gracinha de texto do polzonoff (ele vai odiar o adjetivo, mas tudo bem) sobre a própria morte. um gancho bom prum assunto que vira e mexe me incomoda: a hora de morrer. claro que eu tenho medo de morrer. na verdade eu não queria morrer, queria ir ficando, ficando, só mais um pouquinho, sabe como é. mas já que tenho que ir, a última coisa que queria é morrer em hospital, total e completamente assistida por pessoas que não dão um tostão por mim.
então, esse é meu fantasma: morrer num quarto branco de hospital com enfermeiros por perto. hoje em dia ninguém mais morre em casa, né? com amigos, parentes por perto, todo mundo se despedindo, aproveitando o finzinho pra colocar as coisas em dia. penso que pediria as coisas mais esquisitas, aquele bolinho de arroz que não como desde moleca ou o bolo com cobertura de chocolate e café que a vó fazia e ninguém faz igual. cheia de manias, ia bater com uma begala na cabeça de algum neto pentelho que não quisesse ir buscar água ou falasse alto demais. ia chorar as coisas ruins e lembrar as boas, com as mãos seguras pelos meus entes queridos (ui!).
pode ser impressão, mas me parece que a morte antes era um processo, um capítulo. hoje virou tão-somente um incômodo asséptico. eu quero morrer à moda antiga! (até que o sandman me ofereça a vida eterna — eu bem que queria)
Ah, Zel, vida eterna deve ser um saco.
eu quero morrer vendo o por do sol. ah, que blasé.
ah, eu queria vida eterna com opção de rescisão de contrato a qualquer momento. vai dizer que não é tentador?
First time reading this blog, just wanted to say hi.