vida. Eu sei o quanto eles foram amados e cuidados por você. E isso não tem preço.
Infelizmente, não tive a oportunidade de conhecê-la e ao Fer, mas me sinto ligada a vocês, pelo amor ao bichos.
Me sinto meio culpada por nunca mais ter te procurado, ter falado com você, ter agradecido mais.
Queria apenas que você soubesse que fez MUITA diferença na minha vida.
Beijos,
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tinha que ser a paula pra trazer essa história e me fazer chorar de novo, emocionada com tanta coisa linda que aconteceu nestes anos, aqui do meu lado e do lado de quem lê.
não dá pra falar sobre essa história sem trazer os posts da época: esse aqui que menciona a adoção do gollum e fênix, e esse outro que mostra foto das criaturinhas já adaptadas.
descobri que a paula lia o blog e me acompanhava assiduamente hoje. ela é tímida e muito discreta, e acabamos nos falando por causa dos furões. ela precisava de ajuda com veterinário em brasília, e eu indiquei a “nossa” vet pra ajudá-la. infelizmente não ajudou, e o hulk se foi. descobri que ela namorava um rapaz que tinha 3 furões (maluco como nós!), todos com nomes de personagens de quadrinhos. achei o máximo!
(e não deixo de insistir: leia esse post, caso você deseje comprar um furão, e por favor não compre. leia esse também, caso você crie seus furões presos. solte os pobrezinhos)
pois que em setembro de 2005 perco o pixel. meu furão mais amado, querido, idolatrado, meu primeiro. foi-se por incompetência de um veterinário que não soube diagnosticá-lo e por ignorância da nossa parte, que ainda não conhecíamos os bichinhos tão bem. logo depois, menos de 1 mês, na verdade, uma bomba: a paula me liga no celular (e não esqueço jamais a cena, lembro onde estava, com quem, qual era a cor daquele dia), me contando sem jeito e ainda em choque que seu namorado (jovem, gente, um menino) morrera num acidente de carro e ela estava com os 2 furões, sem saber o que fazer. e que só pensou em mim, que eu poderia adotá-los, ajudá-la de alguma forma.
eu estava então com 3 furões (pretinha e groo, recém-adotados, e didi), mas não titubeei: disse sim pra paula. não queria separá-los, queria ajudar a paula e queria também que eles fossem felizes.
ela então combinou tudo com o fer, e mandou os pequenos pra gente de avião. quando eles chegaram, o fer quase morre do coração, porque o gollum era muito parecido com o pixel, muito. mas só na aparência – tudo o que o pixel tinha de doce o gollum tinha de tosco. um animal selvagem e hilariante. acho que os momentos mais engraçados da nossa história com furões foram protagonizados por aquela criatura de outro planeta. eles eram lindos, fofos, carinhosos e se adaptaram perfeitamente à casa.
fomos muito, muito felizes com as pestinhas que a paula nos doou tão generosamente. sei que ajudamos você, paula, mas quero que você saiba que eles nos deram tanto carinho e diversão de volta que pra nós foi ao contrário. você, através deles, nos ajudou a ser mais felizes e melhores.
o gollum se foi 2 anos depois de ter chegado à nossa casa. descobrimos que ele tinha câncer de pâncreas (que foi operado, mas o levou à diabetes, que depois sumiu misteriosamente), que depois evoluiu para uma leucemia fulminante (entre percebermos a doença e ele ir embora foram 3 dias!). agradeço cada dia que ele esteve conosco, e acho que foi o melhor que podia ter sido. ele passou por poucas e boas, mas sempre daquele jeitão comilão e bem-humorado dele, malcriado e arteiro. ele foi o furão mais divertido que já conheci.
e a fênix, pobrezinha… era usada de pano de chão pelo gollum. a bichinha era a doçura em forma de furão, toda quietinha, vivia tentando passar despercebida pelos outros, que tripudiavam em cima dela. uma coisinha fofa e querida, carinhosa, tímida. mas ela brincava muito com a gente, do jeito dela, e depois que o gollum se foi, ela se soltou mais, ficou mais ousada (ele era terrível com ela!). a fênix ficou com a gente até o início do ano passado, e se foi de repente. novamente, vítima de um câncer (ósseo, no caso dela) que era impossível de detectar (só percebemos que tinha algo errado porque ela estava andando esquisito de manhã e à tarde não conseguia andar mais). só descobrimos a causa na necrópsia, um dos casos de doença mais malucos que nossa vet já viu.
animaizinhos especiais, esses dois. entraram na nossa vida e tomaram conta, fizeram sua história, e tudo graças à paula. eu sei que a história que originou a adoção é muito triste, mas não consigo deixar de pensar que essa consequência foi feliz. de uma história tão trágica nasceu uma história que podemos contar pros filhos, netos, amigos. uma história de solidariedade, amizade, amor e felicidade.
paula, veja: pode ser até inconsciente, mas entendo perfeitamente sua dificuldade em se aproximar de nós dois depois da adoção. nós dois, por adotarmos os “filhos” do seu namorado, somos um elo com aquele evento. não sei se é possível pra você pensar em nós sem pensar nele, na tragédia, e de certa forma reviver aquilo tudo.
saiba que você fez uma diferença imensa na nossa vida, e somos muito gratos por ter confiado a nós tamanho tesouro. você bem sabe o quanto nós amamos aqueles pestinhas, e eles nos fizeram muito felizes. muito obrigada, querida, de coração.
continuamos aqui, pro que der e vier, viu? conte sempre conosco. você tem um lugar especial no nosso coração.
Aprendi a fazer o bem sem esperar nada em troca aqui, nesse blog, com essa pessoa sensacional.
=)
Realmente, de momentos tristes vieram lições importantes e uma brecha para a felicidade.
Obrigada. Sempre.