fabricando

arte como educação

October 6, 2017 · Leave a Comment

Pra quem não entende (ou não quer entender né? Pior tipo de burro) a importância da arte na educação das crianças e que o papel do educador não é de censor ou mero curador, mas de espelho.

 

Só nesta viagem, que começou há 5 dias, Otto foi exposto a:

 

– várias versões de Jesus torturado e sangrando

– são Sebastião crivado de flechas

– órgãos genitais variados em poses malucas (Brennand)

– mulheres e homens nus em diversos quadros

– cenas de guerra e morte variadas

– monstros variados, de diversas culturas

– peitos de todos os tipos e formatos

– uma infinidade de armas

– representação de morte e doença

– favelas, palafitas, barracos, sujeira e lixo pra todo lado

– pedintes de todas as idades e tipos

– animais abandonados e mortos na estrada

 

Ele faz perguntas sobre várias dessas coisas, tem pensamentos próprios a respeito, inquietações, dúvidas.

 

Meu papel como educadora é ajudá-lo a ver, enxergar, questionar, pensar. Ajudá-lo a passar pela experiência de sentir várias coisas que é inevitável sentir (medo, nojo, raiva, confusão, tédio, etc.), e construir sua própria experiência.

 

As pessoas expõem seus filhos a novelas com toda ordem de teor sexual e comportamentos humanos horríveis, programas de TV completamente inapropriados, filmes com alto grau de violência, piadas impróprias, conversas de adulto que crianças não têm maturidade pra entender, e não se preocupam em falar de forma construtiva sobre isso.

 

A arte é incômoda, mas ela demanda atenção e interação, o que é construtivo. A arte nos faz ficar atentos e ativos, diferente de tudo que as crianças e adolescentes consomem por osmose, sem filtro, sem apoio de interpretação.

 

Todos esses pais indignados com a exposição (ou qualquer tipo de arte) dialogam com seus filhos sobre os estímulos aos quais eles são sujeitos diariamente? Minha aposta é que a enorme maioria está nos extremos: ou não fala nada e deixa rolar (criando ignorantezinhos) ou filtra tudo, criando outros tipos de ignorante, mais intolerantes.

 

Me recuso a ficar nos extremos pra tornar minha vida mais cômoda. Educar nossos filhos também passa por lidar com a NOSSA frustração de não conseguir explicar tudo, de não saber como reponder perguntas difíceis, de nos confrontarmos com nossos limites e nossa ignorância.

 

Aprendo muito quando tento ensinar e sou grata por cada oportunidade que aparece de fazê-lo.

Categories: Uncategorized