pincéis
o espelho não mente, ele abre portas. quem é aquela, essa pintinha na orelha já estava aí, meu deus? acho que encontrei uma ruga, ela não estava aqui da última vez. mas enfim, essa aí não sou eu. estou certa de que ela não é a que vêem e nem é a que eu sou. aquela da foto, então, só deus sabe quem é. a cada foto é uma, camaleoa temperamental. um tom de vermelho e outro de marrom, pretos, lápis, tintas e brilhos. pra quê? essa não sou eu, não sou. olho de soslaio, que luz incômoda, aparecem todos os poros, que horror. por que as mulheres de anúncio sempre são perfeitas? por que essa aqui insiste em ser humana ou pior: outra? sem querer o lápis faz cócegas no lábio e rio, sem querer, borrando de vermelho e de repente… ah, sim, essa sou eu. sorrio pra mim, aliviada.