você vai ler muita coisa por aí, tem muito site sobre o assunto, e não vou ter paciência de caçar de novo. vou contar então o que funcionou pra mim, e quem sabe você aí que veio procurar ajuda pode aproveitar…
alimentação
todo mundo vai dizer a mesma coisa, e ouça, porque têm razão: tome muita água. se você acha que toma bastante, pode dobrar, porque vai precisar. digo isso com segurança, porque eu sempre tomei pelo menos 1,5L por dia (normalmente 2L) e quando comecei a amamentar precisei aumentar pra pelo menos 3L (eu acabo medindo, porque uso garrafa de água pra poder carregar pela casa).
percebi que precisava aumentar a quantidade porque nas primeiras semanas amamentando meu intestino simplesmente travou. meu intestino é ótimo, e estava muito bem durante a gravidez e logo depois do parto (mesmo sendo cirurgia). quando o otto começou a mamar, travou tudo e me toquei: falta de água. meu corpo estava sugando TODA a água, e a prioridade obviamente não era meu intestino. só melhorei quando quase dobrei a quantidade de água, e depois de 1 ou 2 semanas regularizou geral. lembre que nos 2 ou 3 primeiros meses de amamentação o seu corpo ainda não produz quantidade exata de leite, e no meu caso eu tinha muito mais leite do que o otto conseguia mamar.
minha sugestão é que você tenha uma garrafa de 1,5L consigo sempre, e encha várias vezes ao dia (e à noite…). faz muita diferença!
quanto à comida, eu parei de comer algumas coisas, a saber: álcool, café, hortaliças e verduras que dão gases (brócoli, couve-flor, repolho), grãos que dão gases (feijão, grão de bico) e pimenta (refrigentante eu já tinha parado na gravidez, e mantive a abstinência).
algumas coisas eu moderei (comia bem pouco): açúcar, chocolate, alho e cebola. nos 3 primeiros meses fiz uma dieta bem restrita, porque tinha medo de dar cólica no otto. já vi gente dizendo que não tem nada a ver, mas preferi não arriscar.
pelo menos UMA dessas coisas na lista eu comprovei por experiência que dava gases no otto: açúcar. bastava eu exagerar no doce e o menina tinha gases, um horror.
e pra quem quer incentivo pra amamentar, tem pelo menos um: perdi 13kg em 3 meses (engordei 6kg na gravidez).
posição e procedimento
fui ensinada a amamentar o bebê sentada, com o bebê levemente reclinado pra cima, apoiando a cabecinha dele com meu braço, e assim fiz. aos poucos, achei a posição sentada que me favorecia (no caso, posição “de índio”), pois meu peito é grande e eu sou pequena. prefiro sempre cruzar as pernas e colocar o bebê meio “no meio” das pernas, é mais fácil pra mim. almofadas de amamentação não funcionaram bem pra mim. e nos dias de calor, colocava um travesseiro entre eu e o otto, porque ele é muito calorento e o contato direto de pele com pele fazia ele suar muito e se irritar.
acredito que melhor posição pra amamentar o bebê é aquela que a mãe se sente confortável e o bebê também, e não creio que haja uma regra.
pra mim, no entanto, uma coisa era importante: manter o bebê reclinado (quase querendo ficar na vertical), evitando ficar completamente na horizontal. o motivo é simples e fisiológico: os bebês nascem com seus esfíncters digestivos frouxos, e só depois do sexto mês é que vão ficar “firmes” e funcionar direito. então fiz o possível para que o otto não tivesse refluxo excessivo (que é incômodo pra ele e pra nós também, que ficamos “vomitados”), mantendo-o reclinado e fazendo arrotar direitinho ao fim da mamada.
essa questão fisiológica é o motivo de todos os bebês terem refluxo, em maior ou menor quantidade. alguns têm refluxo patológico, que necessita de intervenção e medicação, a maioria é normal mesmo. por isso o bebê tem retorno de leite (“gorfa” :)) e queijinho. alguns bebês, como otto, são glutões e não sabem o limite (acho que nenhum bebê sabe, eles mamam até cansar) da mamada. quando mamam demais, têm refluxo do excesso de leite, que traz consigo um pouco do ácido junto e pode irritar o esôfago. o otto teve esofagite (embora não tivesse refluxo visível) e teve de tomar label por 1 mês. o sintoma da esofagite é fácil de ver: o bebê se joga pra trás, esticando o pescoço quando acaba de mamar, e chora. esticar o pescoço é um reflexo de alívio da queimação que a esofagite provoca, e ele chora de incômodo. depois de 1 mês de label ele ficou ótimo, e nunca chegou a perder peso.
as medidas que tomamos pra evitar o refluxo funcionaram: ele praticamente não “voltava” leite, aconteceu poucas vezes e bem no início. a relação entre posição+arrotar e voltar o leite era direta, bastava deitar o menino demais na mamada e não arrotar que voltava leite. e aí era uma chatice: ele chorava, tínhamos que trocar toda a roupa (porque nunca deixei o menino sujo de leite, fede e fica gelado no frio), etc.
esse é um dos motivos pelos quais nunca nem quis dar mamar pra ele deitado (ele deitado e eu também). algumas mães dizem que pra elas funciona bem, que elas dormem e o bebê também, mas eu não considerei isso uma boa prática, diante dos fatos de como funciona a fisiologia do bebê. sei que é mais prático, e que o meu jeito me cansava muito mais, mas enfim, escolhi assim e fiquei contente com a minha escolha.
outra coisa que acabei adotando por experimentação com otto foi fazer arrotar com mais frequência. até o fim do segundo mês ele mamava a cada 2h, durante 30 a 40 minutos. percebi que quando ele mamava o tempo todo sem arrotar no meio, tinha gases e chorava para arrotar. provavelmente porque ele sempre foi comilão e mamava desesperado, engolindo muito ar. seja qual for o motivo, fato é que ele se beneficiou das paradas (a cada 10min) e parou de ter problema de gases depois que adotei as “paradas obrigatórias” a cada 10min mais ou menos. no terceiro mês eu interrompia a cada 15min e no quarto mês ele começou a mamar por 10 minutos apenas, e não precisei mais interromper.
fazer arrotar sempre foi essencial para o conforto dele, evitando gases e refluxo, então sempre fizemos arrotar, mesmo que ele mamasse dormindo, e funcionou super bem. ele sempre ganhou peso, teve pouquíssimo refluxo e problemas de gases.
calendário
decidi amamentar no que se chama livre-demanda (o bebê quer mamar, dá o peito), mas com algumas regrinhas. nos 2 primeiros meses do otto era fácil saber quando ele estava com fome: bastava colocar a mão (ou qualquer coisa, na verdade) perto da boca e ele fazia “boquinha de mamar”. ele próximo acabou estabelecendo um calendário de mamar de 2 em 2 horas, menos de madrugada (eu o acordava a cada 4h pra mamar, caso ele não acordasse). a decisão de acordá-lo foi tomada com o pediatra, e concordei com o racional: mais de 4h sem mamar pode causar hipoglicemia enquanto o bebê ainda não tem peso suficiente. achei que valia a pena acordá-lo pra que ele ganhasse peso nos 2 primeiros meses.
no terceiro mês percebi que ele não precisava mais mamar a cada 2h (ele mamava e pedia, mas parava rápido, pois não estava de fato com fome), e aumentei para 3h. ele aceitou bem, e se eu percebesse que ele tinha fome antes, dava o peito antes. o que aconteceu com o otto é que era difícil saber se estava com fome nessa idade, a “boquinha de mamar” não funcionava mais pois ele passou a morder tudo que via pela frente. outro fator complicante foi a personalidade dele: caso ele ficasse com muita fome, chorava MUITO e não mamava. ele simplesmente chorava, com o peito na frente dele, e não parava. tínhamos que fazê-lo parar de chorar (dormir ou distrair) pra oferecer o peito, era um inferno. por isso mantive o calendário “fixo” de 3 em 3 horas, pra não ter perigo dele ficar com fome e surtar.
foi só no quinto mês, quando comecei a dar outros alimentos que espacei as mamadas para 4 ou 5 horas de intervalo, e agora tudo funciona muito bem. ele mama bem, mesmo comendo outras coisas, e não surta mais.
ele está com 6 meses e meio, e ainda não eliminei a mamada da madrugada (ele mama à meia-noite e às 4 da manhã, normalmente), pois ele está numa fase de muitas transições, estou evitando mais uma ao mesmo tempo. espero em breve eliminar essa mamada das 4h.