uma semana atrás eu conversava com uma colega de trabalho dos US, porto-riquenha, sobre as injustiças do mundo dos executivos. ela tem filhos, e observou em várias ocasiões o quanto isso afetava as oportunidades de trabalho dela; na verdade, ela viu outras colegas sendo promovidas (as solteiras) enquanto as mães ficavam ali, de molho. a verdade é dura: nas grandes corporações, no mundo do “business”, as mulheres (pouquíssimas) que chegam ao topo são mesmo solteiras e sem filhos. as poucas que conheço que têm filhos são mães culpadas e ausentes, pra não falar da amargura. pra ser sincera, só conheço uma mulher que é executiva e é um doce, casada e com filhos. mas passa 15h por dia na empresa, veja só.
durante a conversa com minha amiga, lembrei de um artigo que recebi por email falando desse assunto, mas o autor levantava outra lebre: será que a realidade do mundo executivo dominado pelos homens não tem relação com a recusa feminina de se entregar de corpo e alma para a empresa? ele pergunta quantas mulheres estão dispostas a abrir mão da sua vida pessoal para trabalhar em uma empresa sei-lá-quantas horas por dia. quantas de nós abrem mão do tempo com família, filhos, namorados ou mesmo sozinhas para ficar trabalhando? quantas de nós, quando têm problemas pessoais, deixam pra lá e trabalham do mesmo jeito?
interessante, isso. já estive no outro lado e abri mão da minha vida por meses, anos, trabalhando feito louca. fiz isso por dinheiro, poder, mulheres, homens? que nada, fiz porque precisava desesperadamente provar pra mim mesma que sirvo pra alguma coisa. atropelei minhas vontades e necessidades em busca dessa prova, que não veio nem virá dessa fonte. aos poucos caiu minha ficha e percebi que não precisava me dedicar tanto assim ao trabalho, que podia me dedicar a mim mesma, aos outros, ao que quer que fosse. é verdade que não é fácil lidar com o sentir-se inútil (pois não ouvimos desde sempre que quem não trabalha é inútil, vagabundo, fracassado?) mas é preciso encarar a realidade, olhar lá pra dentro e ver o que de fato interessa na vida. de que vale tanta dedicação, empenho, “commitment”? no fundo, o mergulho no trabalho tinha muito de fuga, é melhor permanecer se dedicando ao que sabemos que de certa forma funciona bem (e temos boas desculpas). o que fazer com o tempo livre, afinal?
as primeiras vezes de tardes/noites livres foram assustadoras. ainda hoje às vezes bate um medo quando chego em casa de dia, a casa vazia. agora sou eu e eu, não tem tarefa nem prazo e muito menos desculpa. admiro os que brigam para ter seu espaço e tempo, que sabem delimitar e aproveitar seu domínio com conforto.
mas eu mudei de assunto, e o que queria dizer é que o mundo do “business” não dá a nós, mulheres, muita escolha. temos que exceder expectativas para que nos reconheçam, temos que ser muito melhores que os homens para que nos considerem no mesmo nível. além disso, já assumem como premissa que não nos dedicaremos tanto quanto eles. verdade ou não para a maioria, devíamos ter escolha. eu gostaria de poder dizer “não”, com consciência, ou dizer “sim”, se fosse do meu interesse. na prática, ficamos nós outras nos sentindo pressionadas e de certa forma excluídas. além, é claro, de cuidarmos nas nossas casas e famílias, na segunda jornada do dia.
cada vez que penso que estou 8h/dia longe dos meus amigos e família, que gasto pelo menos 1/3 do meu dia numa atividade que me deixa cansada a ponto de não fazer mais nada com os outros 2/3, dá vontade de largar tudo e ir vender pulseirinha na praia. felizmente o mecanismo é bem-feito e eu acabo tendo prazer com os desafios e vou ficando, só até o fim do ano (sabe deus qual).
Oi Zel,
Tem dias que a gente se sente…..a gente quer ter voz ativa…mais eis que chega roda viva e leva o destino….
Nada como um dia após o outro. Curta a sua competência e tenha orgulho dela.
beijo
guiga
Cá entre nós, eu não presto pra viver o resto da vida nesse mundinho de tecnologia não. É por essas e outras que já planejei meu futuro pra daqui uns 15 anos: “vendê água dí côco” [lêia com sótáqui báiânu].
Até lá, comprar todas essas coisas que todo mundo acha importante [tá bom, vai! é importante mesmo]: casa/apartamento, carro, cultura, competência e plano de previdência privada [que eu não sou besta, hehehe].
Ah, e vai ter que ser no sul da Bahia, ali pros lados de Trancoso, Caraívas, Alcobaça ou Abrólios, que é onde as baleias amamentam seus filhotes durante a primavera. Lá eu me arranjo com alguém pra me fazer cafuné [e fazer um amor manhosinho, como todo mundo merece].
Com isso tudo, eu só quis dizer que não tem jeito, a gente tem mesmo que fazer um puta dum estágio de camelo pra aprender que investir na carreira é tão importante quanto investir na gente, na nossa felicidade e satisfação, é muito mais importante.
Fica a grande pergunta: e porque mesmo sabendo disso aos 22 anos, a gente não toma jeito, né?
Concordo com o Guto… a gente precisa ralar muito, para conseguir uma carreira, para depois descobrirmos que carreira e méritos, sozinho, não preenche o vazio que temos em nós. Mas aí já piorou a situação, pois já perdemos tanto tempo trabalhando, estudando, que nos afastamos do mundo real, dos amigos…
É por essas e outras que sua irmã, dramática com sou e você sabe bem, estou a ponto de morrer asfixiada por não conseguir respirar de tanto stress (estou com muita falta de ar mesmo).
E sabe porque? Pra mostrar que presta por alguma coisa!
Mas esse stress é exatamente porque não estou conseguindo mostrar que eu presto pra alguma coisa (e sei que presto), por causa de pessoas incompetentes que querem derrubar quem trabalha e faz acontecer.
Bjs
Hi!
trucchi ps2
suonerie polifoniche
Nice post!
Yes, i got it
Hi, this is my greeting.