não sei se alguém repara, mas os meus textos mudaram muito. eu releio textos de 2000, 2001 e 2002 e confesso que fico um pouco constrangida; por que diabos eu expunha minha vida daquela forma? acho que no fundo eu sei, mas não sei se quero pensar nisso, sim, ainda é cedo. sequer entro no mérito da qualidade do texto, afinal eu sempre escrevi bem, independente do assunto. os textos são corretos, legíveis e às vezes até bons. mas não é disso que se trata: isso aqui era BBB escrito. e isso não quer dizer que é “reality”, não, só quer dizer que era mostrado como realidade mas era fantasia real, se é que me entendem. quando a gente vive a fantasia e acredita nela, torna-se de certa forma real. de uma forma dolorida, na verdade, pois lá no fundo a gente sabe como as coisas verdadeiramente são.
eu sempre vivi cercada de barulho e muitas pessoas. sempre quis agradar, ser legal, fazer os outros felizes — não exatamente pelo altruísmo mas porque assim me sentia útil, viva, necessária. eu ouvi muito pouco meus pensamentos, me distraí com os barulhos ao redor. e se ficava muito silencioso eu rapidamente ligava o som ou achava alguém pra me distrair novamente. eu escrevia para que as coisas fossem realidade. escrevi algo sobre o poder das palavras, essa semana, e é isso: transformar desejos em palavras cria mundos, transforma realidades. é como tecer: você enrosca os fios e cria uma trama por cima do forro do tapete. não é à toa que me foi dito que sou uma legítima sereia, com o poder da voz. faço magia com as palavras, de uma forma muito maior que qualquer post nesse blog pode explicar. alguns nascem com o dom da beleza, eu não: nasci com o dom de encantar. pois que assim seja.
assim foi, eu desfiei minhas histórias escritas e por muitos meses e anos as pessoas voltavam aqui e liam minhas tramas, andavam nos meus tapetes. talvez elas vivessem um pouco do que eu criava, talvez elas duvidassem só um pouco mas ainda assim se encantavam (pro bem ou pro mal, não importa). o que eu sei é que em algum momento perdi a voz e a magia se quebrou, eu vi uma casa de chão nu. não sei até que ponto as pessoas perceberam a mudança, o fato é que muitos já não voltam aqui, não vêem mais tanta graça no que escrevo, e eu entendo. já não escrevo mais como a sereia canta na pedra, chamando os marinheiros sem nenhum propósito. sim, eu continuo sereia pois essa é a minha natureza, mas faço isso agora só quando quero e não porque preciso; o faço como oferecimento e não para me proteger.
hoje tenho um espelho verdadeiro, no qual me vejo sem disfarçar as imperfeições — não gosto de olhar muito pra ele. no entanto, pouco a pouco, me forço a olhar e ver as coisas que quero e posso mudar e ao mesmo tempo percebo pequenas coisas em mim que de fato gosto. gosto mesmo. acredito que não é possível amar de verdade sem olhar o todo, principalmente as partes que não gostamos. amar completamente inclui ver os defeitos, sim. eu já me apaixonei pela fantasia de mim mesma e brinquei de narciso aqui por inúmeros dias, com expectadores se divertindo com a história. hoje eu gosto cada vez mais de mim independente das palavras; descubro que erro mas posso acertar e que tenho muitos vir-a-ser escondidos, esperando pra nascer. a possibilidade de mudança é minha fonte da eterna juventude, razão de viver e de encarar um dia novo. que venham mais.
Ni,
Eu gosto muito mais de você escrevendo hoje do que em tempos atras.
É mais divertido, real, sincero, original.
Menos internético, menos IRC!
Eu prefiro assim!
Beijos
ai, IRC doeu… eu já imagino falando “írque” *HAHHAHAH* mas era mesmo. ainda bem que mudou, né? 😀
Conheço seu blog a pouco tempo, gostei daqui desde a primeira vez.
Existem blog e blogs, texto e textos.
Este que voce escreveu e lindo palavra por palavra
mesmo sem te conhecer, deu para imaginar o quanto voce deve ser uma pessoa Especial.
Bj
Voltarei sempre.
Beto
Zel,
“vc se expõe muito…” alguém me disse isso recentemente e lendo este post acho que a “ficha caiu”.
Bem, só quero te falar que essa sua nova fase está me ajudando muito, como está provado agora. É o canto da sereia…
Obrigada, amiga!
Beijocas
pandora, my darling, você não sabe como demorou pra cair minha ficha… se a sua caiu mesmo, fique feliz 😀
Zeldim, a gente já falou um pouco sobre isso, e eu já disse que gosto mais agora. Assim como gosto mais de mim(do que eu escrevo) agora. E até já estive também na posição de dizer “você se expõe muito”. Bendita ficha caída 🙂