fabricando

O menino tem cada vez mais bronca de cachorro (e sobra pra Nai, que é o cachorro mais da paz que já vi — pelo menos com humanos).
O: “os cachorros servem pra proteger a nossa casa né?”
Eu: “é!”
Fernando, meio baixinho pra evitar a polêmica: “e são nossos amigos também…”
O: “as câmeras de segurança também servem pra proteger nossa casa, né?”
Eu/Fer: (já vendo onde ia dar) “… é.”
O: “pois eu prefiro câmeras a cachorros.”
A pessoa constrói o caso antes de apresentar. É puxado.

(Vendo uma foto de cães e gatos…)
Eu: “Otto, você gosta mais de cachorro ou de gato?”
O: “nenhum dos dois.”
😱
Eu: “mas não gosta de nenhum bichinho?!”
O: “gosto de passarinho, lá no quintal.”
Não sei se abraço ou dou peteleco.

❤️💔

[7-abril-2016]

Amo andar no escuro, ficar no escuro. Otto nunca teve medo de escuro até 1 ano atrás mais ou menos, quando declarou “tenho medo de escuro”. De um jeito meio racional, nunca demonstrou medo de verdade. Até colocamos uma luzinha pra ele dormir, enfim.
Hoje entrei com ele no quarto, no escuro, esqueci de acender a luz.
Otto: “mamãe, eu já não tenho mais medo do escuro, sabia?”
Eu: “que legal, Otto!”
Otto: “eu SUPEREI!”
(Hahhahahahhahaha! Esse menino, gente, de onde ele veio? <3)

É a 2a vez que o Otto traz pra casa da biblioteca o livro “Mundinho sem Bullying”. O livro é bem bonitinho, fala sobre o assunto, ensina que não se deve fazer isso, que as pessoas ficam tristes e tals. As crianças da história fazem cartazes pra colocar na escola, tipo:
“Não coloque apelidos ou xingue os amigos. BULLYING NÃO!”
Ele ama, tá lendo os cartazes (tão bonitinho) e no final tem espaço pra criança escrever seu próprio cartaz.
Eu: “e aí, qual seria o seu cartaz?”
O: “hmmm. Já sei!:
“Não mentir para o amigo!”
“Não jogar lixo na casa do amigo.”
Assinado: Virginiano Legítimo 😀

Hoje, com o pai:
F: Otto, vem almoçar

O: Tou indo. Mas é a última vez!

F: Como assim? Você nunca mais vai almoçar?

O: Isso. Só lanche.

F: E o seu dia vai ser como? Café da manhã, Lanche, Lanche, Lanche e Lanche?

O (rindo): Nem café da manhã. Só lanche. Lanche, Lanche, Lanche, Lanche e Lanche.

F: Hmm, ok. Mas no seu lanche pode ter salada?

O: Pode. E cogumelo, estrogonofe e batata palha e macarrão.

F: E pode ter arroz e feijão também?

O: Pode sim.

F: Ok, então tá bom!

A propósito, começaram há alguns dias as tentativas de achar desculpa pra não ir à escola.
“mamãe, quando a gente tem piolho a gente não vai pra escola?” — “mamãe, acho que minha cabeça tá coçando…”
😀

[5-abril-2015]

Estamos os 3 com tosse, mas a do Fernando está pior. Ele ficou pra dormir com o Otto enquanto eu jantava, mas a tosse estava demais, o Otto reclamou e ele pediu pra eu pegar o turno.
Entro no quarto escuro, e:
Otto: olá, mamãe!

Eu: oi meu amor, cheguei!

Otto: você já jantou?

Eu: já sim.

Otto: a tosse do papai estava atrapalhando meu sono. Você está com tosse?

Eu: (hahahahaha por dentro) tou sim, mas tá mais fraquinha.

Otto: (fingindo tosse) cof, cof! Minha tosse está atrapalhando seu sono?

Eu: não, fica tranquilo. Ela já já melhora
<3
**
Ontem, na mesma situação, vendo o pai tossindo sem parar na hora de dormir, ele diz “vira pra cá”, pega a cabeça do Fer e aninha no pescoço dele, abraçando forte, como quem nina.
“Isso. Agora a tosse vai embora.”
<3 <3

16:40, no meio de uma reunião toca o telefone, e é da escola do Otto.
(Pausa, porque quem não tem filho na escola não tem noção do que é isso. Pensa num mix de Hora do Espanto com It com Madrugada dos Mortos e multiplica por 1000)
A enfermeira bem calma me conta que o Otto levou uma picada de um inseto (ufa) e que estava bem vermelho (normal) e se ela podia aplicar uma pomada antialérgica, pra parar de coçar. Pode, claro, ufa, obrigada. Desligo.
5 minutos depois toca de novo, era ela. “Olha, ele ficou MUITO bravo de passar pomada e disse que odeia pomada e chorou. E tá aqui dizendo que quer que a mãe venha buscar. Meu príncipe, quer falar com a mamãe?” — (ele já enrolou a enfermeira, pensei) — “Hm. Coloca ele no telefone, ele tá aí?”
Tava. “Oi meu amor, tudo bem, tá melhor?” — “tou, mas eu quero que você me busque! Eu não gostei de passar pomada e quero ir pra casa” — (tá bom, também tá quase na hora de sair) — “ok, uns 15min tou aí.”
Fui, chego lá ele tinha voltado pra sala, veio me encontrar com cara de culpado. Hm.
Eu: “mostra pra mamãe onde foi a picada?”
(Ele mostra. Tipo — NADA. Um vermelhinho ridículo de pequeno.)
Eu: “mas Otto, não foi nada. Nem tá vermelho! E você não deixou a enfermeira passar a pomada?”
O: “ela passou mas eu tirei, porque eu odeio!”
Eu: “ah, meu amor, não. Não pode. Próxima vez você deixe ela passar, que ela sempre pergunta pra mamãe antes, e é o que é melhor pra você. Eu não precisava ter vindo te pegar mais cedo hein?”
O: “mas eu tinha um plano, mamãe. Olha, a gente tá saindo e ainda é de dia!!”
(HAHHAHAHHAHAHA putaquepariu esse menino!)
Eu: “oi? Você mandou me chamar pra sair mais cedo então, e não por que tava incomodado com a picada?”
O: “sim.” (Tipo — nem se vangloriando nem nada. Só sincero, tranquilão)
Eu: (…) “gato, não pode isso não. Que não aconteça mais. Agora eu tinha outra coisa pra fazer e você vai junto, não vamos chegar cedo em casa de qualquer forma.”
E fomos, e ficou de boa, fez tarefa, jantou, fez tudo direitinho. Na manha, fez tudo do jeito dele.
Tem quem tenha crianças arteiras, traquinas, que aprontam 1000 e uma; aqui não, temos o Cérebro, que se a gente der mole, vai conquistar o mundo na surdina.

Para os que são espíritas, vivem me dizendo que Otto é uma “alma antiga” ou “espírito velho”.
Eu que sou ateia convicta só acho que esse menino é uma figurinha carimbada e não sei o que passa naquela cabecinha.
As perguntas dele são super abertas, quase filosóficas. Semana passada ele me perguntou “o que é o tempo”. Ontem me perguntou “o que é o espaço” (ainda bem que sou mãe estilo sambárilóve, respondi que é tudo que não são os planetas e estrelas :D). Mas uns dias atrás ele se superou. Fernando dando banho nele, e aparece o seguinte:
“Como a vida começou?”
(Oi?)
Eu: “você quer saber como você nasceu? Como outras pessoas nascem?”
O: “não, como A VIDA começou, no planeta Terra.”
Neil deGrasse, favor comparecer ao recinto.
Só Cosmos pra nos salvar. Acho que é hora de mostrar a série pra ele, e seja o que BigBang quiser.

[3-abril-16]

Otto é a tradução tão exata do signo de virgem que chega a ser engraçado. A começar pelo nome, palíndromo e tão simples (não sabíamos que ele seria virginiano, ele podia ser de leão).
Ele sempre amou o nome, escrevia com 2 aninhos por tudo que é canto, e sempre adorou as letras em geral mas não gostamos de forçar a barra pra ler e escrever, queremos que ele se encante sozinho quando estiver pronto. Ele pesca uma palavra aqui e outra ali, e pede pra escrever coisas de vez em quando, mas sempre como brincadeira.
Esses dias, no banho, pela primeira vez ele escreveu uma palavra sem perguntar nem pedir ajuda. Ele desenhou um ovo (claro) e escreveu OVO.
Achei tão engraçado — obviamente é uma palavra simples de escrever, não acho nada especial ele ter escrito propriamente, mas achei muito irônico a primeira palavra escrita dele ser uma tão icônica, simples, e mais um palíndromo 😀
**
O que me lembra a primeira coisa que ele nomeou conscientemente: PÉ.
Já tinha 1 ano e 8 meses, mas não falava basicamente nada. Ouvimos e perguntamos, espantados, “o que você falou?”
Ele mostrou o pé, repetiu pra nós apontando o pezinho com um tom de “vocês não estão VENDO?!”
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“Tivesse a rosa outro nome, outro seria seu perfume?”