fabricando

Entries from October 2020

%#£¥*^!

October 19, 2020 · Leave a Comment

Otto, molhando uma plantinha, derruba água fora do vaso:

O: “Ih, fiz merda!”

Eu: “HAHHAHAHHAHA! Olha, você usou a expressão direitinho, mas não é adequada pra sua idade. Criança pode dizer ‘Ih, fiz CACA’ por exemplo…”

O: “tá bom!”

**

Eu conferindo se ele tinha enxaguado o cabelo, no banho:

O: “pô, MANO, fecha a cortina!”

🙄🤣

**

Assistindo desenho comigo, algo interessante acontece:

O: “VÉIO, você viu isso?!”

Eu: 🤭

Sem condições, gente! 🤣🤣🤣

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Like a prayer

October 16, 2020 · Leave a Comment

Assistindo Supergirl, episódio sobre um culto ao Rhao:

O: “mãe, o que é orar?”

Eu: “é rezar!”

O: “também não sei o que é rezar!”

Eu: (vixe) “é quando alguém deseja coisas boas, fala com alguém que considera importante e não está ali. É meio como meditar, sabe?”

O: “ah, tá.”

(Que bom, porque percebi que é dificílimo explicar isso quando não se acredita num ser superior imaginário)

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Hipérbole

October 12, 2020 · Leave a Comment

Otto está indo muito bem na transição pro inglês, mas ainda não domina o vocabulário como faz em português. Ele sempre foi estilo Machado de Assis desde muito pequeno, altas frases complexas, muito engraçado.

Em inglês ele não consegue ainda, claro, mas ele tenta, e é hilário! A professora pergunta coisas que requerem respostas simples e ele engata o modo hiperbólico tipo, ao invés de dizer “ele se enganou e pegou o caminho errado” ele diz “ele estava andando e acidentalmente errou o caminho”.

Vocês aguardem que daqui mais 1 ou 2 anos terei histórias divertidas pra contar sobre a versão americana de MdA 🤣

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Ensinar a pensar e a duvidar

October 3, 2020 · Leave a Comment

Uma amiga perguntou sobre como (e se) falamos com Otto sobre política (dado o evento de Otto pró Biden 藍), e achei que valia fazer um post, porque nossas decisões a esse respeito são conscientes. Certas ou erradas, foram decisões.

Não conversamos sobre política com ele, porque não tem contexto dentro da realidade dele. Talvez se ele fosse uma criança negra, ou vivêssemos em outra realidade, a necessidade já teria se apresentado. Sendo da forma que é, a ideia é esperar o assunto cidadania aparecer no contexto escolar pra aproveitar a deixa.

Mas nossa intenção é explicar o mecanismo (como funciona o sistema), porque não achamos que faz sentido falar sobre partidos políticos e posicionamentos políticos nessa idade. A menos que ele se interesse e pergunte. Falar de política sem falar de economia e função do estado não dá, e acho que com 10 anos, vivendo a vida que ele vive, vai ficar muito abstrato. Se ele fosse uma criança mais integrada com a realidade ao redor dele, convivendo com outras famílias, talvez fosse possível falar sobre isso, mas nosso contexto é de imigrantes no meio da pandemia.

Adotamos com política a mesma lógica que adotamos com religião: falamos na medida em que ele pergunta, e sempre de forma neutra, explicando como funciona, ao invés de só dar nosso ponto de vista, que é inevitavelmente enviesado. Não falamos mal de religião nenhuma, nem de partido / político nenhum. Basicamente respondemos perguntas quando elas aparecem.

Nesse caso do Biden, por exemplo, explicamos pra ele que os vídeos que ele viu são propaganda, então sempre vão falar bem do Biden e mal do Trump. Aproveitamos pra falar sobre fake news, verificação de fontes, e porque devemos sempre investigar o que vemos / ouvimos.

Pra terem ideia da importância desse assunto, ele achava que se estava em vídeo / na internet era automaticamente verdade! Quando ele começou a ver TV, explicamos como funcionam as propagandas pra vender coisas, e pedimos pra ele observar como cada vez que ele via propagandas ele queria comprar coisas. Ele percebeu, e aprendeu a se observar e entender como funciona.

Vamos tentando fazer o mesmo com todo tipo de informação escrita ou em vídeo — não é óbvio pra criança que as coisas que ela vê e ouve podem ser mentiras ou distorções. Também não é óbvio que além das pessoas adultas poderem errar (eles acham que adultos sabem tudo, pobrezinhos), pessoas adultas também podem mentir e manipular.

Então nosso foco é mais em ensinar pra ele a ter discernimento, pra que no futuro ele possa tirar suas próprias conclusões, decidir ter ou não (oxalá) uma religião e escolher um posicionamento político alinhado com os valores dele, e não simplesmente ser uma extensão do nosso ponto de vista.

Vai dar muita coisa errada no nosso plano, claro , mas estamos fazendo o que achamos mais razoável diante da realidade e personalidade dele, e do momento.

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