insights

sempre gostei dessa forma de viajar que pratico atualmente: o destino está mais ou menos claro e quase nunca temos reservas (só quando realmente é importante). depois de casar com o fer arranjei um companheiro de aventura e viajamos sempre assim, sem compromisso e de coração aberto.

durante a viagem tive uma iluminação – mais especificamente enquanto atravessava el chaco num calor de 40 graus por uma estrada que não tem fim: viajar assim é a minha forma de meditar, porque custimos o presente, cada instante. o trajeto – e tudo aquilo que encontramos e vivemos enquanto viajamos – é muito mais importante que o destino.

enquanto atravessamos juntos centenas de quilômetros, normalmente em silêncio, vivemos cada minuto intensamente porque sabemos que o próximo traz outras novidades e aquele momento, cena, cheiro ou sabor não vão se repetir mais. não estaremos ali amanhã para olhar o pôr do sol e nem pra escutar os pássaros. é agora ou nunca.

outra coisa boa é que falamos muito pouco durante a viagem, enquanto vemos/sentimos. um toque de mão ou um olhar são suficientes para trocar sentimentos e emoções, tamanha nossa intimidade. o silêncio não nos incomoda, muito pelo contrário. essa experiência é um bálsamo pra mim, que falo e escuto tanto o dia todo, que não paro de pensar nunca.

quando volto das nossas viagens, me sinto cheia de energia e informação nova, recarregada e alimentada. é como uma injeção de vida, uma descompressão do barulho e pressão do dia a dia.

e nestas andanças, inúmeras vezes me vêm à cabeça a trilha de into the wild. o melhor filme, ever. e eu entendo se você não gostou do filme, ele é mesmo radical.

mas voltar pra casa é bom, não nego. acho que não tenho mesmo espírito nômade por mais que eu goste da idéia do nomadismo. neste instante acredito que não abandonaria tudo e todos pra me misturar à natureza, mas… ah, como eu entendo!

a cacofonia e agressividade da civilização me assustam. como viver num mundo civilizado sem transformá-lo num campo de batalha diário pra todos nós?

8 comments to “insights”
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  1. Me identifiquei muito com este post. Também gosto de viajar meio livre, de ficar em silêncio e sei o quanto um bom momento de silêncio a dois pode ser reconfortante.

    Não é estranho que o mundo civilizado tenha se tornado um campo de batalha? Porque isso me parece o completo oposto de civilização. Mas fazer o que, assim é…..

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