[14-abril]
Tivemos um episódio épico aqui hoje de #PaisDeCesárea, e faço questão de registrar 😀
Otto tem direito a 2h por dia de TV, (quase) sem supervisão. A gente fica de olho no que ele escolhe entre Netflix Kids e YouTube, e geralmente dá certo. Ele tá na fase Lego Addicted, e fica vendo até trailer do Batman Lego loucamente. Beleza, são as 2h dele.
Ver coisas novas é sempre um drama — aquele terror dos pais com os filhos pra experimentar comidas, por exemplo, nunca houve aqui. Em compensação cada filme novo é um drama mexicano. Ele nunca quer tentar nada novo, sofre muito com a tensão nos filmes (sempre quer desistir, ele acha que vai dar tudo errado), odeia os vilões de forma visceral… enfim, um processo. Depois de ver uma vez, melhora e às vezes até se apaixona, mas a 1a é punk.
Convidamos pra ver um filme novo, conosco — Zootopia (pegamos um que queremos ver também). Não, claro que não, e tal, mas depois de um pouco de drama, topou. Na 1a cena mais dramática da coelhinha com a raposa, já ficou tenso, quis sair. Quando ela cresce e vai embora de casa, o bicho pegou. “Por que ela não fica com os pais?” — “ela ainda é pequena!” — “eu NUNCA vou morar em uma cidade diferente de vocês!”.
E foi ladeira abaixo, não quis ver. Nós queríamos ver. “OK, Otto, pode ir brincar no seu quarto, desenhar, ler. Nós vamos ver.”
Mas a pessoa é teimosa. Determinada, vocês podem dizer também 😀
“Olha, mamãe, essa situação tem 3 opções, sendo que duas delas são PÉSSIMAS:
1) eu assisto filme com vocês
2) eu não assisto o filme com vocês
3) eu assisto só o que eu tenho vontade de assistir.
Viu? A 1a e a 2a são PÉSSIMAS!”
Foi aí que eu comecei a gargalhar, mas tudo bem, porque ele só tava meio alterado e falando muito com as mãos.
Expliquei que a opção 3 não era opção, já que ele tinha gasto as 2h de TV do dia. Reforcei as opções existentes.
“Ah, sabe o que é, então, mamãe? Eu tou com fome. Preciso jantar AGORA.”
(Tudo pra eu não poder ver o filme. Até comer sem fome tava valendo)
Expliquei que não ia parar agora pra fazer jantar, que isso se chamava MANIPULAÇÃO — ele só queria que a gente não visse (a porra do) filme. Não falei a porra do filme, mas essa é a ideia.
Cedi um pouco: “OK, Otto. Em meia hora então eu paro o filme e vou fazer o jantar. Até lá, você ache outra coisa pra fazer”.
Ah, senhores. A mente maquiavélica e sem filtro de uma criança controladora…
“Hmmm sabe o que é, pessoal? Eu tenho coisas MUITO IMPORTANTES pra falar pra vocês, e vai demorar mais ou menos MEIA HORA pra falar…”
E sentou pra falar.
Eu rindo de chorar, o Fernando já com soluço de tanto engolir o riso, nenhum dos dois conseguindo articular mais nada nessa altura, uma mistura de putos e achando engraçado.
Ele não ia desistir. Avisamos que não ia ter conversa alguma, que ele falasse depois, e ele começou a dar chilique, e a gente rindo abafado porque não tinha condições de lidar com tanto drama, olha… foi horrível. E engraçado.
Até que me enchi e avisei que ou parava aquilo já ou as 2h de TV do dia de amanhã também estariam canceladas.
“Tá bom, eu tou calmo. Eu vou pro meu quarto”.
Ligamos o filme, e ele foi mesmo. Fechou a porta e ficou lá chorando um pouco e depois ficou OK.
No tempo combinado, voltei, fui fazer o jantar, ele quis ir ajudar.
“Sabe, mamãe, eu fiquei aqui lendo ‘os opostos’, que eu consigo ler sozinho. Demorou um pouco pra passar o tempo.”
Ô, pequeno. 💔
Jantou panqueca de banana com melado, queijo de coalho e pitaya. Alguma compensação eu tinha que oferecer né, nem que seja do meu jeito, pelo estômago. ❤️
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