fabricando

Entries from August 2016

Engenharia

August 14, 2016 · Leave a Comment

Otto tá lá entretido nos legos, veio me mostrar o que tava fazendo:
Otto: “tou fazendo um monstro pra ajudar a SHIELD a derrotar a HYDRA”
(Hahahhahha)
Eu: “coloca os braços do Dr Octopus nele!”
Otto: “não, vou colocar essas flores aqui, porque ele precisa voar!”
Eu: “uia, as flores fazem ele voar? Que lindo!” (Eu e minha interpretação humanas)
Otto: “não, mamãe, vou fazer de conta que as flores são PROPULSORES DE VÔO!”
HAHHAHAHAHHAHAHA!!!
(Toma, mãe de humanas!)

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Pais

August 14, 2016 · Leave a Comment

Otto fez na escola uma lembrancinha de dia dos pais (que conste: sou contra. Dos pais, das mães, sou contra. A data é puramente comercial, há outras formas de pensar e celebrar a família, enfim, pula), e achou que o dia dos pais era sexta. Não discutimos, ele quis dar a lembrança por pai, e deu, bonitinho e tals.
No mesmo dia, mais tarde, ele corre pra mim e fala “mamãe, eu quero te dar um abraço de dia dos pais!” e me abraça mil vezes, bem forte.
Eu ri, mas deixei, porque achei tão bonito ele não entender a lógica do “dia dos pais” e comemorar com a mãe também!
Sei lá o que passa na cabeça da criança, mas minha interpretação é que ele não vê diferença entre os papéis, somos só pessoas diferentes fazendo a mesma coisa.
E não é assim que devia ser? Sei que há mães que se sentirão indignadas com isso (oh, o arquétipo), mas… é a mesma coisa.
(A propósito, aconteceu várias vezes dele chamar eu ou o Fer de “Maria”, e vice versa. Acho que ele coloca nós 3 todos no mesmo balaio: as pessoas que cuidam e amam <3)

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Sansão

August 12, 2016 · Leave a Comment

Sei que tá cheio de gentes que amam crianças pequenas de cabelos compridos, por inúmeros motivos que não cabe a mim julgar (embora silenciosamente eu julgue e tenha cá minhas teorias), mas eu-enquanto-mãe-e-cuidadora sou contra, e defenderei sempre o cabelo não-longo para crianças.
Porque quem lava e cuida sou eu/pai; criança não lava nem penteia nem cuida de cabelo (quem não sabe limpar a bunda não sabe cuidar de cabelo, vamos combinar?); criança não devia estar preocupada em cuidar de cabelo, que sendo comprido dá muito trabalho, devia estar fazendo coisas de criança; cabelo pode ter um componente enorme de vaidade, que eu prefiro neutralizar e não incentivar (ou seja: se puder NÃO comentar sobre aparência da criança, eu prefiro).

Acho que cabelo de criança tem que ser prático, funcional, e não objeto de vaidade. Mas enfim, essa é a minha forma de enxergar esse assunto, e ATÉ O MOMENTO sempre cortei o cabelo do Otto curto, até porque ele é super calorento, é ótimo.

Mas apareceu o Thor, e as coisas se complicaram, porque o Otto cismou que quer ter o cabelo igual ao do herói. Compriiiiiiiido.

“OK, ” eu disse. “Mas então você vai aprender a cuidar do seu cabelo sem reclamar — ter cabelo comprido é trabalhoso, e você precisa aprender a cuidar.”

Otto: OK! Eu cuido.

E cuida mesmo. Do jeito dele (lava que nem o nariz, penteia pior), mas faz.

Tá comprido, e essa semana percebi que tava incomodando ele (caindo no olho, coçando), tentei jogar um H:

Eu: “ô Otto, vamos cortar o cabelo?”

Otto: “não! Eu quero o cabelo igual ao do Thor, comprido!”

Eu: “Mas tá caindo no olho, incomodando…”

Otto: “o Thor não se incomoda!”

(Ou seja: ele jamais vai admitir que incomoda)

Tou lascada, ele vai virar a Maria Bethânia e vou pagar meus pecados.

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Das delicadezas

August 8, 2016 · Leave a Comment

Entender o modo de funcionamento do Otto é um desafio pra mim. É meio como encontrar um alienígena, ou alguém de alguma cultura muito louca que eu desconheço.
Ele pensa pra falar, e escolhe cuidadosamente o que quer dizer, o que me deixa ansiosa e exasperada às vezes — ele começa as frases e demora a terminar, ajusta palavras. Imagina você ler um livro enquanto o autor edita? É meio isso. Difícil pra mim e, imagino, pra todo mundo. Tento então mostrar pra ele que esse método não funciona, as pessoas não vão acompanhar e achar OK esse processo.
Hoje tivemos um momento desses. Ele me contando sobre a aula de educação física:
O: “… Eu saltei e pulei, e o Mr. Du nem teve que… usar as mesmas palavras… falar…”
Eu: “Otto, pensa primeiro o que você quer dizer, e aí diga a frase toda!”
(…)
O: “o Mr. Du nem teve que INSISTIR, mamãe, repetir várias vezes. Era o que eu queria dizer”
Eu: “Que bom, amor, que legal! Bom que deu certo e você se divertiu!”
A precisão, a palavra exata pra expressar as coisas é muito importante pra ele. Só me espanto, e penso como fazer pra ajudar esse menino a trafegar por esse mundo que pode ser tão raso, rápido, insensível às sutilezas que ele tão bem percebe.

❤️💔

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O primeiro dia do resto…

August 1, 2016 · Leave a Comment

Chegou de novo Agosto, aquele mês que nunca significou nada pra mim (nem sorte nem azar, até porque não acredito em nenhum deles), até 2010.
Em 2010 Agosto se tornou o mês mais importante do ano, um mês de ruptura física e emocional, marco eterno que redefiniu em mim o significado de antes/depois.
Tempo das jabuticabeiras cheias, dos dias nem frios nem quentes, mas às vezes ambos no mesmo dia; mês de despedida do meu amado inverno, com sentimentos controversos porque afinal quem não ama a primavera?; mês de espera e ansiedade, de uma calma e pausa que nunca fizeram parte de mim.
Eu morri um pouco naquele 27 de agosto. Uma parte de mim, importante, morreu, se foi, sublimou feito fênix e nasceu outra. Não foi um nascimento bonito, orgânico, a-dor-dá-criação, não. Foi sangue, medo, pavor, horror, pânico, ansiedade. Agosto foi composto de 26 dias de amorosa espera e 5 intermináveis dias de medo.
Mas chegou Setembro, como sempre chega, e com ele uma nova vida — literal e figurativa. Esperança e medo, tudo junto, é o que sinto todo mês de Agosto. Medo do desconhecido, do que não queremos nomear; esperança que não sei de onde vem, mas brota feito nascente teimosa, e escorre.
Todo dia 1o é lindo, é mágico, mas 1o de Agosto pra mim é uma celebração pessoal do horror e magia da vida.
Que nosso mês seja suave.

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