Minha mãe morreu no dia 12 de janeiro de 1978, aos 28 anos, de câncer. Deixou viúvo um ex-solteirão incorrigível, seus pais, inconsoláveis e uma menininha que estava por completar dois anos de idade. Tá, fui muito bem criada pelos meus avós, meu pai sempre foi super presente, tô aqui, sã e salva.
Mas ela sempre foi um tabu na minha família. Só muito, mas muito recentemente, suas fotos ganharam a sala de casa, suas histórias começaram a ser contadas sem que minha avó fizesse uma cara de choro ou meu tio rangesse os dentes. E isso fez com que a falta dela fosse muito maior do que precisava ser.
Não lido bem com sua morte. Quando era pequena, me "divertia" com a falta de jeito que todos ficavam quando contava que minha mãe tinha morrido. Hoje, passo pelo assunto rapidamente, como se fosse tão desimportante quanto uma recuperação de Matemática na sétima série. É difícil até entender como alguém de quem eu não tenho a menor lembrança possa fazer tanta falta. Mas faz. E o buraco só foi reconhecido quando o relógio biológico começou a ticar - e acreditem, ele demorou. Como se eu pudesse compensar o fato de não ter sido filha, sendo mãe.
0 Comentários:
Enviar um comentário
<< Início