passagens
ele — meu dragão — está quase acabado. faltam as patas, alguns retoques e os olhos (que vão torná-lo “vivo”). depois de 2 anos eu finalmente vou acabar essa tatuagem e acho que por um longo tempo não quero pensar em sentir dor de novo. é curioso perceber que — entre outras mudanças radicais — minha sensibilidade à dor aumentou muito. eu era pouco sensível à dor. lembro perfeitamente de fazer esta tatuagem por horas seguidas (2 ou 3 horas) e suportar tranquilamente. é claro que doía, mas eu não sentia tanto quanto tenho sentido nestas últimas vezes. acho que meu corpo se harmonizou com minhas emoções, e quanto mais me deixo ser sensível por dentro, mais fico sensível por fora também.
gostei dessa mudança. é uma boa hora para terminar esse dragão e terminar também uma fase, um ciclo de vida. comecei ali, naquele 14 de novembro de 2001, uma nova fase da minha vida. essa transformação durou esses 2 anos e tanto. saí de um extremo em 2001 só para encontrar o seu exato oposto em 2002. em 2003 decidi buscar o equilíbrio e foi um ano de muita reflexão. antes do meu aniversário — meu fechamento de ciclo — já estarei com tudo acertado. não há de ser coincidência.