Nessa época, ele ainda não gostava de chocolate (se recusa a a comer). Fizemos todo o teatro do coelho, patinhas, ninho, e eu coloquei cenouras de verdade PRO COELHO.
Pois ele ignorou os ovos de Páscoa e ficou com as cenouras, e COMEU 😂😂😂
Com o Vô Gê: “olha o que o coelho deixou!”Tia Paula convenceu a experimentar
(Ferrou. Quando não sabe responder, devolva a pergunta)
Eu: “o que você acha que é?”
O: “é o que já passou.”
Eu: “o que passou a gente chama de passado. O momento agora chamamos de presente, e o que ainda não aconteceu, é o futuro. O tempo é tudo isso — passado, presente e futuro.”
O: “hoje nós vimos a linha do tempo. Os meus amigos adoraram a minha linha do tempo até os 6 anos!”
(Own <3)
Eu: “e que parte eles mais gostaram?”
O: “os 3 anos. A foto com o vovô Gê.”
Eu: “que legal hein?”
(…)
O: “Ô mamãe, a gente podia tirar uma foto do futuro!”
Eu: (vixe) “e como você faria isso?” (Já esperando alguma resposta nível Calvin)
O: “hmmmm. Eu posso fazer um desenho do que eu quero que aconteça no futuro!”
(A mãe, ainda imersa no ambiente corporativo, antes de pensar, responde:)
Eu: “isso eu chamaria de PLANO — a gente desenha o que quer e depois faz acontecer” 🙂
No próximo capítulo de “Coaching para crianças”: como ensinar seu filho a desenhar metas atingíveis com indicadores de performance 😀
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E neste instante:
O: “amanhã eu vou fazer fotos do futuro. E segui-las!”
Fiz uma brincadeira interessante com o Otto agora no banho (adoro desenhar no box, quando junta vapor): pedi pra ele desenhar pra mim como ele representaria algumas coisas, pra ver o que vinha à cabeça dele.
Médico = cruz (símbolo da ambulância)
Pirata = chapéu com ossos cruzados
Engenheiro = tijolo
Bombeiro = água e escada
Professora = biblioteca (o prédio)
Astrônomo (“o que é um astrônomo?” — “quem estuda as estrelas e planetas”) = Saturno 🙂
Polícia = (surpresa) um guincho!
Não é muito legal que pra ele a polícia é ajuda em situação de resgate? <3
Descobrimos hoje que o Otto teve 1 desenho publicado no jornalzinho da escola, numa matéria sobre lição de casa. Olhem o desenho e adivinhem a opinião dele!
E teve também uma coluna só pra ele, sobre trocadilhos 😂😂😂
Toda semana aqui com Otto tem alguma coisa acontecendo, nossa vida é uma DR constante explicando pra ele como se comportar adequadamente com outros seres humanos 🙂
Fer e eu somos de uma década em que crianças e adolescentes se criavam sozinhos feito Mogli só que com outras crianças e adolescentes — o grupo educava, pro bem e pro mal. Os pais estavam ali pra manter a gente vivo (quando estavam olhando!). Na geração do Otto os pais tão ali pra tudo, o tempo todo, e eu acho muito melhor assim. Só sinto falta da educação familiar ser mais expandida — os núcleos familiares isolados acabam sobrecarregando os pais e dando à criança pouca diversidade na socialização.
Voltando: muito treinamento social aqui. Quando ele era criança, a dificuldade maior era entender que o comportamento não estava ok e como o outro se sentia por causa disso. Pra ele perceber que, por exemplo, estava sendo rude, era um processo; e pra perceber que outra pessoa estava chateada (e o porquê), também. Cada vez que precisávamos explicar, ele sofria, como se fosse uma ofensa estarmos corrigindo.
(é tranquila a vida dos pais atentos, sabe?)
Agora mudou: ele entende com mais facilidade como os outros se sentem (às vezes sem a gente explicar… mas ainda precisamos explicar) e entende muito rápido (muitas vezes sem precisar explicar muito) que ele pisou na bola. e está também muito mais engraçado, como no exemplo desta semana…
Fer sempre ajuda a organizar a lição de casa (que ele odeia) e os estudos pra prova (que ele odeia também). Pois ele, puto da vida, disse pro pai que ele não ajudava em NADA. Nós adultos então decretamos que se o pai não ajuda em nada, que ele então faria tudo sozinho, sem supervisão, mas que se não fizesse haveria consequências.
Em 30seg ele mudou de ideia e subitamente decidiu que precisava de ajuda sim.
Eu: “Mas como pode o papai não ajudar em NADA e você querer a ajuda dele?!”
O: “I WAS WRONG, OK?!”
(imagine os pais aqui tentando conter o riso)
Eu: “ah, parabéns por admitir isso! É um grande passo. Agora falta você se desculpar com o papai.”
O: “I can’t do that. My ego is too big.”
(nesta hora, rimos muito)
Eu: “Que bom que você sabe! Mas se desculpar não é sobre você, é sobre o outro. O melhor jeito de treinar pedir desculpa é aqui, num ambiente seguro com pessoas que te amam. Vamos lá.”
O: “… I was wrong, I AM SORRYYYY. ARGH!”
Saíram pro quarto e fecharam a porta, ele e o ego 😀
Fez a lição direitinho, com ajuda do pai. Foi uma boa semana… até chegar hoje e ligarem da escola no meio dia pro Fer ir buscar o menino que é maior que eu mas tava chorando porque fez um corte de papel no dedo.