(sem título)

saudosismo

sopra alguma brisa por aqui que é nova, algo mais doce e quieto. é como uma mão leve que acaricia o que brota, o que é pequeno demais para as agressões do vento e da chuva de verão; sopra morno na minha nuca, e eu desejo dormir e deixar que cresça, que arrebente a terra, que floresça no seu tempo. água, luz, carinho e cuidado. alegria não é euforia, tristeza não é depressão. demorei a perceber, mas aos poucos tudo se encaixa. cada coisa acontecendo com sua verdadeira dimensão, aos poucos, sempre, devagar. paciência e amor pelo que cresce e se transforma. aprendi a amar não só a flor, mas o broto, o caule, o fruto e a semente, cada um no seu tempo.

talvez por serem intermediárias do processo, produto e produtoras, é que foi dito que só as mães são felizes. descubro que não é preciso ser mãe para ser feliz: basta amar a criação, a cada passo. abrir os olhos e ver, fechar os olhos e sentir como é doce cada pequena parte da nossa própria vida. chega de saudade do que foi bom ou do que será melhor. o melhor lugar do mundo, definitivamente, é aqui (e agora).

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