rio de janeiro
conheci o rio aos 18 anos, quando ainda não conhecia outros lugares nesse mundo. cheguei sem nenhuma prevenção, e descobri que já conhecia a cidade nos meus sonhos. já passara pelo porto, tive uma sensação forte de deja vu, senti-me em casa. fiquei na tijuca em dezembro, um calor infernal. comecei ali minha vida adulta, no calor e nos cinemas da estação botafogo. vi delicatessen, conheci a cidade dos gatos, comi no cervantes, vi pela primeira vez o pão de açúcar e meus olhos ainda hoje se enchem d’água ao lembrar da sensação de espanto e deslumbramento. e o pão de açúcar o menos óbvio possível à minha frente / o pão de açúcar com suas arestas insuspeitadas. jamais vou esquecer a sensação de maravilha daqueles dias.
estou sempre atenta para ser eternamente estrangeira no rio de janeiro, pra que todas as visitas sejam sublimes, pra que nunca me acostume com o esplendor do pão de açúcar, com a beleza da areia branca e do mar verde-azul, pra que olhe sempre para o corcovado como se fosse a primeira vez. na verdade, é sempre a primeira vez pra mim, meus olhos se enchem d’água e eu disfarço — menos por vergonha e mais para viver esse momento de contemplação de beleza forma pessoal e quase religiosa.
esta semana voltei a essa cidade linda, às pressas, a trabalho. conheci pessoas maravilhosas no decorrer destes anos todos que freqüento o rio, mas o fato é que esta viagem foi especial. foi um dia de muita chuva e raios e outro dia de brilho e cor. fui recebida de braços e corações abertos, e se cheguei com sorrisos ao rio, voltei pra são paulo radiante. nunca vou esquecer essa semana, esses dois dias. tive prazeres pequenos e grandes, revi amigos, recebi e dei abraços e amor.
em um dia, apreciei a chuva, os risos e uma sensibilidade espantosa. aprendi coisas, sorrio por dentro e por fora, obrigada, amiga e amigos.
no outro, reencontrei mulheres belas, brilhantes, poderosas. há tanta vida em vocês, tanta experiência, amor, que eu me sinto pequena pra receber tudo. devolvo todo meu amor e carinho, o que há de mais doce em mim. vocês são lindas, somos mulheres-luz.
e não: eu não comi o brownie da cora, é tudo intriga da joyce e da clau 🙂