devagar e sempre

observo muito, nestes dias de-va-gar. com horrorizada surpresa vejo os pequenos vícios da auto-piedade, da excessiva condescendência, das mentiras tão repetidas que se tornam verdades. sinto uma leve aversão ao vício diário da reclamação, do julgamento, do auto-convencimento. sinto pena e ao mesmo tempo, alívio; me sinto livre. como quem joga roupas velhas fora, abandono vícios velhos de guerra.

e não me iludo: viciados jamais se curam, eles somente evitam. é um exercício constante. deve-se sempre evitar o primeiro gole, o primeiro trago, a primeira reclamação, a primeira mentira.

evito frituras, carne de porco e vítimas profissionais. atravesso a rua quando vejo botecos vendendo coxinhas quentinhas e quando ouço algo como “bando de filhos da puta”. as deliciosas friturinhas destroem minha pele e contribuem para os pneuzinhos, enquanto as vítimas destilam sua incompetência de viver, projetando no mundo seus fracassos individuais. sujeitar-se a elas traz tristeza e raiva, além de perda de tempo precioso.

pode ser o desenvolvimento da minha terceira década, não sei, mas desacelero e vivo mais; reduzo os convívios e eles são mais ricos. aguardo as surpresas nas próximas décadas.

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  1. Temos q filtrar nossas escolhas para que o cotidiano não sugue nossas forças e nos transforme em seres ambulantes sem ação própria.

    E nos permitir o imprevisto, sairmos por aí prontas(os) ao acaso > é bom demais se desplugar e esbarrar com pessoas novas, situações simples e inusitadas. viajar … quando a grana e o tempo estão curtos, temos q abstrair e buscar formas diferentes de perceber e sentir o mundo. não é uma fuga, necessariamente, é uma pausa, uma suspensão saudável da rotina. a arte é uma solução, por exemplo. quem tiver afim de ler um texto legal > O Cotidiano e a História, Agnes Heller.*

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