Estamos jogando D&D com o Otto! Conseguimos um “dungeon master” (quem conta e conduz a história), e jogamos 2 vezes aqui em casa.
Otto é um bardo 😂 (HILÁRIO, o principal poder dele é “vicious mockery”, que eu traduziria como “insulto venenoso”), Fernando é um ranger (ambos são elfos 🙄) e eu sou uma maga humana.
Os dois são SUPER MEDROSOS, e correm das brigas, fico eu lá mandando os 2 lutarem pelamordedadá 😂😂😂 a coisa que eles mais gostam é de fazer “disengage”, que é basicamente sair correndo.
Já estamos ensinando o Otto a cantar a canção do Brave Sir Robin e já antevejo muitos momentos de AI MAMÃE pra cima de mim 😂
Essa semana estavam o Fernando e Otto discutindo, o que é frequente porque são IGUAIS 😂😂😂 e eu interferi, tentando mostrar pro Otto que estavam “empacados” mas queriam no fundo a mesma coisa. Ele queria ser ajudado, o pai queria ajudar. Ambos queriam se livrar da tarefa de casa, causa muito nobre.
Tentei várias coisas, mas o que ajudou a mudar o rumo foi pedir que ele parasse de reclamar do pai (ou de qualquer um que tente ajudar; o comportamento é recorrente) e falasse o que ELE queria. Ao invés de dizer “você não sabe me ajudar!” diga como quer ser ajudado. Peça o que você QUER ao invés de reclamar do que foi oferecido. Não coloque a culpa nos outros por mal entendidos, coloque-se como parte do mal-entendido, e busque PRÓXIMOS PASSOS, pra seguir em frente.
Depois de me ouvir ele deu um grunhido 😂 de frustração, e eu perguntei o que foi, o que tava sentindo?
Ele: “eu tou FURIOSO porque não vou poder colocar a culpa toda no papai!!!”
😂😂😂
Eu (rindo, lógico, porque não aguento): “é, eu sei. É difícil mesmo não ter em quem colocar a culpa.”
Cada conversa com o Otto me adianta anos de terapia, juro por zeus. O tanto que eu percebo as armadilhas do ego graças à honestidade cega dele, afe.
Assistimos o filme do Flash (já assistimos a série toda), e eu gostei. Rimos, ficamos chocados, nos divertimos com o multiverso… até chegar o “vilão” da história, que deixou o Otto muito perturbado, graças à “armadura” que ele usa.
De fato, o que faz o vilão ser vilão é uma mistura de triste e apavorante, mas o bicho pegou forte pro menino, que ficou atormentado, dizendo que estava com dificuldade de esquecer a imagem e a situação.
Conversamos, expliquei que entendia o incômodo dele, mas que afinal era só ficção, etc. Passam alguns minutos…
— “Mom, I can’t stop thinking about that tormented character! I am TRAUMATIZED FOR LIFE, and it’s ALL YOUR FAULT!!!”
Infelizmente eu não consegui manter a compostura e tive um ataque de riso (CERTEZA que ele vai ficar traumatizado pelo filme do Flash, né?!), o que deixou ele putaço, a ponto de parar os desenhos e vir me dar bronca. Ok, acalmei, e falamos mais, até ele ficar mais tranquilo.
O maior horror dele era que o vilão estava todo atravessado por “facas”, e devia ter ficado com dor por um tempo imenso. Expliquei como funciona a adrenalina no nosso corpo, que no calor da batalha ele provavelmente não sentiu a dor 🙄 e que no filme do Flash o tempo é diferente, blá blá blá.
Acalmou depois de racionalizar um pouco. Mas já comecei a poupança-terapia, né, porque afinal o menino foi obrigado a assistir o filme do Flash aos 13 anos e jamais se recuperou do trauma 😀