blog também serve pra gente desopilar medos e incômodos, não é? vamos aos meus, no que diz respeito a ser mãe (nenhum sem conclusão ou resposta, é claro):
escolinha
muitos sentimentos controversos. afinal, escola pra criança serve exatamente pra quê? lugar pra ficar enquanto os pais trabalham, espaço de socialização ou investimento de educação a longo prazo? (ou todas as alternativas?)
se eu fosse pobre, o problema não existiria: coloca o moleque na escola/creche pública e pronto. temos grana pra pagar escolinha, mas eu realmente não gosto da idéia do meu filho se relacionando com montes de criancinhas “de posses” com seus pais “de posses” e sem noção. não quero que meu filho cresça achando que é normal ir pra miami nas férias e nem que se pode comprar absolutamente tudo. mesmo se eu tivesse dinheiro pra ir pra miami (ou esquiar na suíça) todas as férias, eu não iria. mesmo que eu tiver grana pra comprar um carro de presente pro meu filho quando ele fizer 18 anos, não comprarei. acho essencial aprender o valor das coisas, e dar valor ao que se tem. não me agrada pensar que meu filho vai achar que faz sentido ter tudo de mão beijada, sem nenhum esforço. e odeio pensar nele convivendo só com os riquinhos ou classe média. odeio.
conheci uma figura que pagava pela escolinha da filha de 5 anos o equivalente a uma mensalidade de faculdade de medicina. tolinha que sou, perguntei qual era o sentido de gastar tanto dinheiro na escolinha de uma criança tão pequena… a resposta? networking. *ânsias de vômito* francamente, se meu filho precisar tanto assim de networking pra ser alguém na vida é porque eu fiz um péssimo trabalho como educadora.
festa de criança
a-bo-mi-no a instituição festa infantil, principalmente em buffet. odeio música alta e gente gritando. normalmente odeio as decorações de festa. e acho descabidas festas megalomaníacas, principalmente para crianças muito pequenas (desculpem aí, viu? espero que esse tiro não saia pela culatra). sempre me parece uma realização para os pais muito mais que para os pequenos. alguém me abata a tiros se eu fizer megafesta pra 100 pessoas no aniversário de 1 ano do piolho.
me recuso a ir a festas tipo buffets. já sei que em algum momento o piolho terá amiguinhos que vão convidar e eu vou ter que ir, mas irei sob protestos e rangendo os dentes. espero que ele por conta própria uma hora também considere essas festas menos legais que outras mais criativas e gostosas.
pais e mães das outras crianças
atualmente eu escolho as pessoas com as quais quero conviver, e sei que vai chegar o momento de ter que conviver compulsoriamente com pais/mães dos coleguinhas do piolho. esse momento me apavora! como vou fazer pra não chutar a boca das pessoas, ou dizer exatamente o que eu penso e causar problemas?
com a quantidade de pais e mães sem noção ou simplesmente chatos que tem por aí, antevejo anos de muita paciência pela frente… acho que vou usar o blog pra reclamar e evitar o confronto.
imagino que reunião de pais deve ser mais ou menos como reunião de condomínio: certeza de passar raiva. muita passiflora antes das reuniões, e vambora.
os outros
ah, as pessoas que se sentem no direito de dar palpite na sua vida e na criação do seu filho… cara, eu super tenho opinião sobre TUDO, e por isso mesmo escrevo loucamente no blog: pra evitar dar minha opinião não solicitada pra você, cidadão. eu acho seu cabelo feio, seu filho mal-educado e detesto a música que você escuta, mas nem por isso me sinto no direito de dar palpite na sua vida, sacou?
se sem criança o povo já se mete na vida alheia, calculo quando a criaturinha chegar. vai ser um tal de gente dizendo como vestir, alimentar e educar… tenho medo de me tornar mais ogra do que já sou. fazendo inimigos e desagregando pessoas.
o casamento
fazemos 7 anos de casados esse ano, e ambos casamos com mais de 30 (ou seja: já cheios de manias e opiniões). passamos estes 6 ou 7 anos fazendo tudo o que dava na telha, sem grandes planejamentos ou preocupações. sem horários, sem compromisso. não somos de convivência muito estreita e frequente com a família, no máximo uma visita ou outra, e ainda assim sem nenhum compromisso.
o que será de nós com alguém pra cuidar que precisa de horários, rotinas e certamente vai trazer mais compromissos familiares à nissa vida? de verdade eu tenho medo. não é medo de não conseguir, porque tenho certeza que a gente se adapta e a coisa funciona, mas medo de ser menos feliz!
minha esperança é que ter um filho traga sensações de “cumprimento de função” e alegria muito profundas. afinal, a natureza é sábia, e se não houvesse uma recompensa basal muito boa a humanidade não teria prosperado 🙂
o trabalho
minha vida profissional é parte essencial da minha vida. além de ser meu sustento, é claro, também me traz muita satisfação. gosto do que faço, fico feliz com os resultados que obtenho e não pretendo parar de trabalhar. mas… como será que vou me sentir voltando ao trabalho pós-piolho? será que vai ser a mesma coisa, terei a mesma dedicação e prazer, ou será que o trabalho vai se transformar naquela parte da vida que eu suporto por falta de opção?
gostaria de encontrar um bom equilíbrio entre as duas coisas. pra quem trabalha em esquemas como o meu, não é simples conciliar casa / marido / família / trabalho / interesses individuais. creio que terei um desafio de balanceamento grande pela frente, e não quero me deixar dominar pela culpa de gostar de trabalhar.
pra quem não dá bola pro trabalho ou consegue trabalhar quase exclusivamente em casa deve ser mais fácil. mais uma das coisas que vou precisar reinventar na minha vida…
17 responses so far ↓
Cam Seslaf // April 9, 2010 at 2:47 pm |
Santa Gertrudes, networking?! Gaaaah!
A escola da Cat é bem riponguinha, pequenininha, por e-mail de falo mais. Sou apaixonada.
Festa de criança? Toca aqui, também abomino. Maaaas descobri um mundo de alternativas. A gente só não escapa das festas dos coleguinhas, a dos nossos dá pra inventar coisa muito mais legal. Ai, e espera para ver a avalanche dos presentes. É um problemão para a nossa filosofia parental do não mimo e não desperdício.
Casamento? Eu não tinha medo nessa parte, tinha pânico. Te digo que, para nós, ficou tudo melhor. Claro que tem rotina e cansaço e as demais limitações mais óbvias rs, mas hoje nós temos uma cumplicidade que é bem… malandra, eu acho rs. Um sentimento de “que diabos nós dois estamos fazendo, criando uma menina?” que é muito brincalhão, muito leve. Além disso, para nós, tem sido muito enriquecedor ter um projeto em comum. Não sabia que isso podia ser tão importante.
De trabalho não direi nada, porque meu nome é Angeli em Crise. :o)
Zel, tá uma delícia esse blog.
Letícia // April 9, 2010 at 3:04 pm |
Oi Zel!
Sempre leio, nunca comento (será que eu já disse isso?), mas tenho uma sobrinha de 7 anos e desde não me lembro que idade ela tinha, o que rola com as festinhas é deixá-la na festa e buscar na hora marcada no convite. Não resolve mta coisa, mas o teu problema de suportar a festa em si, resolve. 😉
Ashen Lady // April 9, 2010 at 3:30 pm |
É tanta questão a se pensar não é? Tão difícil pra quem tem a consciência de que criar um filho não é tarefa fácil.
Isso dos outros darem palpite é certeza de que vai acontecer, porque existem 3 coisas que as pessoas adoram aconselhar mesmo que a gente não tenha pedido opinião ou que elas mesmas sejam um fracasso no quesito: dinheiro, peso e educação de filhos. Todo mundo é expert nesses assuntos, só vai dar especialistas à sua volta.
Nessas horas só com muita paciência e jogo de cintura.
Elaine // April 9, 2010 at 3:56 pm |
Reunião de escola, affe maria!! Fui essa semana, pais totalmente sem noção. Zel, da vontade mesmo de sair correndo.
Mas não se preocupe, vc vai ser uma mãe muito legal.
Um beijo.
Ila Fox // April 9, 2010 at 4:40 pm |
Não sou mãe, e não sei se quero vir a ser…
Mas uma coisa que eu abomino (além destas coisas todas que vc citou) são aquelas mães que passam a ignorar solenemente o marido depois que o bebê nasce.
É um tal de “fulaninho é a minha vida”, “fulaninho é meu amor”, “fulaninho eu te amo!!!” E cadê o pobre do marido nesta história toda? coitados dos maridos. 🙁
Daí o filho cresce, vai cuidar da vida, e ela percebe que está ao lado de um completo estranho. O vinculo com o marido se foi faz tempo! 🙁
Maíra // April 9, 2010 at 5:45 pm |
Lá vão os palpites do lado de cá.. rs
Escola: aqui em casa já até cogitamos matricular em escola pública, pelos mesmos motivos. Até porque também moramos na roça e tem uma escola aqui bem pertinho de casa que está abrindo este ano salas para crianças menores. Teríamos possibilidade de acompanhar de perto, ajudar a esola a melhorar.. enfim. É um dilema danado. Eu estudei em uma escola muito boa em Campinas e ainda sonho em encontrar uma igual – sem pessoas sem noção. Difícil. Como o Edson agora trabalha na USP, também sonhamos em conseguir uma vaga na escola de aplicação, que nos pareceu o melhor dos mundos: educação boa com coleguinhas que levam vidas normais. Quem sabe?
Festa de criança: eu quero ir a uma festa na roça! Não preciso esperar ter meu filhote, né? 😛
Quanto ao resto, medo!! hahah Vou usar você de cobaia para saber como me virar depois!
liva abreu // April 9, 2010 at 6:30 pm |
Zel,
A algum tempo frequento seu blog, nunca comento, por simplesmente concordar e me identificar demais com tudo que vc escreve e não saber como acrescentar mais alguma coisa! Agora, mais um coincidencia, tb estou grávida de um menino ( que deve chegar no final de julho )! Estou adorando o fabricando e passei para o marido ler. A primeira reação dele foi “caramba, parece que é vc que escreve”, rs.
Num mundo onde escuto as maiores barbaridades em relação a maternidade/paternidade é um alívio vir aqui e saber que existe esperança!!
Rachel // April 9, 2010 at 6:58 pm |
Zel, pra variar, adorei o post. Marido saiu correndo pq foi numa escola q a coordenadora disse que nossa filha de 3 anos ia fazer networking. É pra chorar. Quanto a festinha, sempre fiz em casa mesmo. Mesa decorada com os brinquedos dela. Não gosto nada de buffet tbem. Ah, eu amo trabalhar, apesar de às vezes querer mudar tudo. Sinto falta dela, claro, mas acho q tem funcionado bem. Não då pra fazer tudo pelo filho e depois jogar rios de frustraçao na criança. Essa é minha opiniao. E o mais legal dessa loucura é q cada familia tem suas regras e hä varios jeitos das coisas “darem certo” bjs e boa sorte!
dani // April 10, 2010 at 1:18 am |
Eu lembro quando festa de criança não era esse megaevento que é hoje, quando as tias vinham ajudar a mãe a enrolar o brigadeiro e a salgadeira do bairro fazia um cento de coxinha e um cento de risoles. Eu gostava de festas assim. Hoje em dia, vejo gente gastando o que eu gastei na minha festa de casamento pra pagar um buffet infantil pra uma criança comemorar 8 anos de idade. Ridículo.
Os seus medos são basicamente os meus. Sorte que ainda tenho 23 e não preciso confrontá-los tão cedo… 🙂
ké // April 10, 2010 at 12:55 pm |
Escola é difícil. Mas educando bem seu filho acho terá condições de diferenciar o que ele pode ou não, mesmo que você tenha dinheiro.
Tem opção de utilizar o método Waldorf http://www.sab.org.br/pedag-wal/pedag.htm). Nossa amiga Cris (de SJC) optou para seus filhos…são opções….
Festinha – conto nos dedos as que eu já fui. Quando tem e a Jú quer ir – deixo lá e pego depois (vc sabe o quanto eu sou bicho do mato né?). Maaaaas, manter contato com pais de filhos que seu filho gosta é interessante, ainda mais para filho único. Não dá pra ser pai e criança o tempo inteiro com seu filho, então…
A gente não vai acertar sempre mesmo né, pelo menos vai fazer do jeito que achar que é correto e melhor.
Dani // April 10, 2010 at 4:22 pm |
Olha, na boa, só tenho um comentário a fazer: Espera só!
Porque na gravidez a gente tem 1 milhão de certezas, posições firmes e visões de mundo que serão sumariamente exterminados desde o momento em que o filho nasce até o resto da vida.
E aí por causa do seu filho vc vai acabar conhecendo pessoas legais q vc não conheceria de outra forma. Pode até achar um ou outro q vá pra miami todo ano gente boa, e vai até curtir uma festa em bufê na idade em que vc não precisar mais andar atrás nos brinquedos. Enfim, pode ter certeza que vc vai ter novas opiniões e experiências inimagináveis hoje.
Dani // April 10, 2010 at 11:56 pm |
Ah, uma coisa que eu lembrei depois: tem umas casas de festa que vão na contramão, e são mto bacanas. Eu fui a uma na Vila Madalena q não tinha brinquedos eletronicos, não tocava música nenhuma, as comidinhas eram todas deliciosas e diferentes e as crianças se divertiram pacas, uma delícia. Então, em matéria de criança, depois q eles chegam a gente descobre que tem de um tudo realmente, não é a pasteurização que a gente imagina. Vai na fé, tudo se ajeita.
Irene // April 11, 2010 at 11:07 pm |
Festa em buffet é uma alegria prás crianças porque é cheia de brinquedos, e uma folga para mães abastadas. A comida é uma porcaria (só frituras) mas os pais não tem que fazer nada,só pagar caro e receber os convidados. Na verdade acho que nenhum adulto gosta, mas faz pelo fato de não ter trabalho.
Pode também mandar bolo prá escolinha, e comemora lá com os amiguinhos.Ou pode fazer em casa e quase enlouquecer com um monte de crianças correndo e gritando prá todos os lados.Eu já fiz de todos os jeitos e fiquei com um pouco de pânico de tudo isso, então tento negociar algo mais light. Neste ano minha filha vai levar bolo na escola e vai chamar duas ou três amiguinhas mais chegadas prá dormir em casa (festinha do pijama com DVDs da Disney).
Em todos os lugares do mundo, as crianças vão encontrar gente legal e gente chata, acredito que temos que orientar para elas se afastarem das chatas…como nós mesmos fazemos.
Visitei muitas escolas para conhecer ambientes e métodos de ensino, e para escolher a que mais se aproximava ao nosso modo de viver, e mesmo assim ainda tenho decepções…nenhuma escola é exatamente como eu gostaria…
Palpite todos dão, mas eu nem ligo e faço só o que eu quero e acho melhor.
A vida fica diferente com filhos, mas, por um tempo vc acaba abrindo mão de certas coisas por um ser que vc ama acima de tudo.
Leandra // April 12, 2010 at 2:21 pm |
Acho que antes de entrar para esse mundo com todas estas situações que vc citou a gente tem muitas teorias, mas na pratica a coisa é diferente. E como tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim e cabe a cada um selecionar o que lhe convém. Confesso que muitas das minhas teorias das quais tinha opinião formada foram por agua abaixo após a maternidade , é viver para crer!
Lu Terceiro // April 12, 2010 at 3:58 pm |
Oi Zel,
O que me apavora mesmo, até hj, é ver a Alice doente. O resto é fichinha, hehehehe.
Sobre as escolinhas, eu tinha uma opinião antes, tenho outra agora. Acho que se o bebê consegue ficar com um adulto responsável até mais ou menos 2 anos de idade, acho mais legal. Isso pela minha experiência, claro. A Alice passou uns meses em berçário e uns meses com minha sogra e a tia (da Alice). A dedicação e interação fizeram um super bem para ela. Hj em dia estamos tentando um berçário. Por mais capacitado, sei lá, acho que sempre fica em débito a questão da interação.
Sobre as festinhas, tem umas horrendas mesmo. Mas tem umas legais, dá para fazer sim 🙂 Eu comemorei o 1 ano da Alice. Não deixa de ser um marco, o primeiro ano de vida do seu filhote, o primeiro ano de vida sua como mãe. Eu fui da opinião que queria comemorar essa data.
Sobre o trabalho, até agora não consegui achar um ponto de equilibrio. Acho sempre que, ou fico em falta com o trabalho, ou com a Alice. Essa tem sido uma matemática difícil para mim.
beijos!
Lu
elly // April 17, 2010 at 5:40 pm |
Querida,
a sensação é de que a cada dia se acorda para uma nova guerra e uma nova aventura ao mesmo tempo, saca?!
Força no alienator tabajara e na alegria de viver também!
dei uma reply lá no tuí, mas acho q eu te sigo, mas não o contrário. Então replico aqui:
@ellychagasbr
aiaiai! quanta alegria! mais uma que promete arrasar na maternagem! PARABÉNS, MULHER!
Luanna // April 19, 2010 at 8:27 pm |
Ai Zel,
Adorei o post..eu sou sem noção geral.
Não tenho saco pra gente sem noção, então resolvi ser sem noção também.
Eu era politicamente correta até dia que uma mãe mandou a filha a festa de aniversário da minha filha, cheia de piolhos saindo pelas costas, neste dia eu SURTEI e agora os outros pais morrem de medo de mim.
E olha que sempre faço festa em casa pra familia e mais chegados..e alguns “amiguinhos” do colégio.
Mais a Pri adora viajar e sempre consigo trocar BIG FESTA por viagem.
Qto ao tranmpo, eu amo o que faço e PRONTO, ela tem que respeitar isso e todos tem que respeitar isso, desde de que ela nasceu. Eu a amo, mais amo meu trabalho também…Simples bem simplimho mesmo
Boa sorte com suas questões
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