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Mudanças (e a constatação que essa criança nasceu velha)

September 1, 2016 · Leave a Comment

Enquanto o mundo tá essa loucura ali fora, aqui no meu microcosmos as coisas tão loucas também: decidimos mudar o Otto de turma na escola, depois de muito pensar (e consultá-lo).
Acordar não naturalmente, antes de 6:30h, é um problema desde que começou na escola. Ele sempre acorda cedo (nunca depois de 8:30, mas quase nunca antes de 6:30), mas levantar e estar PRONTO demora muito mais que dá pra demorar pra sair pra escola. E assim, nossas manhãs são sempre um inferno. Sempre atrasados, sempre brigando, por 4 longos anos.
No último ano ele estava numa escola internacional, das 7:20 às 15h. Tudo em inglês. E chegava em casa esgotado (não física, mas mentalmente), apesar de não reclamar da escola. Logo após as últimas férias — suponho que mais maduro, crescendo — ele começou a pedir: posso sair mais cedo da escola? Eles podem falar português? “Eu queria tudo que é pra eu fazer.”
A percepção dele de que estava cansativo e que não estava entendendo como queria (apesar da professora JURAR que ele entende) foi a gota d’água, e resolvemos trocar de horário e de curso. Decidimos manter na mesma escola, pra não radicalizar demais, e observar.

Começamos essa semana. Por enquanto tudo bem, mas… 

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… houve a mudança de horário, de turma, depois de muito pensarmos e conversarmos com o Otto. Ele afirmou que queria “estudar à tarde e em português”.
A professora dele quase chorou, porque AMA ele (“ele é incrível!”), e combinou de fazer um piquenique de despedida com a outra turma, que segundo ela estava inconformada com a saída dele. Uma amiguinha mandou uma mensagem pra ele via WhatsApp da mãe, dizendo que estava triste e adorava ele. Fofos, todos eles, ficamos comovidos.
As salas são próximas, e uma parte do horário coincide. Ao chegar ontem na escola pra deixar o Otto, Fernando ficou de olho enquanto ele entrava e viu a seguinte cena: ele, distraído, ao invés de ir pra sala nova, foi pra sala antiga. As crianças, quando viram ele chegando, correram loucamente pra ele, felizes, “o Otto voltou, o Otto voltou!” e ele, quando se deu conta, saiu correndo de volta pra sala nova, **se esquivando das tentativas de abraço**.
Já administrada a situação, ele esclarece aos amigos da turma anterior, num clima de “circulando”:
“Eu agora TENHO OUTRA EQUIPE.”
Vocês não me perguntem qual é a mágica que essa criança faz pra ser tão amada por todo mundo na escola, mesmo sendo tão mala, porque só pode ser feitiçaria e não fui eu quem fez.

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