sempre gostei dessa forma de viajar que pratico atualmente: o destino está mais ou menos claro e quase nunca temos reservas (só quando realmente é importante). depois de casar com o fer arranjei um companheiro de aventura e viajamos sempre assim, sem compromisso e de coração aberto.
durante a viagem tive uma iluminação – mais especificamente enquanto atravessava el chaco num calor de 40 graus por uma estrada que não tem fim: viajar assim é a minha forma de meditar, porque custimos o presente, cada instante. o trajeto – e tudo aquilo que encontramos e vivemos enquanto viajamos – é muito mais importante que o destino.
enquanto atravessamos juntos centenas de quilômetros, normalmente em silêncio, vivemos cada minuto intensamente porque sabemos que o próximo traz outras novidades e aquele momento, cena, cheiro ou sabor não vão se repetir mais. não estaremos ali amanhã para olhar o pôr do sol e nem pra escutar os pássaros. é agora ou nunca.
outra coisa boa é que falamos muito pouco durante a viagem, enquanto vemos/sentimos. um toque de mão ou um olhar são suficientes para trocar sentimentos e emoções, tamanha nossa intimidade. o silêncio não nos incomoda, muito pelo contrário. essa experiência é um bálsamo pra mim, que falo e escuto tanto o dia todo, que não paro de pensar nunca.
quando volto das nossas viagens, me sinto cheia de energia e informação nova, recarregada e alimentada. é como uma injeção de vida, uma descompressão do barulho e pressão do dia a dia.
e nestas andanças, inúmeras vezes me vêm à cabeça a trilha de into the wild. o melhor filme, ever. e eu entendo se você não gostou do filme, ele é mesmo radical.
mas voltar pra casa é bom, não nego. acho que não tenho mesmo espírito nômade por mais que eu goste da idéia do nomadismo. neste instante acredito que não abandonaria tudo e todos pra me misturar à natureza, mas… ah, como eu entendo!
a cacofonia e agressividade da civilização me assustam. como viver num mundo civilizado sem transformá-lo num campo de batalha diário pra todos nós?
Ao ler seu post eu senti de novo vários cheiros e cores que já vi nessas andanças por aí. É realmente inspirador.
😉
Bem-vindos de volta!
Ai que bom que vocês voltaram. Minha vida é muito melhor com vocês por perto. Yeah!
Bem-vindos! 🙂
Oba!, parte 1 = que bom que a viagem foi boa!!
Oba!, parte 2 = que bom que você está de volta!!
beijo e saudade,
Eba!
Conta tudo pra gente.
Me identifiquei muito com este post. Também gosto de viajar meio livre, de ficar em silêncio e sei o quanto um bom momento de silêncio a dois pode ser reconfortante.
Não é estranho que o mundo civilizado tenha se tornado um campo de batalha? Porque isso me parece o completo oposto de civilização. Mas fazer o que, assim é…..
Que texto delicioso, daqueles que formam filmes na cabeça.
post lindo e inspirador!