esse é fácil também: o gene egoísta.
o livro me foi apresentado no começo da década de 90 por um colega de trabalho da USP (que a propósito é uma figura singular, fundador do genismo (recomendo conhecer o site, nem que seja para se divertir :))
sempre tive uma grande curiosidade em relação a religiões e o que vou chamar de espiritualidade. meus pais acreditam em deus, mas não são religiosos. suas famílias são católicas não praticantes, e como é comum no brasil, misturam várias religiões (espiritismo, catolicismo, entre outras). meus padrinhos (sempre foram muito próximos dos meus pais) de batismo (na igreja, por exigência das avós) eram pai e mãe de santo. pois é.
fomos criados sem nenhum tipo de educação religiosa, e só o que era perguntado por nós era de alguma forma respondido. mas meus pais sempre foram do tipo “vocês escolhem o que querem acreditar, quando tiverem idade pra decidir”, e iam levando sem imposição nenhuma, mas também sem grandes esclarecimentos. cresci investigando, sempre que podia (e creio que meu interesse em estudar história veio da curiosidade em relação à religião e crenças).
nesse meio tempo, vira e mexe estávamos em igrejas pra casamentos e batizados, bem como assistindo aos rituais de candomblé dos meus padrinhos 😀
cresci, estudei e investiguei, e nenhuma religião fez sentido pra mim. além da questão de fazer sentido, confesso que jamais me identifiquei com a fé religiosa, sempre fui questionadora e muito racional. nenhuma religião ou fé me convenceu. e no processo de busca, percebi que a possibilidade de não haver nada além deste plano de existência não era assustadora pra mim. eu realmente nunca me senti desconfortável com a idéia de um mundo sem deus, shiva, alá, seja lá o que fosse. tampouco me amedronta a idéia de não haver alma, reencarnação, vida após a morte, paraíso ou inferno. o assunto então deixou de ter importância, até que…
… esse livro me fez FELIZ. ele explica porque somos como somos, e quão perfeito é o mecanismo de tornar-se inconscientemente eterno. entendi o que nos move, o que move a todos os seres que se reproduzem, mesmo que não saibam. e percebi, finalmente, que não é preciso um “grande arquiteto”, a vida é por si só, sem intervenção e sem “back office”.
este livro é obrigatório para os que buscam respostas e querem entender o que é ser humano, o que é pertencer a esta espécie. para apreciar este livro não é preciso ser ateu, mas é essencial ser humilde, e ver-se como mais um dos tantos animais existentes e não com um ser especial feito à semelhança de algum deus. é um belíssimo livro, que merece ser lido e relido muitas vezes.
a questão central do livro é que somos meros hospedeiros dos nossos genes, somos “transportadores” pré-programados para perpetuá-los e protegê-los enquanto os espalhamos pelo mundo. nosso comportamento básico serve única e exclusivamente para atender aos propósitos de perpetuação genética. e os genes, minha gente, não são bonzinhos 😀 a competição é acirrada, e quem tiver mais genes bem-sucedidos espalhados pelo mundo está em vantagem.
a idéia é difícil de engolir, não somente porque nos coloca em posição bem inferior aos escolhidos de deus, feitos à sua imagem e semelhança, mas principalmente porque nos retrata como seres dispostos a fazer TUDO para garantir a continuidade dos nossos genes. tudo mesmo. não é uma imagem bonita.
sou fã do livro, sou fã do autor e, bem, sou atéia. e embora não tenha fé religiosa, tenho uma imensa fé na vida e no futuro, e justamente por acreditar que a vida que temos é essa e somente essa, vivo sempre procurando o melhor de cada dia, cada pessoa, cada experiência.
bote seus neuroninhos pra funcionar, abra a mente, leia o livro.
Pô, Zel, tuas indicações são o máximo, vou querer ler logo esse aí, me identifiquei muito com teu texto.
tou acompanhando as suas também, c tá indicando muita coisa que eu não li! 😀 obrigada pelo desafio, tou adorando.