Adoro fazer trabalho voluntário de forma geral, mas gosto mais ainda quando é pra ajudar outras mulheres a se desenvolverem na carreira. Sempre aceito pedidos de mentoria, palestra, coaching, bate-papo, apoio, treinamento, enfim. Quero ver a mulherada liderando, com confiança.
Hoje fui voluntária num painel sobre carreira, de mulheres mais (cof cof) experientes para mulheres líderes iniciando nessa carreira. Aprendo tanto com esses eventos que tenho a sensação que eu é que devia pagar pra estar lá, sabe? É sempre maravilhoso.
Mas nada poderia me preparar pra hoje.
Alê e eu respondemos muitas perguntas e dúvidas, todas ótimas. Falamos da importância de ser flexível, mas assertivas; falamos de liderar por influência e não por autoridade, e de não ter medo de errar. Ou melhor: ter medo sim, mas não deixar que isso nos impeça de arriscar. Permitir-se errar. Praticar a generosidade ao olhar para o outro, e trabalhar em conjunto aproveitando as diferentes qualidades dos colegas e equipe pra nos tornarmos líderes melhores.
Neste ambiente, e neste contexto, nem surgiu o tema representatividade de mulheres na tecnologia, porque afinal todas sabemos como é.
Aí no final, na última pergunta, essa moça (a Karla; só lembrei do nome dela depois de ver o crachá) pegou o microfone e contou essa história:
“Você não deve lembrar de mim, mas te conheci há 11 anos. Eu era estagiária, na equipe do Fulano e Beltrano, eles sempre foram muito legais e me ensinaram muito sobre TI, mas eu nunca senti que podia progredir nessa carreira. Eu achava que só serviria pra servir cafezinho.
Aí um dia você chegou, e deu uma palestra pra gente [era um treinamento sobre gerência de projetos, para TI e para o time de negócios] e eu pensei ‘nossa, EU POSSO SER COMO ELA! Eu também posso chegar a essa posição!’.
Eu saí de lá, não fui efetivada, mas sabia que era ali naquela posição que eu queria estar — de líder. Sendo mulher. Eu não ia servir cafezinho.”
Tou escrevendo aqui enquanto lembro, e chorando tudo de novo. Eu vi a Alê chorando ali também do meu lado, porque
PUTAQUEPARIU
é pra isso que a gente tá aqui, ok? Pra ajudar as outras. Pra mostrar que a gente pode ser o que a gente bem quiser. E arriscar, se expor, ABRIR esse espaço importa, e muito.
Amigas, queridas: se exponham. Abram espaço, ouçam essas mulheres que rodeiam vocês, sejam exemplo pra suas amigas, irmãs, filhas, primas, sobrinhas, vizinhas, ou uma estagiária.
O fato de EXISTIRMOS, e ocuparmos os espaços, faz diferença.
Não sei como agradecer à Karla por me contar essa história.
Perguntaram antes dessa história pra gente “como você quer ser lembrada? Qual o legado que você quer deixar?”
Eu quero ajudar outras pessoas a serem versões melhores delas mesmas. É isso que eu quero pra mim também: ser melhor, me orgulhar do meu caminho, encontrar formas de ser melhor e ajudar os outros.
Pelo menos hoje eu sei que consegui ajudar UMA moça. Não tem medida pro tamanho da minha alegria.
Obrigada, Karla, por persistir e acreditar em você mesma; obrigada Carine, pela oportunidade; obrigada Alê por não me deixar chorar sozinha.
😘❤👊🏻