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das coisas que eu não sabia

January 20, 2011 · 1 Comment

olha, nunca imaginei o tamanho da minha ignorância a respeito da maternidade e de bebês. é tanta coisa que eu não sabia que já nem sei se vou lembrar. resolvi compartilhar com vocês as coisas que eu não sabia pra ver se ajudo as marinheiras de 1a viagem 🙂

– o medo, a paúra, o pavor. não é porque o otto foi pra UTI não, gente, é a mera existência dele que dá medo de tudo: de morrer, adoecer, ter algum problema. dá medo de não saber cuidar, de fazer alguma coisa errada. agora eu não sinto mais o medo, mas ele durou pelo menos 1 mês e não foi divertido. acho que a gente se acostuma e simplesmente “isola” o sentimento (porque os motivos pra ter medo obviamente permanecem)

– o cocô. gente, vocês vão viver em função do cocô da criatura e vão agradecer cada vez que ele fizer cocô. o primeiro cocô (mecônio) que é uma coisa bizarra (preto e pastoso) eu não limpei, porque ele estava na UTI. eu já peguei o cocô que parece ovo mexido que deu errado. é líquido, amarelo e cheio de pedaços de leite coagulado. nojento 😀 e tem cheiro, sim senhores.

– ainda sobre o cocô: ele vem em jatos. e quando está ali na direção certa, na hora de trocar, adivinha? leva banho de cocô. eu levei, algumas vezes, de cocô e de xixi. na madrugada. quando a gente levanta a perninha da criança pra trocar a fralda, pressiona a bexiga e a barriga e aí… surpresa! 😀

– o choro deles é poderoso, e dá agonia. e vai mudando com os meses. nos primeiros meses é um chorinho que parece de gatinho, depois vai lembrando grito mesmo. e quando eles choram, você quer mover um planeta pra fazer eles pararem, é instintivo.

– amamentar é cansativo. deve ter mulher por aí que acha prazeroso e tal, mas eu acho cansativo. dá dor nas costas, um calor animal e é uma responsabilidade enorme. pense que a criaturinha depende exclusivamente de você e sua capacidade de produzir leite pra se alimentar. o que compensa é saber o bem que o leite materno faz pro bebê e a carinha de feliz deles quando acabam de mamar 🙂

– a quantidade de fraldas que você vai trocar é insana. o otto faz cocô a cada 4h mais ou menos, e só à noite trocamos menos, mas faça a conta. e morro de culpa de jogar no lixo essas fraldas não biodegradáveis, morro.

– bebês não precisam de água se mamam no peito. pensando bem, parece meio óbvio, porque o leite tem muita água, mas fiquei espantada. algumas pessoas dizem pra dar água (e mesmo nosso pediatra falou pra oferecer água nos dias de muito calor), mas a verdade é que o otto nunca precisou mesmo de água até agora (faz 5 meses semana que vem)

– até o final do 3o mês os peitos ficam inchados, às vezes bem doloridos. a produção de leite estabiliza no 3o mês, o peito murcha um pouco mas continua produzindo o suficiente para o bebê. não acredite nessa história de que seu leite não é ou não vai ser suficiente. basta que o bebê continue mamando regularmente e você beba bastante água e seu leite não acaba e não é pouco. se têm dúvidas, vejam fotos do otto gorducho 😀

– por mais que a gente ame as criaturas, tem horas que dá vontade de jogar fora. juro, é uma coisa incontrolável, vontade de se livrar do incômodo e simplesmente DORMIR. mas passa, a natureza é sábia e faz a gente se apaixonar por essas coisas lindas e pentelhas.

– as unhas deles crescem assustadoramente, e PRECISA cortar, ou eles se unham todos, um horror. eu tinha medo de cortar nos primeiros meses, agora eu corto sem problema. gosto mais do cortador que da tesoura. e se você beliscar os dedinhos do bebê, não se sinta péssima, porque acontece com todo mundo, viu? todo mundo me conta que teve esse “probleminha”…

– eles são muito muito molinhos quando nascem, ai credo. dá aflição de segurar no primeiro mês (isso porque o otto sempre foi bem durinho, no 2o mês já firmava bem a cabeça), e eu que nunca tinha segurado um recém-nascido fiquei apavorada. mas sendo seu, você vai se virar e segurar, não se preocupe

– depois de poucos meses eles ficam insuportavelmente mexilhões e vão dar um puta trabalho pra trocar: bracinhos e perninhas remexendo loucamente o tempo todo. você precisa ser SHIVA pra trocar a criança.

– bebês são uma fábrica de meleca. mesmo quando não estão resfriados ou coisa parecida (o otto só ficou um pouco congestionado uma vez até agora), sempre tem meleca, incrível!

– a partir do segundo mês, eles gritam. não é mais choro, é grito mesmo. e gritam feito maritacas de brincadeira, experimentando a voz, é super engraçado (e assusta também às vezes!)

– eles peidam e arrotam muito, meu deus! verdade que se pensar bem, a gente também, né? 😀 é que por algum motivo sempre pensei em bebês como versões fofas e limpinhas de adultos, e isso não é verdade, nem de longe 🙂 prepare-se pra muito arroto, pum, cocô, baba, catarro e xixi. o maravilhoso mundo dos fluidos e excreções humanas 😀

acho que era isso… se lembrar de mais alguma coisa eu atualizo o post. a verdade é que estou me divertindo com essa minha nova função de mãe, mas agradeço todo dia à minha maravilhosa babá maria que me ajuda a aprender tanta novidade e alivia meu cansaço… cuidar de bebês é trabalho de período integral!

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a chegada do bebê: o lado B

October 24, 2010 · 17 Comments

eu tinha pavor desse momento: aquele sem volta, quando o bebê chegasse em casa. nunca tinha pego um recém-nascido no colo, não sabia o que fazer e não tinha quem ajudasse (especialmente no fim de semana). ele chegou, e no fim acabamos conseguindo dar conta e mantê-lo vivo e feliz 🙂 mas…

… preciso contar pra vocês a realidade nua e crua, sem toda a paixão e encantamento do meu relato do lado a. cuidar de bebê é muito, MUITO cansativo e estressante. não acreditem em ninguém que diga o contrário, e não se engane achando que você vai tirar de letra pelo motivo X ou Y. é difícil, é cansativo e dá um medo do cacete. imagino que o segundo filho seja menos apavorante, mas duvido que seja menos cansativo.

tudo começa com a constatação que você ainda não conhece aquele serzinho. essa coisa de amor incondicional na hora que vê o bebê eu já disse que não senti, e honestamente acho que é viagem. a gente se apaixona pela criatura conforme vai olhando pra ela e conhecendo melhor, apesar dos pesares todos que vou contar.

bem, o que é necessário pra manter um bebê vivo? limpar, agasalhar, alimentar, fazer dormir, ficar confortável e dar carinho. pragmaticamente parece que todas essas coisas são simples – dá pra ensinar e explicar, certo? errado! porque tudo que se relaciona a manter o bebê feliz e confortável tem muito a ver com quem ele é e o que funciona praquele ser especificamente. tem algumas técnicas (leia esse post, pelo amor de deus, que salvou nossa vida), mas você só vai descobrir o que funciona por tentativa e erro.

trocar fraldas, dar banho e amamentar a gente aprende rapidamente. o que ninguém ensina é o que fazer com os sentimentos de medo, desamparo, frustração e raiva (é, gente, dá MUITA raiva) quando você não sabe o que fazer pro seu bebê não chorar ou parar de chorar. porque tem outra coisa que eu não sabia: quando o bebê chora, a gente sente uma COISA, assim com letra maiúscula, uma necessidade primal de fazê-lo parar. dá desespero, vontade de chorar junto. e às vezes a gente demora pra perceber o motivo e resolver. enquanto isso, o que fazer com a urgência de parar o choro?

por mais que você ame seu filho, e você vai amar, tem horas que dá vontade de desistir, de devolver pra fábrica (hahahahaha! :)), de gritar e pedir pra descer. só que – adivinha? – não tem como desistir nem descer nem nada. hoje eu entendo as pessoas desequilibradas que fazem coisas horrorosas com seus filhos pequenos. é claro que precisa ser completamente desequilibrado pra perder a cabeça, mas sério: é preciso ter apoio, cabeça fria e paciência pra não surtar.

pense que você está sem dormir, cansado física e emocionalmente (pra não falar do efeito físico e hormonal pós-parto), com medo de prejudicar o bebê de alguma forma e ainda por cima precisa lidar com o choro e a urgência de fazê-lo parar. é de arrancar os cabelos. eu tinha uma opinião diferente sobre isso antes do otto nascer, mas hoje recomendaria MUITO que quem vai ter um bebê peça toda ajuda que puder (presença física mesmo) nas primeiras semanas, no primeiro mês pelo menos. acredite, você vai precisar, e não é porque não dá conta, mas principalmente porque precisa de uma folga nem que seja de alguns minutos, e precisa também de alguém pra dizer que tudo vai ficar bem, que vai passar.

se seu marido não pode ou não quer te ajudar, pelo amor de deus peça ajuda pra sua mãe, sogra, irmã, qualquer uma. se seu marido ajudar, peça ajuda extra assim mesmo e se arme de toda paciência de que puder dispor, porque vocês vão brigar. vão brigar porque o bebê chora e um acha que o outro podia fazer alguma coisa, porque ele é lento pra trocar a fralda, porque você não consegue fazer o bebê mamar assim ou assado, ou por qualquer outro motivo. vocês estarão cansados, tensos e chateados porque, tipo, a vida sossegada de casados de vocês acabou. é, gente, acabou. pode ser que volte depois de um tempo, mas esses primeiros meses… esqueça.

sexo? admiro quem consegue pensar nisso nesses primeiros meses. eu simplesmente só consigo pensar em dormir. comer e tomar banho estão logo depois na minha prioridade. além da questão da libido que se modifica (já ouvi de muitas mulheres que ficaram menos interessadas em sexo nos primeiros meses após o nascimento do bebê. eu mesma não ando muito interessada, pra ser honesta), o casal está tenso e cansado, foco total no bebê. não é um ambiente muito sexy, convenhamos.

conversas? o único assunto é o cocô do bebê, o que ele fez ou deixou de fazer, se dormiu, se está bem ou mal. não é fácil manter uma vida normal, mesmo fazendo um esforço. dou exemplo: estou amamentando ou limpando ou confortando o bebê OU estou dormindo, comendo ou cuidando da minha higiene. entre dormir e ler um jornal ou ver um filme, sinceramente… dormir. percebam que o repertório fica limitado.

e a frustração e tristeza de ver seu bebê sofrendo? sim, eu sei que é temporário, que todos os bebês choram e que passa, mas juro que é horrível assim mesmo. pode racionalizar o quanto quiser, gente: dói. dá a sensação de incompetência, que somada com o cansaço… afe. chororô faz parte da vida nesses meses. por isso, de novo: precisa se cuidar, pedir ajuda, repetir o mantra “vai passar; eu estou fazendo tudo certo; bebês são assim mesmo” e tal.

em suma, eu não sei como as pessoas decidem ter mais um filho. nossa, o que dá na cabeça das pessoas pra passar por isso de novo? elas esquecem, só pode ser. é chato, cansativo, difícil e estressante. e nem vem com a história de que “ah, mas compensa quando a gente vê aquela coisinha linda…”, porque não é questão de compensar. é questão de sobrevivência da espécie, a gente vem preparado pra amar e proteger os bebês. senão a espécie tinha acabado.

eu amo essa coisinha fofa que está aqui dormindo do lado? nossa, amo muito. mas a verdade é que dá vontade de colocar ele ali no lixo reciclável quando a coisa fica feia 🙂 e essa parte da maternidade o povo não te conta, mas eu tou contando pra preparar você. o seu bebê vai ser a coisa mais importante da sua vida quando nascer, mas não se sinta um ET se tiver vontade de devolver ele pra cegonha, tá?

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a chegada do bebê: o lado A

October 24, 2010 · 3 Comments

como vocês devem imaginar, nós ansiávamos muito pela chegada dele em casa, depois de 8 dias de UTI. o desejo de pegar o bebê no colo e fazer carinho nele, dar banho, essas coisas simples era enorme. mal pudemos acreditar quando ele foi liberado!

foi incrível poder pegá-lo no colo, sentir o calor do seu corpinho, conhecer melhor sua personalidade, o que ele gosta e não gosta.

o otto foi um anjo na primeira semana (segunda semana de vida dele), só deu um pouco de trabalho pra dormir, porque é muito agitado. mas pegamos o jeito, e conseguimos fazer ele dormir numa boa usando as dicas do livro que comentei aqui. sozinhos, no fim de semana, demos banho nele e trocamos a fralda pela primeira vez na nossa vida (nem eu nem o fer tínhamos sequer pego um recém-nascido no colo até então!), conseguimos cuidar dele e fazê-lo ficar confortável.

nas semanas seguintes as coisas ficariam menos simples — ele começou a ter chilique numa determinada hora do dia, dor de barriga de vez em quando, e muita dificuldade pra dormir. mas a felicidade por ele estar bem e em casa superou as dificuldades, a falta de sono e o stress.

mesmo antes dele nascer, decidimos mantê-lo dormindo na nossa cama (num bercinho de recém-nascido), pra facilitar a função da madrugada. tenho muito sono das 22h-7h e seria sofrido ter que levantar pra amamentar. além disso, teríamos que lidar com a pretinha andando no meio dos nossos pés no meio da noite. morro de medo de pisar nela sem querer, então ficar dentro do quarto é o mais prático até que ele complete 3 meses.

por mais que seja uma situação completamente nova e às vezes difícil (adivinhar ou aprender o que o bebê quer/precisa não é simples!), a sensação de conseguir é maravilhosa. estamos nos conhecendo, aos poucos, e nos apaixonando cada vez mais pelo pequeno. cada pequena coisa que ele aprende e faz nos deixa babando. cada sorrisinho, carinha diferente e barulhinho que ele faz é como um prêmio pra nós. ver o bebê diferente a cada semana, às vezes até a cada dia, dá uma satisfação enorme.

o bebê é uma nova pessoa na vida da gente, alguém que estamos aprendendo a conhecer e a amar, a cada dia. mas por mais que seja apaixonante e lindo e fofo, não é moleza não. tem todo o lado B que é preciso conhecer e se preparar pra enfrentar…

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o tal amor incondicional

October 24, 2010 · 4 Comments

em primeiro lugar, pra mim funcionou assim: eu não “me apaixonei” pelo bebê ainda na barriga. enquanto ele esteve do lado de dentro, era só uma idéia e eu não fantasiava muito a respeito. talvez isso tenha a ver com o medo de não dar certo até ter dado certo, sabe? mecanismo de defesa, eu acho.

até que ele nasceu, na circunstância mais desfavorável, e fui ver sua carinha através das paredes da encubadora. e aquela magia que descrevem quando vemos a cara do bebê pela primeira vez (que não esquece mais, e tal) não aconteceu comigo. é claro que eu achei ele lindo e fofo, e despertou em mim um desejo incontrolável de protegê-lo, mas estaria mentindo se dissesse que senti um amor imediato e absoluto.

fui aos poucos conhecendo e amando aquele serzinho, conforme fui conhecendo quem ele era, suas carinhas e manias. é incrível como eles já nascem com personalidade e a gente se apaixona por cada detalhe deles. mas pra mim foi aos poucos, como todo relacionamento. com a diferença que por enquanto só melhora 🙂

quase 2 meses depois do nascimento do otto, é realmente impossível pensar no mundo sem ele. vejo a carinha gorducha dele e me encho de uma sensação de felicidade e paixão, dá vontade de apertar e mantê-lo o mais perto de mim quanto possível. entendo agora quem diz que tem saudade dessa época: apesar das dificuldades dos 3 primeiros meses, eles são pequeninos e dá pra ficar grudado várias horas por dia, como se fôssemos ainda um só.

acho que amor incondicional não é a expressão correta pra descrever esse amor que sentimos pelos filhos; é um amor de proteção e preservação, sabiamente desenhado pela natureza. faríamos qualquer coisa pra manter essas criaturinhas vivas e felizes. a carinha delas quando estão tranquilas e felizes dá a melhor sensação do mundo, é alívio misturado com felicidade e “missão cumprida”.

fato é que em 2 meses me apaixonei perdidamente pelo meu menino, e ver sua carinha feliz é a coisa que mais me faz feliz na vida. acho que faria qualquer coisa pra fazer esse mocinho feliz!

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sobre auto-estima e vaidade

August 17, 2010 · 2 Comments

a cam começou bem lá no blog novo, e trouxe um assunto que venho tangenciando há tempos, não como mãe mas como filha (e me tornar mãe vai complicar mais ainda esse caldo!): a construção da auto-estima e a influência dos pais nesse processo.

não li o artigo indicado da rosely sayão (não assino a folha), então não posso opinar, mas tenho algumas contribuições que fazem parte da minha auto-análise. e é claro que tentarei aplicar o que acho mais razoável com meu próprio filho, quando a hora chegar. mencionei um artigo da superinteressante, que a dani achou online, e mencionei também um dos livros mais importantes que li nos últimos anos: a auto-estima do seu filho (linkei um trecho ao invés do livro, que é fácil achar. pedaço interessante pra citar :)).

vou fazer uma mistura das duas referências, porque elas podem parecer contraditórias à primeira vista, mas acho que são na verdade complementares.

algumas coisas do livro são datadas (o capítulo sobre sexualidade eu dispenso), mas a base dele, que trata da construção da auto-estima, é preciosa. os meus 3 anos de terapia foram baseados nas “técnicas” deste livro, e não vai dar pra explicar num post o quanto conceitos tão simples mudaram minha vida. digo que sou outra pessoa depois de entender como minha auto-estima foi prejudicada e também como eu repetia (e repito ainda, é difícil abandonar esse modus operandi herdado dos nossos pais) o mesmo comportamento com os que me cercam. a boa notícia é que tem conserto, e nunca é tarde pra começar a mudar (seja o estrago feito em você, seja seu comportamento com os outros).

a idéia do livro é simples: as pessoas precisam se sentir compreendidas, aceitas e amadas para serem felizes. e isso não significa que devemos aceitar qualquer tipo de comportamento, muito pelo contrário: podemos e devemos mostrar ao outro que às vezes seu comportamento nos magoa, incomoda e machuca e que não queremos ser ofendidos; e da mesma forma, devemos mostrar que outros comportamentos nos deixam felizes. mas é essencial evitar o julgamento, o rótulo. o indivíduo precisa sentir (ou saber) que é valorizado por aqueles que ama e admira principalmente pelo que é, e não só pelo que faz ou demonstra.

cada vez que rotulamos alguém (e esse processo de rotulagem começa quando nascemos, pelos nossos pais e parentes), estamos limitando sua capacidade e percepção de si mesmo. e acho que aí está o link entre o livro e o artigo: sempre pensamos em prejuízo à auto-estima relacionado a críticas e repreensões, mas o elogio também é uma forma de prisão. a expectativa criada quando somos elogiados pode nos restringir também.

vou tentar exemplificar os 2 casos.

caso 1 ou “como fazer alguém se sentir inadequado”:

quantas vezes vocês já viram mães (avós, pais, tios…) dizerem a uma criança algo como “mas a vovó veio até aqui pra te ver e você nem vai dar um beijo? que feio, como você é mal-educado. a vovó também não gosta mais de você, então!”? ou o clássico “você não vai comer essa comida que a mamãe fez com tanto amor? a mamãe vai ficar triste!”. eu aliás escuto coisas neste mesmo tom com 38 anos de idade, e não só de família, mas de amigos também.

o problema aqui é o seguinte: por causa de uma ação ou comportamento (não cumprimentar, não querer comer), o sentimento de amor e aceitação é colocado em jogo. o que diz não é questionado (dizer não = não amar) e o que recebe a recusa usa seu amor como ameaça ou moeda de troca (se você quer ser amado, faça o que eu quero). as frases parecem bobas e inocentes, e afinal, estamos brincando, não é? não, não é. esse tipo de queda de braço que coloca o afeto em jogo destrói a auto-estima do outro, e impede que ele se sinta à vontade para expressar o que verdadeiramente quer. de novo: não significa que as pessoas que se sentiram ofendidas não possam se manifestar, elas podem e devem. mas de outra forma. que tal assim, por exemplo: “que pena que não vou ganhar um beijo! eu estava com saudade e adoraria receber um beijo seu”. no outro caso, que tal “fiz essa comida especialmente pra você, porque fico feliz quando você come as coisas que eu faço”.

vejam que a idéia não é ganhar a briga, mas expressar sentimentos (bons ou ruins) sem julgar o outro ou ameaçá-lo. afinal, tudo o a gente devia querer nos nossos relacionamentos é ser feliz e se possível fazer os outros felizes!

o outro problema do rótulo é que uma vez colocado, há o risco do outro aceitá-lo de vez. você diz que alguém é preguiçoso, mal-educado ou tagarela e pronto: a pessoa se acredita assim e vai fazer de tudo pra se encaixar no rótulo. já cansei de ver crianças repetindo rotulações dos seus pais: “é que eu sou tímido” ou “é que eu não gosto de TV”. é um crime rotular qualquer pessoa, mas é especialmente cruel fazer isso com crianças.

caso 2 ou “como fazer alguém não se aventurar”:

comentários críticos também cabem aqui, claro, mas gosto do ponto do artigo superinteressante sobre o prejuízo que os elogios podem causar. acho que as pessoas äs vezes confundem auto-estima com vaidade. você pode perfeitamente construir (ou não atrapalhar!) a auto-estima do outro sem apelar para a vaidade. e no caso de pais e filhos, esse limite é mesmo tênue, porque elogiar qualidades dos filhos normalmente significa exaltar qualidades dos próprios pais (senão as mesmas, herdadas, a grande qualidade de ter colocado este prodígio no mundo).

é fácil cair na armadilha de elogiar resultados/ações, rotulando as crianças (ou adultos, vale o mesmo) como inteligentes, engraçadas, sociáveis, talentosas ou seja lá o que for. e basta rotular pra que a gente se acomode no papel X, como se inteligência ou graça (pra dar exemplos) fossem dádivas que não demandam esforço ou investimento ou ainda pior: como se não pudéssemos mais fazer menos que o melhor, sob risco de sermos menos amados.

o problema todo (e a solução, na minha opinião!) está em entender que temos medo das pessoas que amamos nos admirarem ou amarem menos em função do que fazemos. porque a verdade é que as pessoas pisam na bola, errar faz parte de ser humano. é claro que tudo o que fazemos afeta os que nos cercam, e é importante que cada indivíduo entenda isso desde pequeno (ação/reação). o que realmente faz com que nossa auto-estima seja firme e forte não é receber montes de elogios e tampouco não receber críticas ou nãos, mas a certeza de que aquelas pessoas que são essenciais pra nós nos amam mesmo quando erramos e apesar dos nossos erros e fracassos. eles nos amam mesmo quando não somos assim tão inteligentes ou espertos ou legais.

quando sentimos que somos amados no matter what, nos damos o direito de errar e nos perdoamos quando pisamos na bola. e nem preciso dizer que só quem se permite errar é que acerta, não é?

como filha, aprendi a filtrar as inúmeras chantagens emocionais dos meus pais (e aprendi também a me manifestar verbalmente quando essas chantagens me machucam) e repito pra mim mesma em non-stop “eles me amam, não importa como eu me saia. eu não preciso provar nada pra eles!”.

como amiga, chefe ou coisa parecida, aprendi a não julgar ou rotular. e apesar de vira e mexe cair na armadilha, aprendi que a melhor forma de me relacionar com as pessoas é me concentrar em como EU me sinto a respeito do que elas fazem, e deixá-las saber disso. se me chateiam, eu digo que me chateei e explico como me sinto quando elas agem assim ou assado. é responsabilidade delas mudar o comportamento ou não. usando um clichê, é um jogo de frescobol mesmo: cada um precisa fazer sua parte pra bola não parar de quicar. e não se iludam: é difícil agir assim. principalmente porque nossos problemas de auto-estima se colocam como barreiras pra aceitar o outro e ser honesto.

e como mãe, vamos ver… pretendo seguir os princípios que aprendi e acredito serem corretos: ser honesta; não rotular ou julgar; dizer como me sinto (quando fico feliz ou triste); reforçar que meu amor é incondicional, sim. mesmo quando disser não, colocar de castigo ou perder a paciência 😀

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e quem somos afinal?

August 13, 2010 · 6 Comments

esse assunto tá na cabeça há muitas semanas (tipo várias dezenas delas), e depois de ler o último post da cam no blog novo (viva, ela voltou!) resolvi falar de um assunto difícil porém central pelo menos pra mim: mãe, profissional, esposa, amante, blogueira, amiga, ser-de-tetas. quem sou eu?

o óbvio, a resposta intelectual e analisada, é que somos uma combinação de várias coisas, e não uma só. mas convenhamos, não é assim que vemos a nós mesmos. bom, pelo menos eu não me vejo como essa manta linda de patchwork, com cada pedacinho ou faceta cumprindo seu papel na tecelagem da minha vida… eu me julgo e rotulo, sou parcial e muito carrasca.

honestidade? eu me defino pelo meu trabalho, sou a mais perfeita tradução (e clichê) do mundo pós-industrial e capitalista. eu sou o que faço, o que entrego, o quanto dou de resultado. o que no meu caso é um arranjo sensacional, pois sou bem-sucedida na carreira, elogiada, bem paga e dou um resultado enorme. e de quebra, adoro meu trabalho. pensando bem, não deve ser exatamente à toa que preferi me definir basicamente pelo meu lado profissional, não é mesmo, minha gente? 😉

estou há 4 semanas sem trabalhar (resolvi iniciar a licença maternidade antes), e foi interessante observar como o não trabalhar/não “entregar coisas” me afetou. a sensação é de inutilidade, “displacement” (qual é o meu lugar? cadê minha mesa, meu telefone, meu notebook!), mas principalmente de não ser necessária.

sempre critiquei mulheres que se dedicam exclusivamente aos seus filhos e marido, porque creio que isso cria uma falsa sensação de ser necessária, o “centro da família”, que tem prazo pra vencer. os filhos crescem e vão embora (se a doida deixar, né. senão vira um encosto na vida dos filhos, tá cheio por aí), o casamento eventualmente acaba (até porque mães profissionais não investem no relacionamento com o marido, afinal já casaram e pariram) e elas aos 50 anos se vêem sozinhas e sem propósito. absolutamente compreensível que pirem na batatinha e se sintam péssimas. as que têm sorte continuam casadas, mesmo infelizes, ou são ricas; as azaradas se pegam sozinhas, sem profissão, sem propósito na vida, e sem dinheiro. muito, muito medo.

mas aí fiz um exerciciozinho: qual é exatamente a diferença entre a mãe profissional e a profissional-profissional? a diferença infelizmente é pequena (embora seja significativa do ponto de vista prático): a profissional-profissional provavelmente terá independência financeira e algo pra se ocupar.

me preocupa mais o que é igual nos dois casos, a unidimensionalidade (afe, inventei) do meu ser. sim, eu faço muitas coisas, e sou muitas coisas, é fato. então por que me deixo envolver tanto por um dos aspectos da minha vida? o tempo que gasto com meu trabalho (não só dentro do escritório, mas pensando nele) é desproporcional, se comparado ao restante da minha vida. e é fato que dou mais importância ao trabalho que à minha família, amigos e até a mim mesma.

(se você que me lê consegue equilibrar bem sua dedicação às suas várias atividades, parabéns. eu sou uma lástima nesse aspecto)

me pergunto: será que essa dedicação, paixão e comprometimento com o trabalho não é simplesmente uma fuga, uma válvula de escape pra compensar aspectos negligenciados da minha vida? afinal, se como profissional consigo me sentir poderosa (o que nem sempre acontece como esposa, amante ou amiga), quero ficar neste “modo” o máximo possível. melhor continuar investindo onde dá certo, ao invés de arriscar fazer besteira como mãe, amiga, escritora.

com a maternidade como nova variável da minha história, a coisa se complica. afinal, esse é potenciamente mais um papel pra eu me sair mal e me sentir péssima a respeito de mim mesma 😉 duvido muito (por mais que digam e falem e cantem aos 4 ventos…) que ser mãe vai me bastar e encantar a ponto de eu querer parar de trabalhar, mas pode balançar as estruturas aqui sim, além de adicionar mais uns goles de culpa num pote até aqui de mágoa.

da mesma forma que não acho saudável ser mãe-profissional, não gostei de concluir que sou profissional-profissional. quero ser mais que isso, quero de verdade balancear melhor os vários aspectos da minha vida e personalidade, e poder deixar algumas dessas coisas de lado de vez em quando sem me sentir vazia ou inútil. quero poder ficar 6 meses fora do trabalho sem culpa, e quero também poder tirar férias do meu filho sem culpa.

é, esse é mais um daqueles posts sem conclusão. minha conclusão no fundo é que com a chegada do meu filho, ganhei a oportunidade de, mais uma vez, me reinventar. nos próximos anos, quero me dedicar a ser eu mesma mais auto-sustentável, menos carrasca e plural de verdade.

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de onde vem o medo ou a depressão

May 3, 2010 · 5 Comments

nem citei no post sobre o assunto o medo pelo filho (de adoecer, sofrer, morrer, enfim) porque esse é o mais básico e óbvio. nem gosto de pensar no assunto.

uma série de mulheres (muitas!), quando sabem que estou grávida ou me ouvem falando sobre o bebê chutar, comentam o seguinte: “ah, que saudade de quando estava grávida!”. confesso que não consigo me relacionar com essa saudade, seja porque ela ainda está em andamento ou porque além do encantamento com a experiência física (que é bem louca) não acho nada gostoso. sentir um ser vivo existindo e se mexendo dentro de você é incrível? caramba, se é! mas é isso: incrível, milagroso. não me parece algo que vai me dar saudades.

nesta linha de pensamento, tive uma sacada: será que essa saudade que mencionam as ex-grávidas não é no fundo a falta da versão anterior de si mesma e da vida durante/antes da experiência? porque, convenhamos, a partir do instante do parto a vida anterior (bem como a pessoa anteior) se vão para sempre. não que isso seja ruim, mas é uma perda sim. não há mudança nem evolução sem que alguma coisa morra ou se perca sem volta.

antes de sermos pais, somos filhos somente. ser filho significa (em menor ou maior grau) ser a responsabilidade de alguém. alguém cuida de nós, se preocupa conosco, é responsável por nós. na gravidez (falo das mulheres neste caso), somos tratadas como bibelôs, recebemos uma atenção excessiva de todas as partes, inclusive de gente desconhecida. é tanto elogio, parabéns, desejos de felicidade e mimos! dá uma sensação louca de euforia, viramos o centro das atenções onde quer que estejamos. tudo gira ao nosso redor, nos sentimos especiais, poderosas, admiradas pelo simples fato de termos a capacidade de gerar outro ser humano dentro de nós. são 9 meses de endeusamento por parte de todos que nos cercam. a maternidade nesta fase é um papel novo, misterioso e cheio de glamour.

e aí vem o parto, e é como se o mundo virasse de ponta-cabeça: tudo agora é em função daquele ser que você criou. aquela atenção, o espanto e endeusamento todo que antes eram pra você agora são dele. você agora ocupa aquele mesmo papel que antes era da sua mãe, e ser filha é secundário. agora você é a mãe e a coisa mais importante do mundo é aquele ser que nasceu. seu marido pensa nele primeiro, assim como todo mundo (inclusive você mesma, é claro).

não deve ser simples lidar com essa mudança de foco do dia pra noite, em questão de horas apenas! por mais que seja maravilhoso ver seu filho e tê-lo nos braços, não acho que essa mudança radical entre os papéis seja fácil de lidar. quando o bebê ainda é 100% dependente da mãe, essa sensação deve ser amenizada, afinal somos necessárias. imagino que quanto mais o bebê cresce, mais difícil deve ser lidar com o fato de que ficamos em segundo plano. fico pensando que é preciso toda uma reconstrução do nosso lugar no mundo para se adequar à nova realidade.

não me admira que algumas mulheres se deprimam ou tenham muito medo (além é claro das questões hormonais, que são outra história). eu já tenho medo desde agora 🙂 e acho que partos deviam ser acompanhados de terapia obrigatória…

curiosa e interessada que sou na construção de mim mesma (e na constante elaboração e melhoria de quem sou), estou observando atentamente tudo o que sinto e penso. por mais que tenha medo, mal posso esperar o que está por vir. creio que será provavelmente a maior aventura interna de toda minha vida.

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do que me apavora em ser mãe

April 9, 2010 · 17 Comments

blog também serve pra gente desopilar medos e incômodos, não é? vamos aos meus, no que diz respeito a ser mãe (nenhum sem conclusão ou resposta, é claro):

escolinha

muitos sentimentos controversos. afinal, escola pra criança serve exatamente pra quê? lugar pra ficar enquanto os pais trabalham, espaço de socialização ou investimento de educação a longo prazo? (ou todas as alternativas?)

se eu fosse pobre, o problema não existiria: coloca o moleque na escola/creche pública e pronto. temos grana pra pagar escolinha, mas eu realmente não gosto da idéia do meu filho se relacionando com montes de criancinhas “de posses” com seus pais “de posses” e sem noção. não quero que meu filho cresça achando que é normal ir pra miami nas férias e nem que se pode comprar absolutamente tudo. mesmo se eu tivesse dinheiro pra ir pra miami (ou esquiar na suíça) todas as férias, eu não iria. mesmo que eu tiver grana pra comprar um carro de presente pro meu filho quando ele fizer 18 anos, não comprarei. acho essencial aprender o valor das coisas, e dar valor ao que se tem. não me agrada pensar que meu filho vai achar que faz sentido ter tudo de mão beijada, sem nenhum esforço. e odeio pensar nele convivendo só com os riquinhos ou classe média. odeio.

conheci uma figura que pagava pela escolinha da filha de 5 anos o equivalente a uma mensalidade de faculdade de medicina. tolinha que sou, perguntei qual era o sentido de gastar tanto dinheiro na escolinha de uma criança tão pequena… a resposta? networking. *ânsias de vômito* francamente, se meu filho precisar tanto assim de networking pra ser alguém na vida é porque eu fiz um péssimo trabalho como educadora.

festa de criança

a-bo-mi-no a instituição festa infantil, principalmente em buffet. odeio música alta e gente gritando. normalmente odeio as decorações de festa. e acho descabidas festas megalomaníacas, principalmente para crianças muito pequenas (desculpem aí, viu? espero que esse tiro não saia pela culatra). sempre me parece uma realização para os pais muito mais que para os pequenos. alguém me abata a tiros se eu fizer megafesta pra 100 pessoas no aniversário de 1 ano do piolho.

me recuso a ir a festas tipo buffets. já sei que em algum momento o piolho terá amiguinhos que vão convidar e eu vou ter que ir, mas irei sob protestos e rangendo os dentes. espero que ele por conta própria uma hora também considere essas festas menos legais que outras mais criativas e gostosas.

pais e mães das outras crianças

atualmente eu escolho as pessoas com as quais quero conviver, e sei que vai chegar o momento de ter que conviver compulsoriamente com pais/mães dos coleguinhas do piolho. esse momento me apavora! como vou fazer pra não chutar a boca das pessoas, ou dizer exatamente o que eu penso e causar problemas?

com a quantidade de pais e mães sem noção ou simplesmente chatos que tem por aí, antevejo anos de muita paciência pela frente… acho que vou usar o blog pra reclamar e evitar o confronto.

imagino que reunião de pais deve ser mais ou menos como reunião de condomínio: certeza de passar raiva. muita passiflora antes das reuniões, e vambora.

os outros

ah, as pessoas que se sentem no direito de dar palpite na sua vida e na criação do seu filho… cara, eu super tenho opinião sobre TUDO, e por isso mesmo escrevo loucamente no blog: pra evitar dar minha opinião não solicitada pra você, cidadão. eu acho seu cabelo feio, seu filho mal-educado e detesto a música que você escuta, mas nem por isso me sinto no direito de dar palpite na sua vida, sacou?

se sem criança o povo já se mete na vida alheia, calculo quando a criaturinha chegar. vai ser um tal de gente dizendo como vestir, alimentar e educar… tenho medo de me tornar mais ogra do que já sou. fazendo inimigos e desagregando pessoas.

o casamento

fazemos 7 anos de casados esse ano, e ambos casamos com mais de 30 (ou seja: já cheios de manias e opiniões). passamos estes 6 ou 7 anos fazendo tudo o que dava na telha, sem grandes planejamentos ou preocupações. sem horários, sem compromisso. não somos de convivência muito estreita e frequente com a família, no máximo uma visita ou outra, e ainda assim sem nenhum compromisso.

o que será de nós com alguém pra cuidar que precisa de horários, rotinas e certamente vai trazer mais compromissos familiares à nissa vida? de verdade eu tenho medo. não é medo de não conseguir, porque tenho certeza que a gente se adapta e a coisa funciona, mas medo de ser menos feliz!

minha esperança é que ter um filho traga sensações de “cumprimento de função” e alegria muito profundas. afinal, a natureza é sábia, e se não houvesse uma recompensa basal muito boa a humanidade não teria prosperado 🙂

o trabalho

minha vida profissional é parte essencial da minha vida. além de ser meu sustento, é claro, também me traz muita satisfação. gosto do que faço, fico feliz com os resultados que obtenho e não pretendo parar de trabalhar. mas… como será que vou me sentir voltando ao trabalho pós-piolho? será que vai ser a mesma coisa, terei a mesma dedicação e prazer, ou será que o trabalho vai se transformar naquela parte da vida que eu suporto por falta de opção?

gostaria de encontrar um bom equilíbrio entre as duas coisas. pra quem trabalha em esquemas como o meu, não é simples conciliar casa / marido / família / trabalho / interesses individuais. creio que terei um desafio de balanceamento grande pela frente, e não quero me deixar dominar pela culpa de gostar de trabalhar.

pra quem não dá bola pro trabalho ou consegue trabalhar quase exclusivamente em casa deve ser mais fácil. mais uma das coisas que vou precisar reinventar na minha vida…

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iguais ou diferentes?

February 23, 2010 · 4 Comments

todo mundo tem o direito de achar o que quiser, afinal, mas tem umas coisas que eu fico assim besta. segui a recomendação da cam no twitter, e fui ler o post deste blog sobre a crítica da maternidade naturalista.

sempre tive pé atrás com o feminismo, e explico o porquê. sim, sei que a discussão é complexa e sou completamente leiga no assunto, mas ainda assim me dou o direito de expressar minha opinião.

acho ridículo rotular como retrocesso feminista a mulher optar por exercer seu papel de mãe plenamente. é um fato que o bebê é dependente da mãe, e que ela é mais importante que o pai durante alguns meses. o fato de termos encontrado alternativas (mamadeira e outros) não elimina a realidade. é como dizer que porque podemos alimentar um elefante bebê com uma mamadeira a elefanta mãe não é mais importante ou devia ser “libertada” dessa atividade.

essa defesa da “liberdade” feminina pra trabalhar e não estar à disposição do bebê é falácia: o que está por trás disso (de novo) é a questão de escolha. no mundo moderno e na nossa classe social, a forma como a mãe vai assumir sua maternidade é escolha, não é mais imposição. você quer parir e na sequência fazer plástica, não amamentar e nem pegar seus filhos no colo (como fez a fernanda young, aliás)? é sua opção, pô. tem quem vá achar que você é uma mãe sem noção, tem quem vá achar que é uma opção de mulher livre, liberada e moderna.

opções trazem consigo ônus e bônus. pra mim só cabe trazer a questão feminista à tona se a mulher não tem opção. havendo opção, basta ser adulta e assumir a sua.

uso a mim mesma como exemplo: de que forma ficar 6 meses fora do trabalho por conta da minha licença maternidade e ficar à disposição do meu filho para mamar a qualquer hora é um retrocesso do ponto de vista feminista? fui eu quem escolheu. se escolher inclusive parar de trabalhar (em acordo com meu marido e companheiro) é meu direito. pior são as coitadas que sequer têm direito a esta escolha, caso queiram ser mães, e são obrigadas a deixar seus filhos em creches e parar de amamentar.

pra mim esse ponto de vista é uma inversão da realidade (inclusive no nível animal da coisa) baseada em culpa. muitas mulheres precisam da justificativa feminista (“não sou um delivery de leite, sou uma profissional e mulher”) pra não se sentirem culpadas por simplesmente estarem de saco cheio de amamentar seus filhos ou cuidar deles. encheu o saco? terceiriza. mas (DE NOVO) assuma suas escolhas como um adulto.

eu não preciso de nenhum guru feminista encontrando justificativas pra mim, dispenso. faço minha escolhas individuais e arco com as consequências delas, muito obrigada.

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porque mudança pouca é bobagem

February 18, 2010 · Leave a Comment

não sei o quanto ficou claro, embora eu tenha mencionado em posts anteriores, mas queremos adotar nosso segundo filho. ou melhor, nossa segunda filha.

eu não pretendo engravidar de novo, por 2 motivos: não acho a gravidez exatamente agradável, e acho experimentar uma vez já satisfaz meus desejos de passar pela experiência.

por outro lado, acho absolutamente essencial que meu filho tenha irmãos. minha opinião é que ser filho único não é legal. com todos os problemas que tive/tenho com meus irmãos, tenho certeza que eu seria uma pessoa pior se eles não existissem. é um relacionamento que não tem substituição – amigos, por mais próximos e presentem que sejam, não são a mesma coisa que irmãos.

e por que uma menina? novamente, porque quero passar pela experiência de criar uma menina, já que teremos um menino. não tenho dúvidas que outro menino seria legal também, mas já que podemos escolher, escolheremos.

não sei quando a adoção vai acontecer de fato, pois queremos uma menina com idade compatível com a do piolho. provavelmente vai demorar, pois sabemos que esse é o perfil mais difícil, mas não temos pressa afinal de contas. só gostaria que não fosse muito depois dos 4 anos do moleque. entraremos com a papelada nos próximos meses, e aí é só esperar!

imaginamos – e sabemos, afinal viemos de famílias grandes – que criar mais de 1 filho ao mesmo tempo é difícil, mas pra nós é menos importante o nosso trabalho e mais importante que nossos filhos tenham irmãos. temos certeza que não é moleza, mas não tem problema. como se dizia na época da minha avó, quem cria um cria dois 🙂

conforme formos andando com esse processo paralelo, vou dando notícias.

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