respeito pela vida
enormes são a felicidade e a sorte de descobrir-se, ainda jovem, plena. de saber que há em si uma potência a realizar e que ela se encaminha muito bem, a passos largos. é bonito ver, com transparência, um caminho de troca e amor, de desejos e paixões realizáveis, perceber o amor e a luz, querer coisas que façam bem e evitar, conscientemente, as coisas que fazem mal.
olho (de longe) para o que me faz mal, e depois de passada a raiva do que pode me machucar ou já machucou, sinto somente vontade de estar ainda mais longe. evitar. temo o mal que um escorpião pode me fazer, às vezes desejo matá-lo para me vingar e nunca mais sentir dor, mas depois de passado o efeito do veneno, assim, à distância, não quero mais matá-lo; quero apenas que ele viva no seu espaço, longe do meu. não creio (ou não quero crer) que ele seja mau, é apenas sua natureza. antes de querer aniquilar os perigos, não mais transformarei escorpiões em amigos, não mais os trarei para minha casa. não, não: a natureza deles é diversa da minha, conviver com eles me faz sofrer e desejar ardentemente (em vão) que eles sejam outros, menos letais.
olho com respeito e admiração tudo o que é vivo, aceito também minha raiva daquilo que me fere e ameaça. aprendo, aos poucos, a me defender, pois aprendi, finalmente, a respeitar a vida mais importante para minha própria sobrevivência: a minha.