Detesto me ver em fotos e vídeos, raríssimas exceções. Só nas poucas vezes na vida em que estive mais magra é que achei que tava OK em fotos e vídeos. Sempre me acho gorda, velha, com papo, cabelo esquisito, pele péssima.
(Quando me vejo no espelho é igual; pior até. Mas me vejo pouco. Minha casa não tem muitos espelhos e aprendi a não olhar muito pra eles, ficou meio automático)
Ontem fiquei pensando — se não existissem fotos e/ou vídeos, espelhos pra tudo que é lado, como seria a relação com nosso corpo, nossa aparência? Totalmente diferente, eu acho. Nos importaríamos menos com isso.
Gostaria de migrar o espaço que criei no meu blog pra um canal, mas não quero fazer vídeos. Eu ficaria a maior parte do tempo preocupada com minha aparência. Não ser padrão é um peso — a gente se sente na obrigação de mudar, de se adequar.
Quem sabe faço podcasts? Um canal só de áudio? Algo que me permita esquecer minha aparência e gastar minha energia com outras coisas (escrever é bom por isso; foda-se nossa aparência. Aparece nossa essência)
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Pensei mais uma coisa aqui com meus botões: quando se trata de estar magra, ou ter pele bonita, ou algo que possa ser “consertado”, a gente pode se sacrificar e se adequar. Dieta, exercício, plástica, maquiagem.
E quando tivermos deficiência?
E quando envelhecermos?
Por que temos que passar a vida tentando nos adequar ao invés de aceitarmos com tranquilidade quem somos naquele momento?
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Por isso me obrigo há alguns anos a confrontar minha própria imagem, mesmo que não me aceite completamente. Meu corpo é um veículo. Ele me permite fazer quase tudo que eu quero (dançar hip hop eu preciso testar; escalar não sei se rola…), ele me serve, é saudável.
E se não amo minha aparência toda, em fotos e vídeos, tento amar partes, pedaços, me corto em quebra-cabeça, e monto pouco a pouco.
46 estão chegando. Hei de estar inteira quando a velhice chegar.