saudosismo
ando com a (certamente falsa) impressão que escrevo melhor quando estou triste ou melancólica ou sofrendo como uma condenada. vira e mexe leio blogs aqui e ali e sempre acho que os textos “melhores” são aqueles cheios de tristeza e desconsolo expressos em metáforas e mensagens subentendidas, imagens perdidas, sentimentos espalhados, poesia entornada (roubei do chico, com licença). será? é fácil ceder aos apelos de textos assim. eu mesma me derreto toda e fico babando no celofane. por que diabos a melancolia é tão sedutora? às vezes dá saudade de sentir de novo aquela dor molhada que dá vontade de se enrolar no tapetinho do banheiro em posição de feto. só pra ver se aqueles textos cheios de sentimento aparecem de novo, brotam. mas aí eu penso naqueles textos deliciosos da paula — a mais tosca e podre das criaturas — e falo alto “canta pra subir!”. tá vendo, sua tonta? (essa sou eu mesma falando comigo) textos deliciosos e sem dramas, porque sofrimento a gente entrega na mão do senhor jesus e coloca o copo d’água com a vela do lado na hora da ave maria do padre marcelo, e pronto. depois a gente joga a água na jibóia da varanda e ela cresce que é uma beleza.