eu, tatu

em meus 32 anos de vida nunca fui tão reclusa. está sendo uma experiência curiosa mas muito boa também. já vivi a época de sair todos os dias, todas as noites, ir dançar, ir a exposições, teatro, cinema, festas, cafés e qualquer outra coisa que me tirasse de casa. era como se ficar em casa fosse uma maldição. aquela minha famosa casa da castro alves foi uma demonstração disso: depois de 1 ano e meio, quando me mudei havia uma série de coisas jamais desencaixotadas, quadros que nunca foram pendurados e tantas outras coisas.

depois de muita porrada e umas boas rasteiras não esperadas, acho que começo a ver minha casa com outros olhos: ela foi a concretização da busca pelo meu espaço — no sentido mais amplo. é mais fácil começar pelas coisas concretas, pelo menos pra mim, e me descobri comprando potes de vidro específicos para as coisas que queria: um para arroz, outro pra feijão, aquele para o açúcar e um separado para o macarrão. todos lindos, do jeito que eu gosto, nada de improviso. joguei fora todos os vasilhames de plástico sem tampa, as coisas velhas, feias e arranhadas (na verdade, deixei essas coisas pra quem merecia), fui comprando coisas novas e adequadas para o seu uso. do mesmo jeito, comecei a reorganizar meus sentimentos, procurar meu espaço não-concreto, e aos poucos estou encontrando. no silêncio, comecei a me ouvir mais.

ainda não entendi esse meu jeito de ir aos extremos para finalmente achar o equilíbrio, então resolvi simplesmente experimentar, deixar acontecer. mas esse é o momento da reclusão e temo que as pessoas ao meu redor não entendam isso muito bem, ou não gostem. talvez eu é não saiba me expressar bem, é mais possível. fato é que amo os meus amigos queridos, minha família, sinto saudades e penso em todos; queria que existisse uma transmissão de sentimentos sem palavras, sem ações, algo que viesse lá da minha fonte direto pra fonte deles e todos eles soubessem o que sinto.

enquanto nossa “tecnologia” não avança, meus amores, acreditem: amo vocês. e estou feliz, cada vez mais.

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  1. De quem te conhece há tempos e bem além da conta, vou dizer um troço: não espere que a gente entenda porque não é entendendo que se ama. Eu entendo o teu processo, admiro a tua força, compartilho das tuas mudanças. Mas isso não tem nada a ver com o que eu sinto e que faz parte de outro universo. E eu sinto falta de coisas embora saiba que já se foi o seu tempo de ser; espero pelo tempo de coisas novas serem porque vejo em mim também o tempo de mudanças, e elas são violentas (comigo).

    Eu permaneço, tanto pelo sentimento que você não diz, quanto pelo amor que eu vejo. Não me ocupo mais de entender, apenas aceito o que me é possível, assim como parto de ditos sentimentos prá mim tão invisíveis. Eu sigo. Acabou-se o meu tempo de amores verborrágicos e sem significado.

    E te beijo, amore.

  2. Ai, que lindo isso, Zel. Porque estou a sufocar essa idéia de sossegar, ficar quietinha, e vejo tanta serenidade nesse seu momento. Sejas feliz, querida. Bah, com amigos como o Gui (palavras doces), não há como não o ser. 😉

  3. Não consigo… nem … falar…snif, snif…

    “Ando tão a flor da pele, que qq beijo de novela me faz chorar. Ando tão a flor da pele..”

    Tenho chorado até com novela mexicana, pastelão, imagina lendo verdades.

    Se eu ler mais uma vez peço licença médica por conta da minha cara de “Aracy de Almeida”.

    Adorei. Bjs

  4. é isso aí, weno. amigos não precisam de quantidade, mas de qualidade e principalmente de “timing” 🙂 aquela coisa de estar ali com a palavra ou ombro certo quando a gente mais precisa! espero conseguir ser assim…

  5. ai meu deus! será que eh coisa de trintões?

    vim no ônibus hoje pensando exatamente nisso, marquei de sair com uma amiga, mas preferia voltar para minha casinha no final do dia… e me achei boba, feia e chata!

    te amo tb! o tempo de cada um existe e se respeita, não que se entenda sempre, mas a gente é assim…

    beijinhos

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