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Entries from December 2016

Independente FC

December 4, 2016 · Leave a Comment

Otto, 6 anos:
“Mamãe, lembra que ontem você me disse que eu podia ficar um tempo sozinho? Eu quero ficar agora.”
(Lembro, claro. Ele disse antes de dormir que “estava cansado de ter família” e que “queria fazer as coisas do jeito dele e na hora em que quiser”. Sugeri que ele ficasse um pouco sozinho pra ver como se sentia, fazendo as coisas por si mesmo. Convenientemente ele só lembrou dessa conversa DEPOIS que eu tinha preparado o café da manhã dele :D)
“Mas se eu não gostar de ficar sozinho eu te chamo de volta, tá?”
Contando quanto tempo vai durar, aqui no edredom, lendo. <3

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Tagarela

December 2, 2016 · Leave a Comment

A noite chega, e com ela os momentos filosóficos do Otto.
O: “por que as pessoas falam tanto?”
(Hahahhahahahha! Isso que dá ficar sozinho comigo muito tempo)
Eu: “algumas falam muito, outras pouco. Por exemplo: já reparou que a mamãe fala bastante?”
O: “JÁ!”
Eu: 😛 “a vovó Vera também. Na família da mamãe todo mundo fala muito. Já na família do Papai Fernando eles falam bem menos. O Papai fala pouco!”
O: “eu falo menos ainda que o Papai!”
Eu: “HAHHAHA não sei não… acho parecido. Mas é assim: as pessoas são diferentes.”
O: “meus amigos falam muito, sem parar.”
Eu: “e não tem nenhum amigo assim mais parecido com você, que fale menos?”
O: “não. Até meu melhor amigo fala MUITO!”
Eu: “e você gosta dele do jeito que ele é. Você vai encontrar ainda muita gente como você, não se preocupe.”
**
Cada vez que entro (mesmo que no rasinho) no mundo dos introvertidos, sofro por eles. Deve ser muito difícil viver nesse mundo frenético.

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Sobre limites

December 2, 2016 · Leave a Comment

A gente tenta acertar, mas erra a mão. Assim é a vida de educadora, e espero estar sempre atenda pra consertar (sempre é tempo!).
Fui buscar o Otto na escola um desses dias, e na saída um colega encontrou com ele do lado de fora (ou seja, os pais por ali em algum lugar) e enquanto a gente ia pro carro o menino começou a fazer caretas e mostrar a língua pro Otto, de uma forma bem agressiva, meio rosnando, provocando.
Otto ficou meio acusado, mas confrontou o menino e disse, de cara fechada: “eu não gosto que faça assim comigo! Para!” — veio pra perto de mim e falou “por que ele está fazendo isso?”
Eu: (querendo dar uma rasteira no moleque) “não sei. EI, por que você está fazendo isso? Que coisa feia!”
O menino disse algo como “ahhhhhg, ele também faz isso pra mim, hue hue!” meio Neanderthal assim mesmo, e eu estranho muito porque o Otto é um lorde, né. Mala, porém lorde.
Eu: “pois se ele fizer pode reclamar, que isso é muito feio.”
E saímos. No carro, vi que ele estava muito chateado, resolvi investigar.
Eu: “Otto, tudo bem? Tá chateado?”
O: “tou. Não gostei do que o amigo fez.”
Eu: “eu entendo, você tem razão. Mas você fez certinho — disse pra ele que não gostou.”
O: “mas e se ele não parar?”
Eu: “você pode dizer pra ele que vai se afastar, que não quer brincar desse jeito.”
O: “mas mamãe, eu quero ser legal com os amigos!”
(VRÁ. Seja porque de repente ele é uma pessoa melhor que eu, ou porque ele sente que não deve desagradar as pessoas mesmo quando elas são desagradáveis. Acho que é a 2a opção)
Eu: “entendi, meu amor. É legal pensar assim, mas você não precisa ser legal SEMPRE, de qualquer maneira. Se a pessoa não é legal com você, você pode falar que não gostou e sair de perto. Não é pra sempre, é só até a pessoa mudar o comportamento.”
**
Ele ficou lá pensando, espero que tenha absorvido o que tentei explicar. Mas me dei conta que graças à personalidade dele (introvertido e muito direto) várias vezes insistimos que ele deve “ser legal”, pra agradar os outros. E que ele faz isso mais pelos outros que por ele mesmo.
Me deu uma tristeza — quero ensinar pra ele que é importante sim ser legal com as pessoas, mas com limites.
Os limites se constroem, claro, não são preto no branco. Mas ah, eu queria tanto poder ajudar ele. 💔

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Tudo que não sei

December 2, 2016 · Leave a Comment

“Mamãe, o que é ‘guerra’?
“Mamãe, 1 minuto é muito ou pouco?”
“Mamãe, por que você me ama?”
Nunca pensei que as perguntas fossem tão difíceis e tão lindas <3

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