“manda em mim”, implora, muda. não diz nada, nunca, porque dizer é quebrar encantos, ou tecê-los. já não sabe quando ficou nua, nem percebe mais pois é só assim que se reconhece nos braços dele: nua e sem palavras. quando a boca dele se aproxima, ela sente alguma coisa vibrar, quente; se estiver de pé, precisa sentar-se, as pernas não obedecem. sentada, abre as pernas de leve encostando as costas completamente na cadeira, um bicho espreguiçando devagar. ele a abraça por trás, segurando seu rosto com firmeza, os lábios próximos da orelha. ele respira e ela geme, antecipando a outra mão, brincando com sua barriga, descendo firme até onde ela mais deseja ser tocada. o corpo todo pede mais, mas ela não ousa nunca contrariar seu dono e exigir. impaciente, ela se esfrega e pede sem pedir, ele nega, firme. ele pulsa quando ela geme de olhos fechados, dor e prazer misturados nos sons. ele não tem pressa porque sabe, sempre soube, descobre o que já conhece, sorri pra si mesmo pois que ela é e sempre foi completamente sua. percorre velhos caminhos novos, enquanto ela brinca de montanha-russa e grita de olhos fechados.
ele sabe onde ir. escolhe os caminhos vagarosamente, saboreia cada surpresa dela. morde quando ela pensa que será lambida, acaricia quando ela quer um tapa. ele usa a ponta da língua pra mostrar que pode mais, só pra vê-la tremer esperando…
ela espera — a vida toda se for preciso — pois sabe que vai gozar como quem morre nas mãos do seu dono.