meu guri

hoje o caçula lá de casa faz 30 anos. meu irmão mais novo: o pentelho, o sem-noção, o desbocado, briguento, palhaço, irresponsável, grosso. 30 anos com mentalidade de 13 (e nunca vai mudar, que eu sei). mas ele é também divertido, alto astral, inteligente (daquele jeito dele), carinhoso. ele ainda é aquele menininho lourinho de cabelo de tigela que apanhava de mim e quebrava todos os meus brinquedos. ele é também aquele moleque endiabrado que brincava comigo de bicicleta e sempre me acompanhava nas trilhas no meio do mato, nos saltos mortais em rio e mar (que nossa mãe nunca sonhe com as maluquices que fazíamos), nos mergulhos pra procurar ouriços. até hoje não acredito que aquele pirralho tem uma filha — que aliás é tão endiabrada quanto ele –, afinal, ele não cresceu! ele brinca de polícia e bandido com a menina, joga capoeira no quintal e briga com a minha mãe porque ela coloca gengibre no peixe (ele odeia). ele não tem a menor consideração pelos pertences alheios, tem cabeça de vento, deve e não paga (e nega enquanto puder), tira sarro de cego e aleijado na rua, passa a mão na bunda dos travecos fazendo ponto na rua, beija todos os amigos (como nós meninas costumamos fazer). ele é, como todo irmão, aquele que desperta ódios profundos e uma ternura sem fim. pra mim ele sempre vai ser um menino lourinho e despenteado, de cara suja de terra e morto de fome, sempre. eu amo aquele menino e tudo o que desejo hoje e sempre é que ele seja muito, muito feliz.

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