(sem título)

narciso

é gostoso falar de arte com quem não “entende” de arte e suas teorias. esses dias eu conversei com os meninos que trabalham comigo sobre arte moderna, pois eles não entendiam porque diabos os pintores não pintam mais como rafael ou caravaggio. achavam mirós e mondrians o fim da picada, “até eu desenho aquilo!”. é interessante observar como muitas pessoas ainda hoje só se identificam com o que é reflexo delas mesmas. obras de arte que não apresentem imagens associáveis à realidade são “feias”. tudo aquilo que não entendem, é ruim. eu, que não sou nenhuma intelectual nem profunda conhecedora das artes, me sinto um tanto deslocada no mundo, às vezes. eu vejo um kandinsky e choro (de fato, não é retórico: vou ao george pompidou e choro como criança), não porque é “o quadro famoso”, mas porque de alguma forma aquilo me toca mesmo sem a compreensão, sem a identificação. ou será que eu, por saber que ali há mais do que cores e formas, há idéias, me sinto tocada? não sei. o que sei é que a natureza humana é fantástica, e mesmo pensar e falar dessas coisas na caminhada de volta do almoço me dá uma forte sensação de poder: estou viva, e penso; estou viva, e sinto.

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