..23.12.06..
     
     
          in spite of everything       in spite of everything which breathes and moves,since Doom (with white longest hands neatening each crease) will smooth entirely our minds 
  -before leaving my room i turn,and(stooping through the morning)kiss this pillow,dear where our heads lived and were. 
  ee cummings
          recitado por Zel @ 8:41 PM
      
       
      
     
          ..5.12.03..
     
     
          Desejos Vãos
 (Florbela Espanca)
 
 Eu queria ser o Mar de altivo porte 
 Que ri e canta, a vastidão imensa!
 Eu queria ser a Pedra que não pensa,
 A pedra do caminho, rude e forte!
 
 Eu queria ser o sol, a luz intensa
 O bem do que é humilde e não tem sorte!
 Eu queria ser a árvore tosca e densa
 Que ri do mundo vão é ate da morte!
 
 Mas o mar também chora de tristeza...
 As árvores também, como quem reza,
 Abrem, aos céus, os braços, como um crente!
 
 E o sol altivo e forte, ao fim de um dia,
 Tem lágrimas de sangue na agonia!
 E as pedras... essas... pisá-as toda a gente!
          recitado por Clarice M. @ 7:58 PM
      
       
      
     
          ..4.12.03..
     
     
          Dez Chamamentos Ao Amigo
 (Hilda Hilst)
 
 I.
 Se te pareço noturna e imperfeita
 Olha-me de novo. Porque esta noite
 Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
 E era como se a água
 Desejasse
 
 Escapar de sua casa que é o rio
 E deslizando apenas, nem tocar a margem.
 
 Te olhei. E há tanto tempo
 Entendo que sou terra. Há tanto tempo
 Espero
 Que o teu corpo de água mais fraterno
 Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta
 
 Olha-me de novo. Com menos altivez.
 E mais atento.
          recitado por Clarice M. @ 5:59 PM
      
       
      
     
          ..11.4.03..
     
     
          Prece
 
 Preciso do veludo
 dos teus cílios
 da maciez
 e da audácia
 do
 teu cheiro
 da embriaguez
 que vem
 da tua
 boca
 
 Preciso te tocar
 
 Preciso voltar
 a ouvir
 
 o som
 do teu
 corpo
 
 (eliana mora)
          recitado por Zel @ 9:44 AM
      
       
      
     
     
          Posse intemporal
 
 Fazer amor contigo
 não é espelhar teu corpo nu
 no vítreo do meu espaço
 não é sentir-me possuída
 ou possuir-te
 
 É ir buscar-te
 ao abismo de milénios de existência
 e trazer-te livre.
 (Manuela Amaral)
 
          recitado por Zel @ 9:38 AM
      
       
      
     
          ..20.2.03..
     
     
          Às Vezes
 (Álvaro de Campos)
 
     Às vezes tenho idéias felizes,  
     Idéias subitamente felizes, em idéias  
     E nas palavras em que naturalmente se despegam...  
   
     Depois de escrever, leio...  
     Por que escrevi isto?  
     Onde fui buscar isto?  
     De onde me veio isto?  Isto é melhor do que eu...  
     Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta  
     Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamos?... 
          recitado por Zel @ 2:08 PM
      
       
      
     
          ..17.2.03..
     
     
          exausto
 
 eu quero uma licença de dormir,
 perdão pra descansar horas a fio,
 sem ao menos sonhar
 a leve palha de um pequeno sonho.
 quero o que antes da vida
 foi o sono profundo das espécies,
 a graça de um estado.
 semente.
 muito mais que raízes.
 
 (adélia prado)
          recitado por Zel @ 5:08 PM
      
       
      
     
     
          your slightest look easily will unclose me.
 though i've closed myself as fingers,
 you open always petal by petal,
 myself
 as spring opens, touching skillfully, misteriously, her first rose.
 
 i do not know what it is about you
 that closes and opens
 only something in me understands
 
 the voice of your eyes is deeper than all roses
 nobody, not even the rain has such small hands
 
 (e.e cummings)
          recitado por Zel @ 3:54 PM
      
       
      
     
          ..14.2.03..
     
     
          O mundo estava no rosto da amada
 
 O mundo estava no rosto da amada -
 e logo converteu-se em nada, em
 mundo fora do alcance, mundo-além. 
 
 Por que não o bebi quando o encontrei
 no rosto amado, um mundo à mão, ali,
 aroma em minha boca, eu só seu rei? 
 
 Ah, eu bebi. Com que sede eu bebi.
 Mas eu também estava pleno de
 mundo e, bebendo, eu mesmo transbordei. 
 
 (Rainer Maria Rilke)
          recitado por Zel @ 6:39 PM
      
       
      
     
     
          nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
 de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
 no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
 ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto
 
 teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
 embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
 me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
 (tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa
 
 ou se quiseres me ver fechado, eu e
 minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
 assim como o coração desta flor imagina
 a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;
 
 nada que eu possa perceber neste universo iguala
 o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
 compele-me com a cor de seus continentes,
 restituindo a morte e o sempre cada vez que respira
 
 (não sei dizer o que há em ti que fecha
 e abre; só uma parte de mim compreende que a
 voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
 ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas
 
 (e. e. cummings)
          recitado por Zel @ 6:38 PM
      
       
      
     
          ..13.2.03..
     
     
          O lado bom (Millôr)
 
 Quero ser uma ilha, 
 um pouco de paisagem, 
 uma janela aberta, 
 uma montanha ao longe, 
 um aceno de mar. 
 Quando precisares de sonho, 
 de um canto de beleza, 
 de um pouco de silêncio, 
 ou simplesmente 
 de sol... e de ar... 
 Quero ser o lado bom 
 em que pensas, 
 isto que intimamente 
 a gente deseja 
 mas nem sempre diz 
 - quero ser, naquela hora, 
 o que sentes falta 
 para seres feliz... 
 Que quando pensares 
 em fugir de todos 
 ou de ti mesma, enfim, 
 penses em mim...
          recitado por Zel @ 4:03 PM
      
       
      
     
          ..4.2.03..
     
     
          Me comovem
 (Eliane Pantoja Vaidya)
 
 Me comovem
 tuas mãos limpas
 e tua boca suja.
          recitado por Zel @ 5:49 PM
      
       
      
     
          ..13.6.02..
     
     
          Amor
 (Adélia Prado)
 
 A formosura do teu rosto obriga-me 
 e não ouso em tua presença 
 ou à tua simples lembrança 
 recusar-me ao esmero de permanecer contemplável. 
 Quisera olhar fixamente a tua cara, 
 como fazem comigo soldados e choferes de ônibus. 
 Mas não tenho coragem, 
 olho só tua mão, 
 a unha polida olho, olho, olho e é quanto basta 
 pra alimentar fogo, mel e veneno deste amor incansável 
 que tudo rói e banha e torna apetecível: 
 caieiras, desembocaduras de desgostos, 
 idéia de morte, gripe, vestido, sapatos, 
 aquela tarde de sábado, 
 esta que morre agora antes da mesa pacífica: 
 ovos cozidos, tomates, 
 fome dos ângulos duros de tua cara de estátua. 
 Recolho tamancos, flauta, molho de flores, resinas, rispidez de teu lábio que 
 suporto com dor 
 e mais retábulos, faca, tudo serve e é estilete, 
 lâmina encostada em teu peito. Fala. 
 Fala sem orgulho ou medo 
 que à força de pensar em mim sonhou comigo 
 e passou um dia esquisito, 
 o coração em sobressaltos à campainha da porta, 
 disposto à benignidade, ao ridículo, à doçura. Fala. 
 Nem é preciso que o amor seja a palavra. 
 "Penso em você" - me diz e estancarei os féretros, 
 tão grande é minha paixão. 
          recitado por Zel @ 2:02 PM
      
       
      
     
          ..11.2.02..
     
     
          Transforma-se o amador na cousa amada,
 por virtude do muito imaginar;
 não tenho, logo, mais que desejar,
 pois em mim tenho a parte desejada.
 
 Se nela está minha alma transformada,
 que mais deseja o corpo de alcançar?
 Em si somente pode descansar,
 pois consigo tal alma está ligada.
 
 Mas esta linda e pura semidéia,
 que, como um acidente em seu sujeito,
 assim como a alma minha se conforma,
 
 está no pensamento como idéia:
 [e] o vivo e puro amor de que sou feito,
 como a matéria simples busca a forma.
 (Camões)
          recitado por Gui @ 2:01 PM
      
       
      
     
          ..30.1.02..
     
     
          Soneto do Maior Amor
 (Vinícius de Moraes)
 
 Maior amor nem mais estranho existe
 Que o meu, que não sossega a coisa amada
 E quando a sente alegre, fica triste
 E se a vê descontente, dá risada
 
 E que só fica em paz se lhe resiste
 O amado coração, e que se agrada
 Mais da eterna aventura em que persiste
 Que de uma vida mal aventurada.
 
 Louco amor meu que quando toca, fere
 E quando fere vibra, mas prefere
 Ferir a fenecer - e vive a esmo
 
 Fiel à sua lei de cada instante
 Desassombrado, doido, delirante
 Numa paixão de tudo e de si mesmo
 
 Enviado pra mim pelo Marcelo. Obrigada :)
          recitado por Zel @ 6:24 PM
      
       
      
     
          ..24.1.02..
     
     
          Mais alto, sim! mais alto, mais além
 Do sonho, onde morar a dor da vida,
 Até sair de mim! Ser a Perdida,
 A que se não encontra! Aquela a quem
 
 O mundo não conhece por Alguém!
 Ser orgulho, ser aguia na subida,
 Até chegar a ser, entontecida,
 Aquela que sonhou o meu desdém!
 
 Mais alto, sim! Mais alto! A Intangível
 Turris Eburnea erguida nos espaços,
 A rutilante luz dum impossível!
 
 Mais alto, sim! Mais alto! Onde couber
 O mal da vida dentro dos meus braços,
 Dos meus divinos braços de Mulher!
 
 (Florbela Espanca)
          recitado por Clarice M. @ 12:51 PM
      
       
      
     
          ..8.1.02..
     
     
          Meu sonho
 
 Parei as águas do meu sonho
 para teu rosto se mirar.
 Mas só a sombra dos meus olhos
 ficou por cima, a procurar...
 Os pássaros da madrugada
 não têm coragem de cantar,
 vendo o meu sonho interminável
 e a esperança do meu olhar.
 Procurei-te em vão pela terra,
 perto do céu, por sobre o mar.
 Se não chegas nem pelo sonho,
 por que insisto em te imaginar ?
 Quando vierem fechar meus olhos,
 talvez não se deixem fechar.
 Talvez pensem que o tempo volta,
 e que vens, se o tempo voltar.
 (Cecília Meireles  1901-1964)
          recitado por Gui @ 11:54 AM
      
       
      
     
          ..3.1.02..
     
     
          APROXIMA-SE DO RETIRANTE O MORADOR DE UM DOS MOCAMBOS
 QUE EXISTEM ENTRE O CAIS E A ÁGUA DO RIO
 
 (...)
 -Seu José, mestre carpina
  que lhe pergunte permita:
  há muito no lamação
  apodrece a sua vida?
  e a vida que tem vivido
  foi sempre comprada à vista?
 -Severino, retirante,
  sou de Nazaré da Mata,
  mas tanto lá como aqui
  jamais me fiaram nada:
  a vida de cada dia
  cada dia hei de comprá-la.
 -Seu José, mestre carpina,
  e que interesse, me diga,
  há nessa vida a retalho
  que é cada dia adquirida?
  espera poder um dia
  comprá-la em grandes partidas?
 -Severino, retirante,
  não sei bem o que lhe diga:
  não é que espere comprar
  em grosso de tais partidas,
  mas o que compro a retalho
  é, de qualquer forma, vida.
 -Seu José, mestre carpina,
  que diferença faria
  se em vez de continuar
  tomasse a melhor saída:
  a de saltar, numa noite,
  fora da ponte e da vida?
 
 (...)
 
 O CARPINA FALA COM O RETIRANTE QUE 
 ESTEVE FORA, SEM TOMAR PARTE EM NADA
 
 -Severino retirante,
  deixe agora que lhe diga:
  eu não sei bem a resposta
  da pergunta que fazia,
  se não vale mais saltar
  fora da ponte e da vida;
  nem conheço essa resposta,
  se quer mesmo que lhe diga;
  é difícil defender
  só com palavras, a vida,
  ainda mais quando ela é
  esta que vê, severina;
  mas se responder não pude
  à pergunta que fazia,
  ela, a vida, a respondeu
  com sua presença viva.
 
  E não há melhor resposta
  que o espetáculo da vida:
  vê-la desfiar seu fio,
  que também se chama vida,
  ver a fábrica que ela mesma,
  teimosamente, se fabrica,
  vê-la brotar como há pouco
  em nova vida explodida;
  mesmo quando é assim pequena
  a explosão, como a ocorrida;
  mesmo quando é uma explosão
  como a de pouco, franzina;
  mesmo quando é a explosão
  de uma vida severina.
 
 (João Cabral de Melo Neto, em Morte e Vida Severina)
          recitado por Clarice M. @ 1:16 PM
      
       
      
     
          ..14.12.01..
     
     
          Sinto em meu corpo
 sua língua.
 Que me arde
 Como se fosse
 um chicote
 de
 fogo.
 
 E mesmo que
 eu não queira
 me induz
 a jogar
 o seu
 jogo.
 
 Me entorpece
 os sentidos,
 abafa-me
 os gemidos
 até provocar
 o meu
 gozo.
 
 Que poder
 é esse?
 Que sedução
 devassa,
 é essa
 que sinto
 sempre
 que você
 me abraça?
 
 Só de lhe ver
 me arrepia
 a pele, em
 choques
 térmicos.
 E me rendo
 pacífica
 aos seus
 desejos
 hipotéticos.
 
 Me excita e
 me choca
 a sua ousadia.
 Mas sempre
 mais e mais,
 como num
 crescendo,
 embarco
 na sua
 fantasia.
 
 E quando
 entregue
 aos nossos
 devaneios
 sentindo
 em meu
 corpo
 os seus
 meneios,
 nada mais
 importa.
 
 Abrimos do desejo
 as portas,
 simplesmente
 porque
 você é
 meu homem
 e eu...
 sou sua
 mulher...
 
 (Asta Vonzodas, Sinto em meu corpo)
          recitado por Zel @ 1:37 PM
      
       
      
     
          ..22.11.01..
     
     
          FELICIDADE
 
             Seja feliz nas pequenas coisas.
             Elas dão à felicidade,
             a oportunidade de se acercar de você,
             silenciosamente, quase sem ser vista.
 
             Desejo-lhe pequenas felicidades inesperadas,
             um convite, um presente, o sorriso de um estranho.
 
             Desejo-lhe a felicidade das idéias,
             a excitação da razão,
             o triunfo da compreensão,
             o esclarecimento da visão,
             o aguçamento da audição,
             a busca de uma nova descoberta,
             o prazer no passado e no presente.
 
             Desejo-lhe a alegria da criatividade.
 
             Que possa sempre,
             sempre, haver alguma coisa
             que você queira aprender,
             algo que queira fazer,
             um local onde queira ir,
             alguém que queira encontrar.
             Que você nunca perca o interesse pela vida.
 
             Desejo-lhe a alegria de dominar
             seus próprios músculos,
             um barco, uma bicicleta,
             um cavalo, uma pintura em tela,
             culinária, motores, cálculo ou francês.
             Qualquer coisa.
 
             Tudo.
 
          recitado por Zel @ 8:12 PM
      
       
      
     
          ..8.11.01..
     
     
          Em Cada Sentimento Meu
 
 
 Em cada sentimento meu...
 Tem um espírito ateu... 
 E uma alma reencarnada...
 Um orgulho plebeu...
 E uma nobreza calada...
 Uma certeza nítida...
 Em eterna dúvida...
 Um cruel bandido...
 E um anjo perdido...
 Um livro aberto...
 E um segredo guardado...
 Um futuro incerto...
 Num instante passado...
 Um destino certo...
 E um projeto abandonado...
 Em cada sentimento meu...
 Tem um sentido...
 E um rumo inexistente...
 Um desejo contido...
 E um medo persistente...
 Uma vontade que desiste...
 E uma esperança que existe...
 Um desencanto...
 E um contentamento...
 Um amigo santo...
 E um demônio atento...
 Uma inteligência sólida...
 E ingenuidade...
 Uma demência mórbida...
 E serenidade...
 Em cada sentimento meu...
 Tem uma contradição...
 E uma lógica sem chão...
 Um desânimo juvenil...
 E um desabafo senil...
 Uma harmonia...
 Em confusão...
 Uma agonia...
 E uma razão...
 Um colapso vulcânico...
 E a calma de um lago...
 Um pânico...
 E um afago...
 Um verso doce e amargo...
 Que se intrometeu...
 Em cada sentimento meu...
 
 
 Roger Jones 
 
          recitado por Camila @ 4:11 PM
      
       
      
     
          ..6.11.01..
     
     
          O VERBO NO INFINITO 
  
 Ser criado, gerar-se, transformar
 O amor em carne e a carne em amor; nascer
 Respirar, e chorar, e adormecer
 E se nutrir para poder chorar
 
 Para poder nutrir-se; e despertar
 Um dia luz e ver, ao mundo e ouvir
 E começar a amar e então sorrir
 E então sorrir para poder chorar.
 
 E crescer, e saber, e ser, e haver
 E perder, e sofrer, e ter horror
 De ser e amar, e se sentir maldito
 
 E esquecer tudo ao vir um novo amor
 E viver esse amor até morrer
 E ir conjugar o verbo no infinito...
 
 (Vinícius de Morais)
          recitado por Camila @ 12:37 AM
      
       
      
     
          ..24.9.01..
     
     
          Como es duro este tiempo espérame: vamos a vivirlo con ganas.
 Dame tu pequeñita mano: vamos a subir, vamos a sentir y saltar.
 Somos de nuevo la pareja que vivió en lugares de hirsutos,
 en nidos ásperos de roca.
 Como es largo este tiempo,
 espérame con una cesta,
 con tu pala,
 con tus zapatos y tu ropa.
 Ahora nos necesitamos no solo para los claveles,
 no solo para buscar miel:
 necesitamos nuestras manos para lavar y hacer el fuego,
 y que se atreva el tiempo duro a desafiar el infinito de cuatro manos y cuatro ojos.
 
 (Pablo Neruda)
 
 Adorei, Marcelo :)
          recitado por Zel @ 2:24 PM
      
       
      
     
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