Ain, gente, esse orgulho de ser nerd, geek, sei lá, hipster, ou <coloque aqui qualquer rótulo que faça você parecer “diferenciado” ou mais antenado ou mais inteligente>:
Ego, puro e simples. Desejo de pertencer, inclusive quando tenta se diferenciar.
Um dos motivos do baque que levei no sábado foi justamente esse: quando se está envolvido com diversidade e inclusão, cabe continuar usando rótulos? Por que rótulos são importantes, e por que precisamos criar checklists para aplicar rótulos?
(Você não é nerd se não sabe programar; você não é geek se compra bonequinho na Americanas)
Será que eu consigo me definir e me apresentar para as pessoas sem rotular a mim mesma?
Coloquei um desafio pra mim mesma: tentarei não me rotular na próxima oportunidade que tiver de me apresentar. Não sei o que acontecerá, mas sei que preciso parar de pensar que sou especial, ou melhor que alguém de acordo com critérios subjetivos que eu inventei e tento continuamente reforçar pra mim mesma.
Ser nerd, ter estudado na USP, ser mãe ou morar em Vinhedo são informações que podem parecer úteis pra entender quem eu sou, mas vejam que recorte conveniente: eu poderia dizer que estudei na Escola Municipal de 1o grau Cacilda Becker, nasci na Cidade Vargas e sou fã do Benito di Paula.
Eu só vou dizer que sou fã do Benito di Paula pra quem isso puder parecer cool (pra impressionar) ou pra quem é fã (pra pertencer). Ou pra chocar.
Todo auto-rótulo é ególatra, e tem propósito auto-indulgente. Quando aplicado ao outro, é julgador e limitador. Faço isso o tempo todo com meu filho (e com todo mundo): ele é introvertido (será?); fulana é inteligente (será mesmo? Em que aspecto?)
Foi sobre isso minha crise no sábado — para ser inclusiva eu preciso parar de rotular. Mas de parar de rotular, como me relacionar?
Participei das prisões do Alex, e essa minha reflexão me lembra do exercício de comentar sobre uma história de outra pessoa sem julgar, oferecer opinião e nem dizer nada sobre mim mesma.
Experimentem as 2 coisas. E entrem em parafuso junto comigo.